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PANORAMA 2-Ibovespa cai abaixo dos 160 mil pontos e taxas dos DIs sobem após ata do Copom

Reuters16 de dez de 2025 às 16:23

Por Fabricio de Castro

- Em uma sessão de ajustes após quatro altas consecutivas, o Ibovespa recuava para abaixo dos 160 mil pontos nesta tarde de terça-feira, em movimento corroborado pela ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que manteve as dúvidas sobre um primeiro corte da Selic em janeiro.

No documento, o BC viu ganhos com a condução cautelosa da política monetária e enfatizou o "firme compromisso" com a meta de inflação de 3%.

Sem uma indicação clara do BC sobre a política monetária no curto prazo, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) avançaram, ainda que muitos participantes do mercado sigam projetando o início dos cortes em janeiro.

No mercado de câmbio, o dólar exibia ganhos firmes ante o real, em meio à piora generalizada dos ativos brasileiros, ainda que no exterior a moeda norte-americana esteja em queda ante boa parte das demais divisas. Os rendimentos dos Treasuries também caem, com os investidores avaliando os dados do relatório de emprego payroll.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 13h15 desta terça-feira:

CÂMBIO

O dólar acelerou os ganhos ante o real nesta terça-feira, em sintonia com a piora generalizada dos ativos brasileiros, enquanto no exterior a moeda norte-americana se mantinha em baixa ante boa parte das demais divisas.

Pela manhã, o Banco Central divulgou a ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que na semana passada manteve a taxa básica Selic em 15% ao ano.

No texto, o BC apontou ganhos gerados pela "condução cautelosa" dos juros, vendo contribuição determinante da política monetária para a desaceleração dos preços. Além disso, o BC enfatizou o firme compromisso com a meta de inflação, de 3%.

No mercado de renda fixa, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) reagiram em alta à ata, refletindo dúvidas sobre se o BC cortará a Selic já em janeiro, como vem precificando boa parte dos agentes.

No mercado de câmbio, o dólar acelerou os ganhos ante o real ao longo da manhã, com as cotações ponderando as mensagens da ata e o tradicional fluxo de saída de recursos no fim de ano. O movimento ocorreu em paralelo à queda firme do Ibovespa e à aceleração da baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).

O diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos -- cuja taxa de referência está na faixa de 3,50% a 3,75% -- vem sendo apontado como um dos fatores para que o país siga atrativo ao capital externo, o que tem segurado as cotações do dólar em níveis mais baixos.

No exterior, o dólar recuava ante boa parte das demais divisas, incluindo pares do real como o rand sul-africano ZARUSD=R e o peso mexicano MXNUSD=R.

. Dólar/Real BRBY: +0,83%, a R$5,4665 na venda;

. Euro/Dólar EUR=: +0,13%, a US$1,1768;

. Dólar/Cesta de moedas .DXY: -0,13%, a 98,129.

BOVESPA

O Ibovespa recuava mais de 1% nesta terça-feira, refletindo ajustes após quatro altas seguidas, com o Banco Central mais uma vez não sinalizando quando começará a cortar a Selic, enquanto, nos Estados Unidos, dados mostraram uma criação de empregos mais forte do que previam economistas, mas alta no desemprego.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando a Selic foi mantida em 15%, o BC afirmou que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para ganhos desinflacionários, mas reafirmou o firme compromisso com o mandato da instituição de levar a inflação à meta de 3%.

Para economistas do Bradesco, a ata trouxe uma reavaliação relevante do cenário, transmitindo maior confiança na eficácia da estratégia adotada até agora para colocar a inflação na trajetória de convergência à meta.

"O quadro descrito pelo Comitê está alinhado à nossa leitura da conjuntura, não sinaliza explicitamente o início imediato do ciclo de cortes, mas mantém aberta a possibilidade de corte em janeiro, como previsto em nosso cenário", afirmaram em relatório enviado a clientes.

O Goldman Sachs, por sua vez, manteve sua previsão de uma primeira redução da Selic em março, destacando que a ata não traz qualquer indicação de que o ciclo de normalização dos juros possa começar em janeiro.

"Para que isso aconteça, provavelmente seria necessário que o Copom sinalizasse essa intenção em sua comunicação até a próxima reunião ou que houvesse uma melhora no balanço de riscos e/ou uma mudança claramente mais 'dovish' nos dados macroeconômicos recentes, levando a projeções de inflação significativamente mais baixas ao longo do horizonte relevante."

Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulgou que a economia norte-americana abriu 64 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em novembro, ante previsão de criação de 50 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego ficou em 4,6%, acima da estimativa de 4,4% em pesquisa da Reuters.

DESTAQUES

- ITAÚ UNIBANCO PN ITUB4.SA caía perto de 2%, com o setor como um todo em baixa. BRADESCO PN BBDC4.SA também recuava cerca de 2%, BANCO DO BRASIL ON BBAS3.SA cedia mais de 1% e SANTANDER BRASIL UNIT SANB11.SA mostrava declínio superior a 2%.

- BTG PACTUAL UNIT BPAC11.SA recuava mais de 3%, após quatro altas seguidas, com noticiário incluindo aprovação de aumento de capital e juros sobre capital próprio. O BC também aprovou a incorporação do Banco Pan pelo BTG.

- PETROBRAS PN PETR4.SA e PETROBRAS ON PETR3.SA registravam quedas próximas de 3%, seguindo a queda firme dos preços do petróleo no exterior.

- VALE ON VALE3.SA subia, endossada pelo avanço dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian DCIOcv1 encerrou a sessão do dia com alta de 1,06%.

- TOTVS ON TOTS3.SA perdia perto de 4%, após três altas seguidas, acompanhando a sessão de ajustes na bolsa paulista.

. Ibovespa .BVSP: -1,72%, a 159.690,04 pontos;

. Índice dos principais ADRs brasileiros .BR20: -2,01%, a 20.759,99 pontos.

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street tinham sinais mistos nesta tarde de terça-feira, enquanto os investidores avaliavam um relatório de empregos que sinalizou um esfriamento do mercado de trabalho e mantinha vivas as esperanças de futuros cortes nas taxas de juros.

O relatório do Departamento do Trabalho mostrou que o crescimento do emprego nos EUA se recuperou em novembro, depois de uma queda em outubro devido aos cortes de gastos do governo.

No entanto, a taxa de desemprego ficou em 4,6% em novembro, com o mercado de trabalho enfraquecido em um cenário de incerteza econômica decorrente da política comercial agressiva do presidente Donald Trump.

Os dados ofereceram clareza sobre a situação do mercado de trabalho depois que uma recente e histórica paralisação do governo privou tanto os investidores quanto o Federal Reserve de números oficiais. Os formuladores de política monetária reconheceram os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho quando o banco central reduziu as taxas na semana passada.

"Quando a taxa de desemprego sobe dessa forma, ela alimenta o potencial para cortes contínuos nas taxas. Mas, como vimos no passado, essa não é uma tendência consistente", disse Peter Andersen, fundador da Andersen Capital Management.

Os investidores aumentaram as expectativas de cortes nas taxas de juros no próximo ano, de acordo com dados compilados pela LSEG, e agora estão precificando pelo menos 58 pontos-base de reduções, mais do que os 25 pontos-base sinalizados pelo banco central na semana passada.

Uma pesquisa separada mostrou que o crescimento da atividade comercial dos EUA foi a mais baixa em seis meses em dezembro.

. Dow Jones .DJI: -0,45%, a 48.198,00 pontos;

. Standard & Poor's 500 .SPX: -0,49%, a 6.783,23 pontos;

. Nasdaq .IXIC: +0,021%, a 23.062,19 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX tinha queda de 0,42%, a 580,07 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times .FTSE recuava 0,74%, a 9.679,25 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX .GDAXI caía 0,60%, a 24.085,11 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 .FCHI perdia 0,17%, a 8.110,75 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib .FTMIB tinha desvalorização de 0,02%, a 44.109,78 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 .IBEX registrava baixa de 0,49%, a 16.958,60 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 .PSI20 valorizava-se 0,16%, a 8.088,20 pontos.

JUROS

As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) sobem nesta tarde de terça-feira ante os ajustes anteriores, enquanto os investidores repercutem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada mais cedo.

O documento mostrou que o BC reconhece que houve uma melhora na conjuntura, mas não o suficiente para se iniciar uma discussão sobre o início do ciclo de corte de juros.

A ata traz percepções mais positivas sobre o cenário internacional, os preços correntes e as expectativas de mercado, ponderando que vetores inflacionários ainda se mantêm adversos.

“O Comitê avalia que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para se observar ganhos desinflacionários e, mais uma vez, reafirma o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, disse o BC no documento.

O BC melhorou o tom de sua avaliação em relação ao encontro de novembro a respeito do cenário econômico doméstico, apontando que vê uma diminuição da inflação corrente, e não apenas "certa diminuição". A ata ainda mencionou "a redução" nas expectativas de mercado para os preços, deixando de falar em "alguma redução", embora tenha destacado que essas previsões ainda estão acima da meta de 3%.

A autarquia também retirou menção feita em novembro de que "a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida", mas manteve o trecho que avalia que ambientes com expectativas desancoradas elevam o custo da desinflação.

"Uma mudança importante na ata é o reconhecimento da melhora no cenário atual, com o cenário externo mais benigno, principalmente via câmbio, favorecendo a queda na inflação de bens industriais e alimentos", destacou Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter.

Ainda assim, "o Comitê não parece inclinado a reduzir a taxa Selic em janeiro, apesar da recente melhora nas perspectivas para a inflação", avaliou Caio Megale, economista-chefe da XP.

Nesse contexto, a XP manteve seu cenário de início do ciclo de cortes de juros em março, com previsão de seis cortes consecutivos de 50 pontos-base, com a Selic encerrando 2026 em 12,00%.

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/27

DIJF27

13,705

13,635

0,07

JAN/28

DIJF28

13,09

12,967

0,123

JAN/29

DIJF29

13,15

12,985

0,165

JAN/30

DIJF30

13,315

13,149

0,166

JAN/31

DIJF31

13,425

13,26

0,165

JAN/35

DIJF35

13,505

13,371

0,134

DÍVIDA

. Treasuries de 10 anos US10YT=RR: rendimento em queda a 4,1626%, ante 4,182% no pregão anterior.

PETRÓLEO

. Nymex - CLc1: -2,85%, a 55,2 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent LCOc1: -2,71%, a 58,92 dólares por barril.

(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código PAN/SA)

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