
Por Puyaan Singh e Michael Erman
16 Dez (Reuters) - A Pfizer PFE.N afirmou na terça-feira que os próximos anos serão turbulentos, a partir de 2026, devido à queda nas vendas de sua vacina e tratamento contra a Covid-19, aos cortes de preços prometidos ao governo dos EUA e ao vencimento das patentes de medicamentos importantes.
As ações caíram 5,2% na terça-feira. As ações da Pfizer caíram mais de 50% desde o início de 2023, com a diminuição da demanda por vacinas e tratamentos contra a Covid-19, deixando a empresa com desempenho inferior ao de seus concorrentes.
A farmacêutica não espera retomar o crescimento da receita até 2029, enquanto trabalha no desenvolvimento de novos medicamentos de grande sucesso, incluindo os tratamentos para obesidade que adquiriu em acordos recentes.
Seu portfólio de produtos em desenvolvimento não produziu um medicamento revolucionário desde que ajudou a desenvolver a vacina contra a Covid-19, Comirnaty, e o tratamento contra a Covid-19, Paxlovid, no início da década. O objetivo é economizar mais de US$ 7 bilhões anualmente até 2027, enquanto tenta controlar os custos.
"É improvável que esta ação ultrapasse a sua atual faixa de preço em torno de US$ 25 até que os investidores estejam convencidos de uma trajetória de crescimento", disse a analista da Bernstein, Courtney Breen.
PREVISÕES DA PFIZER NÃO ATINGEM AS METAS DE WALL STREET
A farmacêutica prevê que o lucro ajustado por ação em 2026 ficará entre US$ 2,80 e US$ 3, abaixo da estimativa média dos analistas de US$ 3,05 por ação, de acordo com dados compilados pela LSEG.
A empresa prevê receitas para o próximo ano na faixa de US$ 59,5 bilhões a US$ 62,5 bilhões, em comparação com as estimativas de US$ 61,59 bilhões.
A projeção inclui uma queda na receita de seus produtos relacionados à Covid-19 de cerca de US$ 1,5 bilhão em relação a este ano. A empresa também prevê um impacto negativo na receita de cerca de US$ 1,5 bilhão devido à perda de exclusividade de certos produtos em 2026.
A empresa afirmou ter superado suas expectativas de redução de custos em 2025 e estar no caminho certo para entregar a maior parte das economias no próximo ano. Ela prevê um crescimento de 4% na receita operacional, excluindo produtos relacionados à Covid e aqueles que perderão suas patentes.
"Essa projeção principal está ligeiramente acima das nossas expectativas... não nos surpreenderia ver um modesto aumento do lucro por ação ao longo do ano, devido a uma melhor gestão de custos/aos esforços contínuos de reestruturação da empresa", disse o analista Chris Schott, do JPMorgan, em um relatório de pesquisa.
AQUISIÇÕES PARA IMPULSIONAR O CRESCIMENTO
A Pfizer, que espera retomar o crescimento em 2029-2030, acredita que esse crescimento será sustentado por suas aquisições e sua linha de medicamentos em desenvolvimento, afirmou seu diretor financeiro, Dave Denton.
A farmacêutica tem buscado diversos acordos nos últimos anos para reabastecer seu portfólio de produtos em desenvolvimento, incluindo a aquisição da Metsera MTSR.O por US$ 10 bilhões no mês passado, visando ganhar espaço no mercado de obesidade em rápido crescimento, e um acordo de US$ 43 bilhões para a aquisição da Seagen em 2023, entre outros acordos de licenciamento.
A empresa prevê que as despesas ajustadas de P&D para o ano de 2026 fiquem entre US$ 10,5 bilhões e US$ 11,5 bilhões – US$ 500 milhões a mais em qualquer uma das extremidades do que a estimativa para 2025 – devido ao desenvolvimento de um anticorpo licenciado da 3SBio, bem como a múltiplos programas clínicos da Metsera.
ACORDO DE TRUMP REDUZ MARGENS DE LUCRO DE MEDICAMENTOS PRESCRITOS
A Pfizer foi a primeira grande empresa farmacêutica a assinar um acordo com o governo Trump para reduzir o preço de seus medicamentos prescritos no programa Medicaid em troca de três anos de isenção tarifária.
A empresa afirmou que os descontos do Medicaid resultarão em compressão de preços e margens no próximo ano.
As vacinas nos EUA estão sob pressão desde que Robert F. Kennedy Jr., cético em relação às vacinas, assumiu o cargo de secretário de saúde e tem trabalhado para reduzir a dependência do país dessas intervenções. O chefe do Executivo, Albert Bourla, classificou a posição do governo sobre as vacinas como "claramente uma anomalia" e afirmou que o governo continuará investindo em vacinas.
CRIADA A DIVISÃO DE HOSPITAIS E BIOSSIMILARES
A Pfizer também anunciou a criação de uma nova unidade hospitalar e de biossimilares. Breen, da Bernstein, classificou a medida como "os primeiros sinais de desinvestimento nos negócios hospitalares e de biossimilares".
A Pfizer revisou sua previsão de receita para 2025 para cerca de US$ 62 bilhões, ante a previsão anterior de US$ 61 a US$ 64 bilhões. A empresa manteve sua projeção de lucro ajustado para o ano.