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PANORAMA 2-Dólar e taxas dos DIs cedem sob influência do exterior e do Copom

Reuters11 de dez de 2025 às 16:33

Por Fabricio de Castro

- O dólar e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) abriram a tarde com perdas firmes no Brasil, acompanhando a baixa da moeda norte-americana e dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após o Federal Reserve reduzir sua taxa de juros na véspera.

Investidores ponderavam ainda a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que na noite de quarta-feira manteve a Selic em 15% ao ano, sem passar indicações claras sobre quando o ciclo de cortes começará.

Enquanto parte dos agentes segue à espera de um corte da Selic em janeiro, outra parcela continua apostando em março, na esteira da comunicação cautelosa do BC.

Neste cenário, o Ibovespa tem oscilações contidas nesta tarde, enquanto em Nova York os índices de ações têm sinais divergentes, com queda forte do Nasdaq, mas alta do Dow Jones.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 13h25 desta quinta-feira:

CÂMBIO

O dólar tinha queda firme ante o real nesta quinta-feira, acompanhando o recuo da moeda norte-americana ante outras divisas no exterior, no dia seguinte às decisões sobre juros no Brasil e nos Estados Unidos.

A moeda norte-americana iniciou o dia estável ante o real, após o comunicado do Banco Central na véspera não passar indicações claras sobre quando o corte de juros começará no Brasil, mas ao longo da manhã a divisa perdeu força, em sintonia com o exterior.

Lá fora, o dólar se firmou em baixa ante a maior parte das demais divisas, incluindo pares do real como o peso mexicano MXNUSD=R e o peso chileno CLPUSD=R.

No Brasil, na noite de quarta-feira o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, sem sinalizar exatamente quando o ciclo de cortes poderá começar -- em janeiro ou em março.

"O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", apontou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC no comunicado, adotando a palavra "adequada" no lugar de "suficiente", usada em novembro.

Parte do mercado esperava por indicações mais claras sobre a possibilidade de corte da Selic já em janeiro, o que não se confirmou, ainda que o BC não tenha fechado a porta para esta possibilidade.

No comunicado, o BC avaliou que a estratégia “em curso” de manutenção dos juros por “período bastante prolongado” é “adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”. No comunicado anterior, de novembro, não havia o termo “em curso”.

“Essa adição está em linha com o discurso recente de (presidente do BC, Gabriel) Galípolo, que esclareceu que o ‘bastante’ não reinicia a cada reunião, ou seja, esse período já vem ocorrendo há meses”, avaliou o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em comentário enviado a clientes. “A retirada do caráter de guidance abre espaço para corte já em janeiro sem ruptura na comunicação.”

No início do mês, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia dito que a contagem de tempo da Selic restritiva por prazo “bastante prolongado” não zera a cada reunião.

Para o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, o BC manteve no comunicado seu diagnóstico e sua sinalização.

“Entendemos que isso deve esvaziar as apostas do mercado pelo início do ciclo de cortes de juros em janeiro. Nossa opinião, há algum tempo, é de que as condições para esse início não estarão dadas antes de março”, pontuou em comentário após a decisão.

Enquanto os agentes no Brasil seguiam debatendo quando o ciclo de cortes da Selic começará, no exterior as apostas majoritárias são de que o Federal Reserve manterá sua taxa de juros na faixa de 3,50% a 3,75% em janeiro. Na tarde de quarta-feira, o Fed promoveu um corte de 25 pontos-base, como esperado.

O diferencial de juros entre Brasil e EUA tem sido apontado como o principal motivo para que o dólar se mantenha em patamares mais baixos ante o real -- ainda que desde sexta-feira o câmbio no Brasil esteja pressionado pelo anúncio da candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026.

. Dólar/Real BRBY: -1,06%, a R$5,4097 na venda;

. Euro/Dólar EUR=: +0,50%, a US$1,1754;

. Dólar/Cesta de moedas .DXY: -0,38%, a 98,210

BOVESPA

O Ibovespa tinha uma alta modesta no começo da tarde desta quinta-feira, com BTG e B3 atuando como contrapeso ao declínio de papéis como Petrobras e Embraer, enquanto agentes financeiros analisavam decisão do Banco Central de manter a Selic em 15% ao ano na véspera, sem sinalizar o começo de um aguardado ciclo de alívio monetário no país.

Ao manter a Selic em uma máxima em quase 20 anos, o BC reforçou que a manutenção desse nível por período bastante prolongado é a estratégia adequada para levar a inflação à meta, em um comunicado com poucas alterações, que incluíram projeções melhores para a inflação à frente.

Para 2025, o BC mudou sua previsão para a inflação para 4,4% ante 4,6% em novembro, considerando o cenário de referência. Para o fechamento de 2026, a projeção caiu de 3,6% para 3,5%. Em relação ao segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante da política monetária, passou de 3,3% para 3,2%.

"Apesar de sinalizar uma melhora no cenário de inflação por meio de projeções menores, a estratégia de praticamente manter a mesma mensagem de 'forward guidance' indica uma autoridade monetária ainda mais comprometida em trazer a inflação para a meta de 3,0%", afirmaram economistas do Citi após a decisão.

"Como acreditamos que o cenário de inflação continuará melhorando nas próximas semanas, ainda não podemos descartar nosso cenário base de que o primeiro corte de juros ocorrerá em janeiro de 2026, mas os riscos de um corte mais tardio (em março de 2026) elevaram de forma significativa após tal comunicação."

Eles acrescentaram que aguardarão a divulgação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e o Relatório de Inflação da instituição -- ambos na próxima semana -- para reavaliar se a atual projeção de política monetária ainda é o desfecho mais provável.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN PETR4.SA e PETROBRAS ON PETR3.SA eram negociadas em baixa superior a 1%, na esteira do declínio dos preços do petróleo no exterior.

- EMBRAER ON EMBJ3.SA caía mais de 3%, em pregão de ajustes, após renovar máxima intradia na véspera, quando foi negociada acima de R$90 pela primeira vez. No ano, a ação da fabricante de aviões ainda acumula uma valorização de mais de 53%.

- SUZANO ON SUZB3.SA recuava perto de 5%, em pregão com evento da produtora de papel e celulose com investidores, além de divulgação de previsões, incluindo menor endividamento. Também no radar estavam anúncios sobre pagamento de dividendos e aumento de capital.

- VALE ON VALE3.SA subia neste início de tarde, apesar do declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian DCIOcv1 encerrou a sessão do dia com queda de 1,3%.

- BTG PACTUAL UNIT BPAC11.SA avançava mais de 2%, enquanto BRADESCO PN BBDC4.SA subia mais de 1% e SANTANDER BRASIL UNIT SANB11.SA ganhava perto de 1%. BANCO DO BRASIL ON BBAS3.SA e ITAÚ UNIBANCO PN ITUB4.SA tinham altas leves.

- B3 ON B3SA3.SA subia quase 2%, também fornecendo um suporte relevante. A corretora Interactive Brokers (IBKR) começou a disponibilizar neste mês acesso à bolsa brasileira para seus clientes pessoas físicas nos Estados Unidos, Canadá, União Europeia, Reino Unido, Austrália, Hong Kong e Singapura.

- GRUPO ULTRA ON UGPA3.SA valorizava-se mais de 1%, tendo como pano de fundo relatório do Citi reiterando compra para a ação, entre outras razões pela perspectiva de dinâmica melhor na distribuição de combustíveis no final de 2025 e em 2026.

. Ibovespa .BVSP: +0,32%, a 159.588,69 pontos;

. Índice dos principais ADRs brasileiros .BR20: +0,61%, a 21.059,35 pontos.

BOLSAS DOS EUA

O Nasdaq caiu para a mínima de uma semana nesta quinta-feira, uma vez que novas preocupações sobre os planos de gastos com IA da Oracle ofuscaram o otimismo em relação a um tom menos "hawkish" do Federal Reserve.

A Oracle ORCL.N despencava quase 14% depois que suas previsões trimestrais ficaram aquém das estimativas dos analistas e a empresa elevou suas estimativas de gastos anuais, reacendendo as preocupações de que o ritmo de lucratividade das empresas de inteligência artificial não seja tão rápido quanto o esperado.

O custo do seguro contra a inadimplência da empresa de nuvem aumentou, com as ações a caminho de sua maior perda trimestral desde meados de 2002, devido às preocupações de que a forte dependência do financiamento de dívidas poderia alimentar uma bolha de IA semelhante à bolha pontocom no início dos anos 2000.

O setor de tecnologia liderava as quedas do S&P 500.

Outras empresas de infraestrutura de IA tinham perdas, com a CoreWeave CRWV.O em queda superior a 6%, enquanto Applied Digital APLD.O e a Nebius NBIS.O perdiam perto de 4% e 3% respectivamente.

. Dow Jones .DJI: +1,04%, a 48.557,66 pontos;

. Standard & Poor's 500 .SPX: -0,35%, a 6.862,46 pontos;

. Nasdaq .IXIC: -1,064%, a 23.402,58 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX tinha alta de 0,63%, a 581,83 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times .FTSE avançava 0,49%, a 9.702,56 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX .GDAXI subia 0,71%, a 24.302,40 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 .FCHI ganhava 0,89%, a 8.094,02 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib .FTMIB tinha valorização de 0,67%, a 43.754,90 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 .IBEX registrava alta de 0,91%, a 16.915,80 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 .PSI20 desvalorizava-se 0,05%, a 8.014,65 pontos.

JUROS

As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) abriram a tarde em baixa, em especial entre os vencimentos mais longos, após as decisões sobre juros na véspera no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries têm quedas firmes.

Na tarde de quarta-feira o Federal Reserve cortou sua taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa de 3,50% a 3,75%, conforme esperado, mas passou indicações de que nova redução em janeiro é improvável.

Já o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou à noite a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, sem dar uma sinalização clara sobre quando o ciclo de cortes poderá começar.

"O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta", apontou o Copom no comunicado, adotando a palavra "adequada" no lugar de "suficiente", usada em novembro.

Parte do mercado esperava por indicações mais claras sobre a possibilidade de corte da Selic já em janeiro, o que não se confirmou, ainda que o BC não tenha fechado a porta para esta possibilidade.

No comunicado, o BC avaliou que a estratégia “em curso” de manutenção dos juros por “período bastante prolongado” é “adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”. No comunicado anterior, de novembro, não havia o termo “em curso”.

“Essa adição está em linha com o discurso recente de (presidente do BC, Gabriel) Galípolo, que esclareceu que o ‘bastante’ não reinicia a cada reunião, ou seja, esse período já vem ocorrendo há meses”, avaliou o consultor Sérgio Goldenstein, da Eytse Estratégia, em comentário enviado a clientes. “A retirada do caráter de guidance abre espaço para corte já em janeiro sem ruptura na comunicação.”

No início do mês, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, havia dito que a contagem de tempo da Selic restritiva por prazo “bastante prolongado” não zera a cada reunião.

Para o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, o BC manteve no comunicado seu diagnóstico e sua sinalização.

“Entendemos que isso deve esvaziar as apostas do mercado pelo início do ciclo de cortes de juros em janeiro. Nossa opinião, há algum tempo, é de que as condições para esse início não estarão dadas antes de março”, pontuou em comentário após a decisão.

Em meio às dúvidas persistentes sobre o início do ciclo de cortes da Selic, a taxa do DI para janeiro de 2027 chegou a recuar no início do dia, mas nesta tarde já registrava leve baixa, com poucas mudanças na precificação do mercado para o encontro de janeiro do Copom.

A curva de juros precificava nesta quinta-feira em 65% a probabilidade de corte de 25 pontos-base da Selic em janeiro. Na véspera, antes do Copom, o percentual era de 63%, pontuou a analista Lais Costa, da Empiricus Research, pontuando que a "barra não está tão alta para um corte em janeiro".

"Acho que ele (o BC) tinha pouco incentivo para antecipar o corte já no comunicado, por isso não fez", acrescentou. "Ele tem o Relatório de Política Monetária, que vai mostrar a expectativa de inflação para terceiro trimestre de 2027, e tem outros canais de comunicação até a próxima reunião."

Na semana que vem, o BC publica a ata do encontro mais recente do Copom na terça-feira e o relatório sai na quinta-feira, com entrevista coletiva de Galípolo.

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas no varejo tiveram alta de 0,5% em outubro na comparação com o mês anterior, contra expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,1%. Este foi o maior crescimento em sete meses. Houve ainda alta de 1,1% em relação a outubro de 2024, ante expectativa de recuo de 0,2%.

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/27

DIJF27

13,755

13,757

-0,002

JAN/28

DIJF28

13,13

13,204

-0,074

JAN/29

DIJF29

13,185

13,261

-0,076

JAN/30

DIJF30

13,35

13,425

-0,075

JAN/31

DIJF31

13,47

13,533

-0,063

JAN/35

DIJF35

13,595

13,64

-0,045

DÍVIDA

. Treasuries de 10 anos US10YT=RR: rendimento em queda a 4,1235%, ante 4,164% no pregão anterior.

PETRÓLEO

. Nymex - CLc1: -2,19%, a 57,18 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent LCOc1: -2,11%, a 60,9 dólares por barril.

(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código PAN/SA)

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