tradingkey.logo

PANORAMA 2-Dólar e juros futuros sobem com mercado à espera de Fed e Copom

Reuters10 de dez de 2025 às 16:15

Por Fabricio de Castro

- O dólar oscila em alta ante o real e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) sustentam ganhos nesta quarta-feira no Brasil, enquanto o Ibovespa mantém-se perto da estabilidade, com os agentes à espera da decisão sobre juros do Federal Reserve durante a tarde.

A perspectiva é de corte da taxa de referência nos EUA, mas os investidores estarão atentos às indicações sobre o futuro da política monetária norte-americana em 2026.

No Brasil, a expectativa também gira em torno da decisão sobre juros do Copom, após o fechamento do mercado, com os investidores à espera do comunicado para ponderar com mais clareza quando o Banco Central iniciará o ciclo de cortes da Selic -- em janeiro ou em março.

Pela manhã, o IBGE informou que a inflação pelo IPCA foi de 0,18% em novembro, levemente abaixo do 0,20% projetado pelo mercado, com a taxa em 12 meses atingindo 4,46%.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 12h45 desta quarta-feira:

CÂMBIO

Após iniciar a sessão em baixa, o dólar saltou para o território positivo ante o real nesta quarta-feira, com investidores à espera das decisões sobre juros do Federal Reserve e do Banco Central, enquanto monitoram as movimentações políticas em Brasília após a Câmara ter aprovado projeto que reduz as penas dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado.

Na madrugada desta quarta-feira, a Câmara aprovou o projeto de lei que reduz as penas de condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atos relacionados à tentativa de golpe de Estado que culminou em 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No caso de Bolsonaro, o período no regime fechado pode passar de quase 7 anos para 2 anos e 4 meses.

Na sessão de quarta-feira, a possibilidade de aprovação da proposta na Câmara havia contribuído para desacelerar a alta do dólar ante o real, em meio à leitura de que, com a redução de pena de Bolsonaro, aumentariam as chances de o senador Flávio Bolsonaro (PL), seu filho, desistir da candidatura à Presidência em 2026. Isso colocaria na disputa novamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o favorito do mercado.

Apesar da aprovação na Câmara, o projeto ainda precisa passar pelo Senado e, posteriormente, ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se o texto for vetado por Lula, o Congresso ainda poderia votar pela derrubada do veto. Há ainda dúvidas sobre a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à validade da proposta.

Assim, como o cenário sem a candidatura de Flávio é tortuoso, o mercado de câmbio mostra pouca disposição para ajustes mais intensos de baixa para o dólar.

A cautela também antecede a decisão sobre juros do Federal Reserve, à tarde, e do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, à noite. A expectativa majoritária do mercado é de que o Fed corte os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 3,50% a 3,75%, e que o Copom mantenha a Selic em 15%.

O diferencial de juros entre Brasil e EUA tem sido apontado como um dos principais fatores para o país se manter atrativo ao capital externo, o que segura as cotações do dólar em níveis mais baixos.

Os investidores estarão atentos, no entanto, às mensagens do Fed e, em especial, do BC, em busca de pistas sobre a política monetária nos dois países nos próximos meses.

No início do dia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,18% em novembro, acumulando 4,46% em 12 meses. Economistas ouvidos em pesquisa da Reuters projetavam taxas de 0,20% e 4,49%, respectivamente.

. Dólar/Real BRBY: +0,86%, a R$5,4881 na venda;

. Euro/Dólar EUR=: +0,13%, a US$1,164175;

. Dólar/Cesta de moedas .DXY: -0,14%, a 99,080

BOVESPA

O Ibovespa opera sem uma tendência clara nesta quarta-feira, quando as atenções se voltam para decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, onde dados de inflação e o cenário político também estão no radar.

De acordo com o responsável pela área de renda variável da Criteria, Thiago Pedroso, o clima no exterior é de "véspera de prova" antes da decisão de juros do Federal Reserve, com as apostas sinalizando corte de 0,25 ponto percentual.

"Ninguém quer errar o tom antes de Powell subir ao palco às 16h30", afirmou, referindo-se ao chair do Fed, Jerome Powell, e à coletiva à imprensa após a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do BC dos EUA, que sairá às 16h (de Brasília).

Para Pedroso, há um consenso não escrito de que a decisão está dada e a dúvida é o discurso. Powell, avalia, terá de equilibrar um Fomc rachado entre quem já vê desgaste no mercado de trabalho e quem teme abrir demais a guarda antes de 2026.

Após o fechamento da bolsa paulista, o Banco Central brasileiro anuncia decisão sobre a Selic, com as expectativas apontando para a manutenção da Selic em 15% e o foco também voltado ao comunicado e sinais sobre os próximos passos.

Mais cedo, o IBGE mostrou que o IPCA acumulou nos 12 meses até novembro alta de 4,46%, de 4,68% em outubro e expectativa de 4,49%, voltando a ficar abaixo do teto da meta pela primeira vez desde setembro de 2024.

Na base mensal, subiu 0,18% no mês passado, abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,20%.

O cenário político nacional também continua no radar dos agentes financeiros.

"A verdade é que 2026 atropelou 2025", afirmou Pedroso, da Criteria, acrescentando que o mercado amanheceu tentando entender se o acordo da dosimetria é "moeda de troca real ou só mais um capítulo da novela Brasília 40 graus".

Deputados aprovaram na madrugada desta quarta-feira projeto de lei que reduz as penas de condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atos relacionados à tentativa de golpe de Estado que culminou em 8 de janeiro de 2023.

Entre os potenciais beneficiados com a medida está o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cujo período em regime fechado pode passar de quase 7 anos para 2 anos e 4 meses.

"O clima institucional segue pesado e qualquer ruído extra está sendo precificado quase instantaneamente", acrescentou.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3.SA subia, endossada pela forte alta dos preços futuros do minério de ferro na China, onde dados fracos da indústria reforçaram as esperanças de um novo estímulo para impulsionar o crescimento econômico em 2026. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian DCIOcv1 encerrou a sessão do dia com alta de 1,85%.

- PETROBRAS PN PETR4.SA tinha variação negativa, em dia de oscilação modesta dos preços do petróleo no mercado externo.

- ITAÚ UNIBANCO PN ITUB4.SA cedia, em dia sem sinal único entre os bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN BBDC4.SA em alta, BANCO DO BRASIL ON BBAS3.SA com queda.

- AMBEV ON ABEV3.SA recuava, pesando no Ibovespa, um dia após a maior cervejaria da América Latina anunciar R$7,2 bilhões em dividendos, incluindo dividendo adicional de R$1,8 bilhão, com pagamento previsto neste mês, e pagamento de R$4,2 bilhões em juros sobre capital próprio, a ser realizado em 2026.

- SUZANO ON SUZB3.SA tinha no radar projeção de investimento de R$10,9 bilhões no próximo ano pela maior produtora de celulose de eucalipto do mundo e manutenção da expectativa de desembolsos de R$13,3 bilhões em 2025. A maior parte da cifra prevista para o próximo ano, R$7,3 bilhões, será desembolsada em manutenção de instalações.

- CYRELA ON CYRE3.SA cedia, em meio à proposta de criação de ações preferenciais conversíveis em ações ordinárias e resgatáveis, bem como aumento de capital com capitalização de saldos de reservas de lucros no montante de quase R$2,5 bilhões, com atribuição de 72.800.000 novas ações PN Especiais aos atuais acionistas a título de bonificação.

. Ibovespa .BVSP: +0,12%, a 158.177,60 pontos;

. Índice dos principais ADRs brasileiros .BR20: -0,68%, a 20.867,66 pontos.

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street tinham pouca alteração nesta quarta-feira antes da decisão do Federal Reserve sobre a taxa de juros, mesmo com o aumento das preocupações sobre a extensão e o ritmo das possíveis reduções em 2026.

A reunião em andamento do banco central é provavelmente uma das mais divididas em anos, conforme as autoridades buscam um equilíbrio delicado entre a redução dos custos de empréstimos para apoiar o mercado de trabalho e a contenção de qualquer reaceleração da inflação.

A ausência prolongada de novos dados econômicos após a recente paralisação do governo, combinada com a incerteza sobre quem comandará o Federal Reserve no próximo ano, está aumentando os desafios das autoridades.

O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, um defensor dos cortes nas taxas de juros, é o favorito para o cargo de chair do Fed.

Os operadores estão precificando uma chance de quase 90% de que o Federal Reserve reduza a taxa de juros em 25 pontos-base ao anunciar sua decisão às 16h (horário de Brasília), de acordo com a Ferramenta FedWatch da CME, e também estão apostando em um afrouxamento adicional em 2026.

. Dow Jones .DJI: +0,26%, a 47.682,23 pontos;

. Standard & Poor's 500 .SPX: -0,08%, a 6.834,97 pontos;

. Nasdaq .IXIC: -0,205%, a 23.528,20 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX tinha queda de 0,02%, a 577,64 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times .FTSE avançava 0,16%, a 9.657,09 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX .GDAXI caía 0,28%, a 24.096,10 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 .FCHI perdia 0,46%, a 8.015,56 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib .FTMIB tinha desvalorização de 0,50%, a 43.358,03 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 .IBEX registrava alta de 0,05%, a 16.743,70 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 .PSI20 desvalorizava-se 0,92%, a 8.016,46 pontos.

JUROS

Após abrirem o dia em baixa, as taxas dos DIs ganharam força e viraram para o positivo nesta quarta-feira, com investidores monitorando dados de inflação de novembro e movimentações políticas em Brasília, em meio à expectativa antes das decisões sobre juros do Federal Reserve e do Copom.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou no início o dia que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,18% em novembro, acumulando 4,46% em 12 meses. Economistas ouvidos em pesquisa da Reuters projetavam taxas de 0,20% e 4,49%, respectivamente.

"No geral, foi um número sem novidades relevantes na composição, reforçando a continuidade do processo de desinflação gradual, mas com pontos de atenção, como o elevado patamar da inflação de serviços intensivos em mão de obra", comentou Mariana Rodrigues, economista da SulAmérica Investimentos.

"Para a política monetária, o IPCA de hoje não altera o panorama. Seguimos projetando cortes a partir de março", acrescentou.

No mercado como um todo, no entanto, as apostas sobre o início do ciclo de cortes da Selic seguem bem divididas entre janeiro e março.

Assim, os agentes aguardam pela decisão do Federal Reserve, durante a tarde, e pelo anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom), à noite, para avaliar quais serão os próximos passos de política monetária nos dois países.

A expectativa majoritária do mercado é de que o Fed corte os juros em 25 pontos-base, para a faixa de 3,50% a 3,75%, e que o Copom mantenha a Selic em 15%.

No campo político, a Câmara aprovou durante a madrugada projeto de lei que reduz as penas de condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por atos relacionados à tentativa de golpe de Estado que culminou em 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

No caso de Bolsonaro, o período no regime fechado pode passar de quase 7 anos para 2 anos e 4 meses.

Na sessão de quarta-feira, a possibilidade de aprovação da proposta na Câmara havia contribuído para desacelerar a alta do dólar ante o real e o avanço das taxas dos DIs, em meio à leitura de que, com a redução de pena de Bolsonaro, aumentariam as chances de o senador Flávio Bolsonaro (PL), seu filho, desistir da candidatura à Presidência em 2026.

Isso colocaria na disputa novamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o favorito do mercado.

Apesar da aprovação na Câmara, o projeto ainda precisa passar pelo Senado e, posteriormente, ser sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se o texto for vetado por Lula, o Congresso ainda poderia votar pela derrubada do veto. Há ainda dúvidas sobre a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto à validade da proposta.

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/27

DIJF27

13,76

13,73

0,03

JAN/28

DIJF28

13,205

13,119

0,086

JAN/29

DIJF29

13,26

13,153

0,107

JAN/30

DIJF30

13,425

13,318

0,107

JAN/31

DIJF31

13,545

13,429

0,116

JAN/35

DIJF35

13,65

13,535

0,115

DÍVIDA

. Treasuries de 10 anos US10YT=RR: rendimento em queda a 4,1702%, ante 4,186% no pregão anterior;

PETRÓLEO

. Nymex - CLc1: -0,77%, a 57,8 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent LCOc1: -0,76%, a 61,47 dólares por barril.

(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código PAN/SA)

Aviso legal: as informações fornecidas neste site são apenas para fins educacionais e informativos e não devem ser consideradas consultoria financeira ou de investimento.
Tradingkey
KeyAI