
Por Aditya Soni
10 Dez (Reuters) - Meses depois que a carteira de contratos da Oracle, que ultrapassa 400 bilhões de dólares (link), incendiou um frenesi no mercado de ações, o entusiasmo deu lugar a dúvidas sobre sua dependência da OpenAI e sobre a expansão de seus data centers financiada por dívidas, que dominarão seus resultados na quarta-feira.
Por muito tempo uma participante de menor porte no mercado de nuvem, a Oracle ORCL.N consolidou-se este ano como uma das maiores fornecedoras de poder computacional alugado, essencial para IA generativa, graças à sua parceria (link) com a OpenAI, criadora do ChatGPT.
Está competindo com gigantes do setor como Amazon.com AMZN.O, Microsoft MSFT.O e Google GOOGL.O por uma fatia do lucrativo mercado, à medida que as empresas adotam IA e as startups que desenvolvem a tecnologia correm para garantir acesso à capacidade.
A Oracle, juntamente com outros grandes players da nuvem, deverá investir mais de US$ 400 bilhões em infraestrutura de IA este ano.
Analistas afirmaram que uma grande parte dos investimentos de capital da Oracle está ligada a data centers relacionados à OpenAI. Isso gerou preocupação entre os investidores, já que há poucos detalhes sobre como a OpenAI — avaliada em US$ 500 bilhões, mas ainda não lucrativa — planeja financiar seus gastos, que totalizam mais de US$ 1 trilhão até 2030.
Crescem também as preocupações de que o boom da IA, que impulsiona as avaliações, esteja se transformando em uma bolha devido à falta de adoção da tecnologia no mundo real, o que provocou uma onda de vendas de ações e títulos da Oracle.
LIQUIDAÇÃO DE AÇÕES
Suas ações perderam todos os ganhos obtidos com a impressionante alta de 36% em 10 de setembro (link) após anunciar a carteira de pedidos em seu último balanço financeiro, mesmo com as ações ainda em alta de quase um terço no ano.
Entretanto, seus swaps de crédito de cinco anos, que oferecem aos detentores de títulos uma proteção contra o inadimplemento, dispararam para máximas históricas (link) enquanto se endivida pesadamente para a construção do centro de dados.
"Embora a situação para o trimestre seja boa, os investidores provavelmente estarão mais focados nos fundamentos da implementação da IA e em suas implicações financeiras", disse o analista da Bernstein, Mark Moerdler, em uma nota sobre os resultados do segundo trimestre fiscal.
O contrato de US$ 300 bilhões para data centers com a OpenAI proporciona à Oracle "uma exposição sem precedentes à receita de um único cliente", afirmou ele.
Para dissipar algumas das preocupações, a Oracle afirmou em outubro que espera que a receita com infraestrutura em nuvem cresça para US$ 166 bilhões (link) no ano fiscal de 2030 e que novas reservas estavam chegando de uma variedade de clientes, não apenas da OpenAI. Também anunciou um novo acordo de US$ 20 bilhões com a Meta Platforms META.O.
EXPECTATIVA DE LUCROS OTIMISTAS
Por enquanto, espera-se que a IA impulsione um forte crescimento na Oracle, com a receita de infraestrutura em nuvem prevista para aumentar 71,3% no período de setembro a novembro, um crescimento mais rápido do que os 55% observados no trimestre anterior, de acordo com dados da Visible Alpha.
Isso refletiria o forte crescimento relatado pelas gigantes da nuvem Amazon.com AMZN.O, Microsoft MSFT.O e Google Cloud GOOGL.O, pertencente à Alphabet, em seus últimos relatórios de resultados.
No geral, a receita da Oracle deverá aumentar 15,3%, para US$ 16,21 bilhões, o que representaria o ritmo de crescimento mais acelerado em mais de dois anos, segundo dados compilados pela LSEG. O lucro líquido deverá crescer 13,3%.
Após um relatório levantar dúvidas sobre suas margens em contratos de nuvem, a Oracle afirmou que esperava atingir margens brutas ajustadas entre 30% e 40% para o fornecimento de infraestrutura de computação em nuvem com IA, enquanto outros segmentos, como software e infraestrutura em nuvem para clientes corporativos, teriam margens entre 65% e 80%.
Caso a OpenAI fracasse e o contrato seja rescindido, a Oracle precisaria reduzir a escala da expansão, cancelar alguns contratos e começar a reduzir a dívida, mas não entraria em default, afirmou Gil Luria, analista da D.A. Davidson.
"Se a OpenAI alcançar a superinteligência e investir US$ 1,4 trilhão, nenhum de nós precisará trabalhar novamente, e a Oracle ficará bem", disse ele.