
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO, 5 Dez (Reuters) - Os ativos brasileiros foram fortemente impactados no início da tarde desta sexta-feira após notícia publicada pelo site Metrópoles afirmando que o ex-presidente Jair Bolsonaro disse a interlocutores que lançará como candidato à Presidência em 2026 o filho Flávio Bolsonaro (PL).
A informação foi mal recebida pelo mercado, conforme três profissionais consultados pela Reuters, o que fez o dólar ter ganhos firmes ante o real, o Ibovespa se firmar em queda e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) dispararem mais de 20 pontos-base.
O movimento no Brasil ocorre a despeito de, em Nova York, os índices de ações estarem em alta após o núcleo do índice de inflação PCE ter vindo dentro do esperado.
Bolsonaro está preso após ser condenado por tentativa de golpe de Estado, além de estar inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O mercado aguarda uma definição sobre o representante do chamado "bolsonarismo" na eleição do ano que vem contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sendo apontado por alguns agentes como o preferido.
Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 13h25 desta sexta-feira:
CÂMBIO
O dólar se firmou em alta ante o real neste início de tarde, passando a subir mais de 2% após notícia na imprensa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro disse a interlocutores que lançará como candidato à Presidência em 2026 o filho Flávio Bolsonaro, atualmente senador.
A informação, publicada no início da tarde pelo site Metrópoles, foi mal recebida pelo mercado, conforme três profissionais consultados pela Reuters, o que fez o dólar disparar ante o real.
O movimento ocorreu a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana seguir em baixa ante a maior parte das demais divisas depois do anúncio do índice de inflação PCE dos Estados Unidos.
No fim da manhã, o dólar já encontrava algum suporte no Brasil por conta das compras de fim de ano.
"O dólar ficou barato no Brasil. Ele está tentando furar os R$5,30, chegou a ir abaixo disso ontem (quinta-feira) e voltou, porque há demanda de fim de ano", comentou neste início de tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Nos meses de dezembro, a demanda por dólar no Brasil costuma aumentar em função das remessas de lucros e dividendos ao exterior no fim de ano, feitas por empresas e fundos.
Nos EUA, o Departamento do Comércio informou que o índice de preços PCE subiu 0,3% em setembro, mesma taxa de agosto, acumulando alta de 2,8% em 12 meses. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,2% em setembro, mesma taxa de agosto e em linha com a projeção dos economistas ouvidos pela Reuters.
O Federal Reserve acompanha as medidas de preço do PCE para sua meta de inflação de 2%. Neste início de tarde, os ativos seguiam precificando 87,2% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros pelo Fed na próxima semana, contra 12,8% de chance de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%, conforme a Ferramenta CME FedWatch. Estes são os mesmos percentuais registrados mais cedo, antes do PCE.
No Brasil, o mercado precifica quase 100% de probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% na próxima semana.
Este diferencial de juros entre Brasil e EUA, que atrai capital para o país, tem sido apontado como o principal motivo para as cotações do dólar estarem mais baixas ante o real nos últimos meses, oscilando entre R$5,30 e R$5,40.
. Dólar/Real BRBY: +1,47%, a R$5,3885 na venda;
. Euro/Dólar EUR=: -0,10%, a 1,1633 dólar;
. Dólar/Cesta de moedas .DXY: +0,01%, a 99,085.
BOVESPA
O Ibovespa registrava baixas firmes neste início de tarde, acompanhando a piora generalizada dos ativos brasileiros após a notícia na imprensa sobre a eventual candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência em 2026. A informação, publicada no início da tarde pelo site Metrópoles, foi mal recebida pelo mercado.
Mais cedo, antes da notícia, o Ibovespa chegou a atingir nova máxima histórica acima dos 165 mil pontos.
Em Nova York, os principais índices de ações sobem, após a divulgação de novos dados de inflação dos Estados Unidos. O Departamento do Comércio informou que o índice de preços PCE subiu 0,3% em setembro, mesma taxa de agosto, acumulando alta de 2,8% em 12 meses. O núcleo do PCE , que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,2% em setembro, mesma taxa de agosto e em linha com a projeção dos economistas ouvidos pela Reuters.
O Federal Reserve acompanha as medidas de preço do PCE para sua meta de inflação de 2%.
DESTAQUES
- BRASKEM PNA BRKM5.SA subia mais de 4%, tendo como pano de fundo noticiário recente envolvendo um possível desfecho para a participação da Novonor, ex-Odebrecht, na petroquímica.
- MINERVA ON BEEF3.SA cedia e MBRF ON MBRF3.SA estava estável, com dados de novembro do setor de proteínas indicando, segundo analistas do Bradesco BBI, tendência positiva no Brasil e reação de spreads de carne bovina nos EUA.
- EMBRAER ON EMBR3.SA caía quase 2%, após relatório de analistas do UBS BB, que elevaram a recomendação para "neutra" ante "venda" e o preço-alvo de R$64 para R$100.
- HAPVIDA ON HAPV3.SA recuava mais de 2%, após três pregões de alívio na pressão vendedora desde a frustração com o balanço do terceiro trimestre. No primeiro pregão do mês, a ação renovou mínima histórica, negociada abaixo de R$14 no pior momento.
- ITAÚ UNIBANCO PN ITUB4.SA oscilava em baixa, após desempenho robusto na véspera. BRADESCO PN BBDC4.SA, SANTANDER BRASIL UNIT SANB11.SA e BANCO DO BRASIL ON BBAS3.SA tinham baixas firmes.
- PETROBRAS PN PETR4.SA subia, com os preços do petróleo no exterior avançando pouco mais de 1% nesta tarde. PETROBRAS ON PETR3.SA tinha leve queda.
- VALE ON VALE3.SA tinha variação levemente positiva neste início de tarde, tendo como pano de fundo cinco pregões seguidos de alta e a queda dos futuros do minério de ferro na China.
. Ibovespa .BVSP: -1,22%, a 162.455,62 pontos;
. Índice dos principais ADRs brasileiros .BR20: -1,83%, a 21.705,18 pontos.
BOLSAS DOS EUA
Os principais índices de Wall Street tinham leves altas nesta tarde de sexta-feira, após a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos.
. Dow Jones .DJI: +0,27%, a 47.980,55 pontos;
. Standard & Poor's 500 .SPX: 0,29%, a 6.877,13 pontos.
BOLSAS DA EUROPA
O índice pan-europeu STOXX 600 .STOXX tinha alta de 0,08%, a 579,29 pontos.
Em LONDRES, o índice Financial Times .FTSE recuava 0,33%, a 9.678,36 pontos.
Em FRANKFURT, o índice DAX .GDAXI subia 0,82%, a 24.077,85 pontos.
Em PARIS, o índice CAC-40 .FCHI perdia 0,00%, a 8.122,01 pontos.
Em MILÃO, o índice Ftse/Mib .FTMIB tinha desvalorização de 0,05%, a 43.497,77 pontos.
Em MADRI, o índice Ibex-35 .IBEX registrava baixa de 0,38%, a 16.682,20 pontos.
Em LISBOA, o índice PSI20 .PSI20 desvalorizava-se 0,50%, a 8.197,11 pontos.
JUROS
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) dispararam neste início de tarde após a notícia na imprensa sobre Flávio Bolsonaro. Até então, as taxas oscilavam com leves quedas ante os ajustes anteriores, enquanto no exterior o viés para os rendimentos dos Treasuries é positivo, após a divulgação de novos dados de inflação nos Estados Unidos.
O Departamento do Comércio informou que o índice de preços PCE subiu 0,3% em setembro, mesma taxa de agosto, acumulando alta de 2,8% em 12 meses. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, teve alta de 0,2% em setembro, mesma taxa de agosto e em linha com a projeção dos economistas ouvidos pela Reuters.
O Federal Reserve acompanha as medidas de preço do PCE para sua meta de inflação de 2%. Neste início de tarde, os ativos seguiam precificando 87,2% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros pelo Fed na próxima semana, contra 12,8% de chance de manutenção na faixa de 3,75% a 4,00%, conforme a Ferramenta CME FedWatch. Estes são os mesmos percentuais registrados mais cedo, antes do PCE.
Um novo corte de juros nos EUA na próxima semana, se confirmado, poderá reforçar as apostas de que o Banco Central do Brasil iniciará o ciclo de cortes da taxa básica Selic em janeiro, como vem sendo precificado pelo mercado. Atualmente a Selic está em 15% ao ano.
Mais cedo, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou que o Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) subiu apenas 0,01% em novembro, menos que a expectativa de alta de 0,18% conforme pesquisa da Reuters com economistas. Com isso, o índice passou a acumular em 12 meses queda de 0,44%.
Ticker | Taxa (% a.a.) | Ajuste anterior (% a.a.) | Variação (p.p.) | |
JAN/26 | DIJF26 | 14,896 | 14,895 | 0,001 |
JAN/27 | DIJF27 | 13,635 | 13,549 | 0,086 |
JAN/28 | DIJF28 | 12,89 | 12,726 | 0,164 |
JAN/29 | DIJF29 | 12,845 | 12,646 | 0,199 |
JAN/30 | DIJF30 | 12,99 | 12,769 | 0,221 |
JAN/32 | DIJF32 | 13,185 | 12,971 | 0,214 |
JAN/35 | DIJF35 | 13,22 | 13,011 | 0,209 |
DÍVIDA
. Treasuries de 10 anos US10YT=RR: rendimento em alta a 4,139%, ante 4,108% no pregão anterior.
PETRÓLEO
. Nymex - CLc1: 0,82%, a 60,16 dólares por barril;
. ICE Futures Europe - Brent LCOc1: 0,82%, a 63,78 dólares por barril.
(PANORAMA1, PANORAMA2 e PANORAMA3 são localizados no terminal de notícias da Reuters pelo código PAN/SA)