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Testes clínicos de medicamento da Novo Nordisk para Alzheimer falham

Reuters24 de nov de 2025 às 17:09

Por Stine Jacobsen e Maggie Fick e Jacob Gronholt-Pedersen

- Os ensaios clínicos da Novo Nordisk NOVOb.CO sobre a doença de Alzheimer, que envolviam uma versão oral mais antiga do seu medicamento semaglutida, não conseguiram retardar a progressão da doença neurodegenerativa, segundo informação divulgada pela empresa nesta segunda-feira.

Os ensaios clínicos, que a Novo havia anteriormente chamado de "bilhete de loteria" para enfatizar a grande incerteza em relação ao resultado, estavam testando se o medicamento poderia retardar o declínio cognitivo em milhares de pacientes com doença leve.

O revés frustra as esperanças da Novo de que o Alzheimer pudesse abrir um novo e importante mercado para medicamentos GLP-1, como a semaglutida, e colocar a Novo à frente da concorrente Eli Lilly LLY.N, contra a qual perdeu terreno em suas principais áreas de tratamento, como obesidade e diabetes.

"O fato de o estudo ter sido interrompido após dois anos, apesar de uma extensão planejada para um terceiro ano, sugere que a semaglutida praticamente não oferece nenhum benefício na desaceleração da progressão do Alzheimer", disse à Reuters Erik Berg-Johnsen, gestor de portfólio da Storebrand Asset Management, acionista da Novo.

O ensaio clínico da Novo estava sendo acompanhado de perto como um indicador de se os medicamentos GLP-1, usados por milhões de pessoas para tratar diabetes e para perda de peso, poderiam retardar a progressão da doença. O medicamento testado foi o Rybelsus, um comprimido aprovado apenas para diabetes tipo 2. Assim como os medicamentos de sucesso da Novo, Ozempic e Wegovy, ele contém semaglutida.

A Associação de Alzheimer afirmou estar desapontada com os resultados, mas que o estudo continuaria.

“Embora este comprimido de semaglutida não tenha ajudado contra o Alzheimer, a área de pesquisa continuará investigando essa classe de medicamentos, pois eles podem agir de maneira diferente”, afirmou em comunicado.

A doença de Alzheimer e outras demências afetam mais de 55 milhões de pessoas em todo o mundo. Não há cura.

"NÃO FOI O QUE ESPERÁVAMOS"

"Hoje anunciamos que nossos esforços para retardar a progressão da doença de Alzheimer chegaram ao fim", disse o presidente-executivo da Novo, Mike Doustdar, em um vídeo publicado no LinkedIn.

"Sempre soubemos que a probabilidade de sucesso seria baixa, mas era importante determinar se a semaglutida poderia superar um dos maiores desafios da medicina, com base nos dados indicativos que tínhamos."

A Novo afirmou em comunicado à imprensa que observou um impacto nos biomarcadores da doença de Alzheimer, mas não especificou quais.

Os resultados dos dois ensaios clínicos com pacientes em fase inicial, denominados EVOKE e EVOKE+, representam mais um revés para a farmacêutica dinamarquesa e para o novo presidente-executivo, Doustdar, que havia alcançado um sucesso estrondoso, impulsionado pelos medicamentos Ozempic e Wegovy, antes que a desaceleração do crescimento das vendas e a queda acentuada do preço das ações levassem à troca de presidente-executivo e a demissões em massa.

O revés reforça o ceticismo dos analistas em relação às ambições da Novo no tratamento da doença de Alzheimer, com o UBS estimando uma probabilidade de sucesso de apenas 10%.

As ações da Novo caíram mais de 12% após a divulgação da notícia e fecharam em queda de 6%, o menor nível desde julho de 2021, um mês depois do lançamento do Wegovy. Já as ações da Lilly subiram 1%.

Diversos analistas descreveram a queda no preço das ações na segunda-feira como uma reação exagerada. "A reação das ações provavelmente se deve mais ao sentimento negativo em relação às ações da Novo Nordisk e ao fluxo de notícias negativas ao longo do último ano - talvez houvesse uma esperança de que esse estudo pudesse impulsionar um pouco o mercado", disse o analista do Sydbank, Soren Lontoft Hansen.

PARTICIPANTES DOS TESTES

Durante décadas, pesquisadores têm buscado tratamentos para a doença de Alzheimer, caracterizada pela presença das proteínas amiloide e tau no cérebro, e a maioria dos resultados tem sido insatisfatória.

As ações da Biogen BIIB.O subiram 3% após a notícia do fracasso do ensaio clínico da Novo para Alzheimer. O Leqembi, da Biogen e sua parceira Eisai, e o Kisunla, da concorrente Eli Lilly, são os únicos tratamentos aprovados nos Estados Unidos para retardar o declínio cognitivo causado pela doença de Alzheimer. Ambos os medicamentos requerem infusões ou injeções e podem causar efeitos colaterais significativos.

A Eli Lilly, a outra grande empresa no mercado de medicamentos para obesidade, não testou seu medicamento GLP-1 para Alzheimer.

Os ensaios clínicos com Rybelsus, que abrangeram um total de 3.808 pacientes, foram os primeiros grandes estudos a testar medicamentos GLP-1 em pessoas com Alzheimer em estágio inicial.

Os ensaios clínicos utilizaram um sistema de avaliação para mensurar mudanças clínicas em áreas como memória e capacidade dos pacientes de cuidar de si mesmos ao longo de um período de dois anos. Os estudos visavam uma desaceleração de 20% no declínio cognitivo, conforme mostram os detalhes dos ensaios.

A Novo divulgará os principais resultados do estudo na próxima semana, durante um congresso sobre Alzheimer, enquanto os dados completos serão divulgados em outro congresso, em março do ano que vem.

"Embora esses resultados não sejam os que esperávamos, eles contribuirão para nossa compreensão dessa doença devastadora e fatal", disse Joanne Pike, presidente da Associação de Alzheimer.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS IS

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