
17 Nov (Reuters) - Começa a tarefa de processar o enorme acúmulo de dados norte-americanos atrasados devido à paralisação do governo, a Nvidia, a empresa mais valiosa do mundo, divulga seus resultados e os novos números da inflação manterão os bancos centrais europeus em alerta.
Na Ásia, a política fiscal da nova primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, está tomando forma, e o Chile realiza eleições na América Latina, onde as pesquisas indicam mais uma guinada à direita.
Confira a análise de mercado da próxima semana, feita por Dhara Ranasinghe e Amanda Cooper em Londres, Kevin Buckland em Tóquio e Lewis Krauskopf e Rodrigo Campos em Nova York.
1/LIMPEZA DA LISTA DE TRABALHOS ACUMULADOS
Os analistas de dados do governo norte-americano começam a tarefa de processar o acúmulo de informações não divulgadas durante a paralisação sem precedentes de 43 dias em Washington. (link).
Os investidores receberão os dados de emprego não agrícola. (link) O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos EUA anunciou na quinta-feira a divulgação do relatório de setembro. A publicação original estava prevista para 3 de outubro, logo após o início da paralisação do governo.
Dados privados que foram divulgados sugerem que o mercado de trabalho continua (link) enfraquecer. Isso reforça a tese de um corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em dezembro. Autoridades alertam, porém, que alguns dados podem ter sido perdidos para sempre. (link) Isso significa que a névoa econômica pode levar tempo para se dissipar.
2/Captura por IA
O relatório trimestral da Nvidia NVDA.O na quarta-feira será um teste crucial para o promissor setor de IA, que começou a dar sinais de instabilidade. (link) nas últimas semanas.
A gigante dos semicondutores se tornou a primeira empresa do mundo a atingir um valor de mercado de US$ 5 trilhões. (link) A empresa, que tinha uma participação de 8% no S&P 500 e grande influência em muitos índices globais, perdeu um pouco de valor desde então. No entanto, ela pode facilmente influenciar os mercados por conta própria, com uma ponderação impressionante de 8% no índice.
As previsões da empresa líder em IA e a perspectiva mais ampla do setor terão ramificações para todo o ecossistema tecnológico. Isso pode tanto atenuar quanto alimentar as preocupações persistentes dos investidores de que esta já seja a próxima grande bolha. (link).
3/ALAVANCAS DE PODER
Após inicialmente sugerir que deixaria a política monetária em grande parte a cargo do banco central, o novo governo japonês agora sinaliza uma abordagem mais intervencionista.
A primeira-ministra Sanae Takaichi pretende afrouxar as rédeas fiscais. (link) e instando o Banco do Japão a ir com calma no aumento das taxas de juros, enquanto a nova Ministra das Finanças, Satsuki Katayama, argumentou que a inflação ainda não está em níveis sustentáveis. (link) atingiu a meta de 2% do Banco do Japão.
O banco ainda parece preparado para uma alta. (link) Em dezembro, embora o governador Kazuo Ueda tenha se mostrado cauteloso em tomar medidas drásticas. Os dados de preços ao consumidor, previstos para 21 de novembro, devem fornecer pistas, mas é bem possível que a desvalorização do iene seja a chave para a definição das medidas.
Se a fragilidade do mercado afetar os preços de alimentos e energia, que são politicamente sensíveis, Takaichi poderá não ter outra opção senão aceitar alguns aumentos rápidos nas taxas de juros.
4/LUGAR FELIZ
Deve ser bom ser o banco central Europeu. (link) Neste momento, a presidente Christine Lagarde afirma que o país está "em uma boa situação", com as taxas de juros e os mercados monetários funcionando de forma automática. (link), sem qualquer alteração nos preços no próximo ano.
A próxima semana trará uma série de números da inflação de outubro, tanto para países individualmente quanto para a zona do euro como um todo. A inflação ao consumidor subjacente foi de 2,4% em setembro, acima dos 2,3% de agosto, mas abaixo dos 2,7% de setembro do ano passado.
A taxa de juro principal manteve-se em torno da meta de 2% do BCE durante a maior parte do ano, e se a valorização de 5,5% do euro ponderado pelo comércio em 2025 começar a puxá-la para baixo em algum momento, Frankfurt teria espaço para reduzi-la novamente.
Mas, por enquanto, ainda não há uma conclusão definitiva.
5/PIMENTA PICANTE
Primeiro turno das eleições presidenciais do Chile (link) No domingo, a candidata da coligação de esquerda, Jeannette Jara, venceu a eleição. Mas as sondagens preveem que a corrida eleitoral se incline agora para a direita no segundo turno, daqui a um mês, depois de o candidato de extrema-direita, José Antonio Kast, ter garantido um expressivo segundo lugar, bem como outros três candidatos de direita. (link) recebeu muitos votos, também.
Uma vitória para Kast no confronto direto de 14 de dezembro contra Jara - assumindo que esses outros votos da direita migrem. (link) Para ele, isso colocaria no poder um governo chileno ainda mais à direita do que qualquer outro desde a ditadura de Augusto Pinochet na década de 1980.
Quase tão importante quanto a eleição presidencial é a que ocorre simultaneamente. Uma vitória em ambas as casas representaria o primeiro resultado desse tipo desde a década de 1950 e, muito provavelmente, seria bem recebida pelos investidores, que esperam cortes nos impostos corporativos caso Kast vença a presidência.
O peso se valorizou quase 7% no acumulado do ano e as ações, tanto em dólares quanto em pesos, dispararam mais de 40% - e os investidores estão de olho nos próximos passos.