BOLSA EUA-Índices de Wall Street caem com Meta e Microsoft em baixa, e preocupações sobre as taxas do Fed

Por Sinéad Carew e Pranav Kashyap

30 Out (Reuters) - Os três principais índices de Wall Street perderam terreno na quinta-feira, com o Nasdaq Composite e o S&P 500 liderando as perdas, à medida que as ações da Meta e da Microsoft despencaram devido a preocupações com o aumento dos gastos com inteligência artificial, enquanto os investidores também assimilavam um tom mais agressivo do Federal Reserve dos EUA.

As ações da Meta (link) META.O despencaram 11,3%, registrando sua maior queda em um único dia em três anos depois que a empresa de redes sociais previu despesas de capital "notavelmente maiores" para o próximo ano, graças a investimentos em inteligência artificial.

As ações da Microsoft (link) MSFT.O fecharam em queda de 2,9% depois que a empresa de software anunciou um gasto de capital recorde de quase US$ 35 bilhões para o seu primeiro trimestre fiscal e alertou que os gastos aumentarão este ano.

No entanto, a Alphabet, controladora do Google, (link) GOOGL.O fechou com alta de 2,5% uma vez que o crescimento constante da publicidade e da computação em nuvem impulsionou resultados melhores do que o esperado.

Os resultados seguiram a decisão do Federal Reserve (link), que na quarta-feira anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, amplamente esperado, mas levantou dúvidas sobre futuras medidas políticas quando o presidente Jerome Powell afirmou que outro corte em dezembro não era uma "conclusão inevitável". Isso levou os investidores a reduzirem as probabilidades de um novo corte em dezembro para cerca de 70%, ante mais de 90% no início da semana.

"Os investidores estão avessos ao risco após a valorização do mercado. O S&P 500 está perto de sua máxima histórica, mas os resultados do setor de tecnologia não atenderam às elevadas expectativas", disse Lindsey Bell, estrategista-chefe da 248 Ventures em Charlotte, Carolina do Norte, apontando também para as preocupações dos investidores com a falta de dados econômicos devido à paralisação do governo e a uma postura mais agressiva do Fed.

Bell observou que nem a Microsoft, nem a Meta, nem a Alphabet "foram capazes de esclarecer de forma significativa quando teremos retorno sobre os investimentos em IA". Ela não esperava nenhuma clareza maior dos resultados da Apple AAPL.O e da Amazon AMZN.O, que foram divulgados no final da quinta-feira.

No entanto, após fechar o pregão regular em queda de 3%, as ações da Amazon subiram 9% no final do pregão, impulsionadas pela forte demanda (link) por seus serviços de computação em nuvem, que compensou o crescimento mais fraco em seu negócio de comércio eletrônico. As ações da Apple subiram em um pregão instável no pós-mercado, após seu relatório (link) , que mostrou fortes vendas de iPhone, com algumas restrições de fornecimento.

Das 222 empresas do S&P 500 que já divulgaram seus resultados, 84,2% superaram as estimativas de lucro até quarta-feira, segundo dados da LSEG. Esse percentual é superior à média de 77% dos últimos quatro trimestres.

O Dow Jones Industrial Average .DJI caiu 109,88 pontos, ou 0,23%, para 47.522,12, o S&P 500 .SPX perdeu 68,25 pontos, ou 0,99%, para 6.822,34 e o Nasdaq Composite .IXIC perdeu 377,33 pontos, ou 1,57%, para 23.581,14.

Entre os 11 principais setores industriais do S&P 500, sete registraram queda, com o setor de consumo discricionário .SPLRCD liderando as perdas com uma baixa de 2,6%. O setor imobiliário .SPLRCR foi o que apresentou o maior ganho, com alta de 0,7%.

A queda de quinta-feira ocorreu após os recordes históricos dos três principais índices nas últimas quatro sessões, impulsionados pelo otimismo em torno dos resultados trimestrais e pelas expectativas de uma postura de política monetária mais acomodativa.

Além disso, o otimismo em torno da IA tem sido um fator chave para a alta das ações americanas este ano, com as principais empresas de tecnologia representando coletivamente 35% do peso do S&P 500.

Nvidia NVDA.O, líder em chips de IA, caiu 2% na quinta-feira, depois de ter dado um impulso extra ao mercado no dia anterior, quando se tornou a primeira empresa de capital aberto a ultrapassar os 5 trilhões de dólares em capitalização de mercado.

Entretanto, um acordo comercial amplamente aguardado (link) entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente chinês, Xi Jinping, pareceu ter pouco impacto na valorização das ações naquele dia.

Trump concordou em reduzir algumas tarifas sobre as importações chinesas em troca da retomada das compras de soja por Pequim, da manutenção do fluxo de exportações de terras raras e do combate ao tráfico de fentanil.

"Quando você recebe boas notícias e os mercados não reagem, isso indica que provavelmente elas já estão precificadas", disse Jack McIntyre, gestor de portfólio da Brandywine Global.

Em outras ações, a distribuidora de medicamentos Cardinal Health CAH.N subiu 15,4% após elevar (link) sua previsão de lucro anual ajustado.

As ações do Chipotle Mexican Grill CMG.N despencaram 18,2% depois que a rede de restaurantes especializada em burritos cortou sua previsão de vendas anual (link), com tarifas e inflação comprimindo as margens de lucro.

Na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), o número de ações em queda superou o de ações em alta numa proporção de 2,1 para 1, com 177 novas máximas e 172 novas mínimas registradas.

Na Nasdaq, 1.565 ações subiram e 3.095 caíram, com o número de ações em queda superando o de ações em alta em uma proporção de 1,98 para 1. O S&P 500 registrou 34 novas máximas de 52 semanas e 37 novas mínimas, enquanto o Nasdaq Composite registrou 88 novas máximas e 187 novas mínimas.

Nas bolsas de valores dos EUA, 20,32 bilhões de ações mudaram de mãos, em comparação com a média de 21,08 bilhões das últimas 20 sessões.