O presidente-executivo da Apple prevê vendas do iPhone no trimestre de festas de fim de ano que superarão as estimativas de Wall Street.

Por Stephen Nellis

WASHINGTON, 30 Out (Reuters) - O presidente-executivo da Apple AAPL.O, Tim Cook, apresentou na quinta-feira uma previsão para as vendas do iPhone e para a receita total no trimestre de festas de fim de ano que superou as expectativas de Wall Street, impulsionada pelos pedidos dos modelos do iPhone 17 que a empresa está se esforçando para atender em meio às contínuas restrições de fornecimento.

As restrições, bem como os atrasos no envio de novos telefones para a China, fizeram com que a Apple não atingisse as previsões de vendas do iPhone no quarto trimestre fiscal, embora a decepção tenha sido compensada pelo bom desempenho em outras áreas, como os novos AirPods que usam IA para traduzir idiomas, e o lucro superou as expectativas de Wall Street.

Os resultados mostraram que os maiores riscos que muitos investidores viam para os negócios da Apple — sua exposição às tensões comerciais entre EUA e China e sua demora em implementar recursos de IA — desempenharam um papel menor do que a complexidade de construir e enviar centenas de milhões de dispositivos.

Em entrevista à Reuters, Cook afirmou que espera que as vendas do iPhone no trimestre atual, focado nas festas de fim de ano, cresçam dois dígitos em relação ao ano anterior, e que a receita total da Apple cresça entre 10% e 12% em relação ao ano anterior. Essas previsões para o primeiro trimestre fiscal de 2026 da Apple superaram as estimativas dos analistas, que previam um aumento de 9,8% nas vendas do iPhone, para US$ 75,91 bilhões, e um crescimento de 6,6% nas vendas totais, para US$ 132,53 bilhões, segundo dados da LSEG.

A previsão surge em um momento em que Cook afirmou que a empresa teve dificuldades para atender à demanda por diversos modelos do iPhone 17 e alguns modelos mais antigos do iPhone 16 durante o quarto trimestre fiscal, que acaba de terminar. A empresa também enfrentou atrasos no lançamento na China do iPhone Air, o modelo mais fino já criado e que representa a maior reformulação de design do iPhone em anos.

Cook disse à Reuters que o atraso na China foi o "principal motivo" para a contração das vendas naquele país durante o quarto trimestre fiscal.

"No entanto, estamos muito entusiasmados com a China", disse ele. "Adoramos a receptividade aos novos produtos por lá e esperamos crescer ou retomar o crescimento no primeiro trimestre."

Cook afirmou que a Apple ainda está trabalhando para resolver algumas das restrições de fornecimento.

"Atualmente, no primeiro trimestre, ainda estamos enfrentando restrições de fornecimento em vários modelos do iPhone 17, e estamos atendendo aos pedidos o mais rápido possível", disse Cook. "É um bom problema para se ter."

Entre as sete gigantes da tecnologia, as ações da Apple tiveram uma valorização inferior à de suas concorrentes neste ano, enquanto os investidores aguardam para ver se a empresa conseguirá acompanhar o ritmo em relação aos recursos de inteligência artificial. A Apple afirmou que as maiores atualizações para a Siri, sua assistente virtual, chegarão no próximo ano, e Cook disse à Reuters que a Apple está "fazendo um bom progresso" nessas melhorias.

A dependência da Apple nas vendas de hardware também a deixou mais exposta à guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, com a China. (link) No último trimestre, a Apple informou aos investidores que deveriam esperar custos relacionados a tarifas de US$ 1,1 bilhão, embora a empresa já tenha superado suas próprias estimativas anteriormente, com custos menores do que o previsto.

Mas a Apple espera que seu novo iPhone Air (link) - um possível precursor de um telefone dobrável - juntamente com modelos de iPhone Pro mais potentes e modelos básicos de iPhone aprimorados - impulsionará as vendas.

O quarto trimestre fiscal da Apple costuma ser o período de vendas mais fraco, pois os consumidores deixam de comprar modelos antigos de iPhone e aguardam o lançamento dos novos. Os novos modelos da Apple começaram a ser enviados para a maioria dos mercados em 19 de setembro, portanto, o trimestre inclui apenas vendas limitadas dos dispositivos lançados recentemente.

As vendas e o lucro do trimestre encerrado em 27 de setembro foram de US$ 102,47 bilhões e US$ 1,85 por ação, respectivamente, em comparação com as expectativas dos analistas de US$ 102,24 bilhões e US$ 1,77 por ação, segundo dados da LSEG. As vendas do iPhone, da empresa de Cupertino, Califórnia, foram de US$ 49,03 bilhões, em comparação com as expectativas de US$ 50,19 bilhões, também segundo dados da LSEG.

No entanto, o iPhone Air só foi lançado na China em 22 de outubro devido a atrasos regulatórios causados pela inclusão apenas de um cartão eSIM para conectividade sem fio. A Apple informou que as vendas na região da Grande China foram de US$ 14,49 bilhões, em comparação com as estimativas dos analistas de US$ 16,24 bilhões, segundo dados da Visible Alpha.

A Apple informou que as vendas em seu segmento de serviços, que inclui o Apple TV e seu negócio de filmes, foram de US$ 28,75 bilhões, em comparação com as estimativas de US$ 28,17 bilhões, segundo dados da LSEG. As vendas de Macs foram de US$ 8,73 bilhões, contra estimativas de US$ 8,59 bilhões, e as vendas de iPads foram de US$ 6,95 bilhões, contra estimativas de US$ 6,98 bilhões.

As vendas da divisão de acessórios da Apple, que inclui os AirPods e o Apple Watch, foram de US$ 9,01 bilhões, em comparação com as estimativas de US$ 8,49 bilhões, segundo dados da LSEG.