Não há dados suficientes para afirmar que Tylenol causa autismo, diz chefe de saúde dos EUA

Por Susan Heavey e Ahmed Aboulenein

WASHINGTON, 29 Out (Reuters) - A principal autoridade de saúde de Donald Trump disse nesta quarta-feira que as evidências não comprovam que o analgésico Tylenol, da Kenvue KVUE.N, cause o autismo de forma definitiva, mas que ainda deve ser usado com cautela, um mês após o presidente dizer que as autoridades de saúde dos EUA iriam recomendar um limite para seu uso.

Os comentários do secretário de Saúde dos EUA, Robert F. Kennedy Jr., também ocorrem um dia após o Estado republicano do Texas processar a fabricante do medicamento, também conhecido como acetaminofeno, amplamente vendido há décadas.

"A associação causal (...) entre o Tylenol administrado durante a gravidez e os períodos perinatais não é suficiente para dizer de forma definitiva que ele causa autismo. Mas é muito sugestiva", disse Kennedy a jornalistas, citando estudos em animais, no sangue e observacionais.

"Deve-se ter uma abordagem cautelosa em relação a isso", acrescentou.

Trump, que não é médico, advertiu em setembro as mulheres grávidas contra o uso do medicamento sem citar qualquer evidência científica. Sua alegação não comprovada inicialmente atingiu as ações da empresa de saúde do consumidor, que foi desmembrada da Johnson & Johnson em 2023, e provocou a reação de muitos médicos.

A Kenvue tem defendido repetidamente o analgésico, dizendo que não há ligação científica com o autismo e alertando que tais sugestões podem colocar em risco a saúde materna.

A empresa pediu que a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) rejeite o pedido de um aviso sobre autismo no rótulo do Tylenol e, segundo informações, contratou um novo chefe de marketing.

"Concordamos, como disse o Secretário Kennedy, que a melhor mensagem para as mulheres grávidas é consultar o profissional de saúde antes de tomar acetaminofeno, que é o que o rótulo do Tylenol diz aos consumidores para fazer. Também concordamos que não existe uma associação causal definitiva entre o uso de acetaminofeno e o autismo", disse a empresa em um comunicado.

As ações da Kenvue caíram 1,4% no fechamento do mercado nesta quarta-feira.

(Reportagem de Susan Heavey e Ahmed Aboulenein, em Washington, e Kamal Choudhury, em Bengaluru)

((Tradução Redação Brasília))

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