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Boeing tem baixa contábil de quase US$5 bi com atraso em programa de jatos 777X

Reuters29 de out de 2025 às 16:08

Por Dan Catchpole e Shivansh Tiwary e Allison Lampert

- A Boeing BA.N adiou para 2027 a primeira entrega do programa de jatos 777X, já bastante atrasado, e registrou uma baixa contábil de quase US$5 bilhões no resultado do terceiro trimestre devido aos atrasos.

O 777X é fundamental para a estratégia de longo prazo da Boeing para aeronaves de fuselagem larga, anteriormente dominada pelos icônicos jatos 747 e 777.

No entanto, repetidos atrasos na certificação e na produção adiaram as entregas das aeronaves a clientes em anos, acumulando encargos superiores a US$15 bilhões e pressionando as finanças da companhia, ao mesmo tempo que abriram espaço para o concorrente A350, da Airbus, em um momento em que as viagens internacionais continuam a crescer.

No mês passado, o presidente-executivo da Boeing, Kelly Ortberg, disse que a empresa estava atrasada no cronograma de certificação do jato, afirmando que uma "montanha de trabalho" precisava ser feita, mas não mencionou um atraso adicional na primeira entrega, que estava prevista para 2026 naquela ocasião.

O executivo afirmou, no entanto, que nenhum novo problema técnico foi identificado no programa.

A Boeing realizou mais de 4.000 horas de testes de voo, mais que o dobro de um programa típico, disse Ortberg durante uma teleconferência com analistas nesta quarta-feira. "No entanto, ainda temos uma parte significativa do programa de certificação de testes de voo pela frente", acrescentou.

De acordo com o diretor-geral da consultoria AeroDynamic Advisory, Richard Aboulafia, a baixa contábil superou sua previsão, que considerava uma faixa de US$2 bilhões a US$4 bilhões. Embora não acredite que o encargo seja financeiramente devastador para a Boeing, ele disse que "levanta questões sobre outras surpresas que possam surgir".

Os atrasos e encargos devem-se em parte a desafios no processo de certificação, uma vez que a Boeing aguarda um marco importante antes da certificação final, disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com o assunto. A Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos não pôde ser contatada imediatamente para comentar.

Em contrapartida, a Boeing registrou no trimestre passado um fluxo de caixa livre de US$238 milhões, que se tornou positivo no terceiro trimestre pela primeira vez desde 2023. O acordo com o Departamento de Justiça dos EUA para evitar processos relacionados a duas quedas de jatos 737 MAX em 2018 e 2019 economizou à empresa cerca de US$700 milhões em multas que ela esperava pagar neste trimestre.

Após anos lidando com problemas de qualidade e atrasos na produção de seu principal modelo, o 737 MAX, a Boeing aumentou a produção mensal em 2025.

A companhia entregou 55 jatos em setembro, marcando o melhor desempenho para o mês desde 2018. Isso representou um salto significativo em relação às 33 entregas registradas um ano antes, quando uma greve envolvendo 33 mil operários nos EUA interrompeu a produção.

A empresa reduziu o trabalho "out of order", um indicador-chave da qualidade da produção, em 75% no programa 737 e em 60% em todos os programas, disse Ortberg em teleconferência nesta quarta-feira.

A fabricante de aviões teve prejuízo ajustado por ação de US$7,47 no trimestre encerrado em setembro, enquanto a média das previsões de analistas compiladas pela LSEG apontava resultado negativo de US$4,59 por ação. As receitas aumentaram 30%, para US$23,27 bilhões, acima das expectativas de US$21,97 bilhões.

(Reportagem de Shivansh Tiwary em Bengaluru e Dan Catchpole em Seattle)

((Tradução Redação São Paulo))

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