JPMorgan investirá até US$ 10 bilhões em segurança nacional dos EUA como parte de um compromisso de US$ 1,5 trilhão

Por Nupur Anand

NOVA YORK, 13 Out (Reuters) - O JPMorgan Chase JPM.N anunciou planos na segunda-feira para contratar banqueiros e investir até US$ 10 bilhões em empresas norte-americanas essenciais para a segurança nacional e a resiliência econômica, como parte de um compromisso mais amplo de US$ 1,5 trilhão.

A iniciativa de 10 anos visa facilitar, financiar e investir em indústrias essenciais para o crescimento da economia dos EUA, incluindo defesa, energia (link) e manufatura (link).

As ações do maior banco dos EUA subiram mais de 2%.

O JPMorgan disse que investirá US$ 10 bilhões por meio de investimentos diretos em capital próprio e capital de risco.

Presidente-executivo DIMON: INICIATIVA NÃO IMPULSIONADA POR TRUMP, '100% COMERCIAL'

O presidente dos EUA, Donald Trump (link) busca modernizar a infraestrutura e reduzir a dependência de cadeias de suprimentos estrangeiras, especialmente em setores como produtos farmacêuticos, semicondutores, energia limpa e minerais de terras raras.

Trump criticou o JPMorgan e seus rivais por "desbancarizar" clientes (link) - encerrando suas contas ou recusando-se a fazer negócios com eles - por suas crenças políticas ou religiosas.

O presidente-executivo do JPMorgan, Jamie Dimon, disse que os investimentos não foram impulsionados pelo governo Trump.

"Esta é uma iniciativa do JPMorgan", Dimon disse a jornalistas em uma ligação na qual foi questionado diversas vezes sobre o envolvimento do governo. Ele enfatizou que os investimentos seriam "100% comerciais" e não filantrópicos.

Trump reviveu uma guerra comercial (link) com Pequim na sexta-feira, encerrando uma trégua desconfortável entre as duas maiores economias do mundo com promessas de aumentar drasticamente as tarifas (link) depois que a China expandiu seus controles de exportação de terras raras (link). No entanto, mais tarde ele adotou um tom mais conciliatório, dizendo que esperava que a disputa fosse "breve" e que permanecia aberto a negociar com os líderes chineses.

“Tornou-se dolorosamente claro que os Estados Unidos (link) permitiram que se tornasse muito dependente de fontes não confiáveis de minerais, produtos e manufatura essenciais para nossa segurança nacional", disse Dimon em uma declaração anterior.

O JPMorgan disse que sua nova "iniciativa de segurança e resiliência" facilitaria o financiamento e o investimento em quatro setores estratégicos: cadeia de suprimentos e manufatura; defesa e aeroespacial (link); independência energética; e tecnologias de fronteira, como a inteligência artificial (link) e computação quântica.

A empresa disse que já havia planejado facilitar e financiar cerca de US$ 1 trilhão na próxima década para apoiar clientes nesses setores, de acordo com dados internos não divulgados anteriormente, mas aumentaria esse montante em 50%.

" A ação do JPMorgan deve promover boa vontade tanto com o governo quanto com o setor empresarial", escreveu Michael Ashley Schulman, sócio e diretor de investimentos da Running Point Capital Advisors, em uma nota.

"Os outros grandes bancos dos EUA já canalizam oceanos de crédito para defesa, energia e manufatura avançada, mas o JPMorgan uniu a atividade em um grande guarda-chuva patriótico com um conselho consultivo e um número que gera manchetes e atrai a atenção da mídia."

Alguns analistas discordaram.

"Esta iniciativa é diferente e única em termos de magnitude e comprometimento de tempo em relação ao que já vi em outros bancos. Esta é uma nova direção para iniciativas de sustentabilidade", disse Mike Mayo, analista do banco Wells Fargo.

EUA BUSCAM ACORDOS ENVOLVENDO DEZENAS DE EMPRESAS

O governo dos EUA está buscando acordos em até 30 setores, envolvendo dezenas de empresas consideradas críticas para a segurança nacional ou econômica, informou a Reuters (link) este mês.

O JPMorgan, que ajudou a montar o acordo do governo com a empresa norte-americana de mineração de terras raras, MP Materials (link) MP.N, disse em um podcast recente da empresa que o banco estava trabalhando com o governo Trump para explorar mais oportunidades como essa.

"Tivemos nada menos que 100 ligações com clientes para discutir a transação da MP, bem como o que isso significa para outros setores", disse Andrew Castaldo, codiretor de fusões e aquisições de empresas de médio porte do JPMorgan. "E fizemos inúmeras viagens a Washington para explorar essas oportunidades com o governo."

Dimon também enfatizou a necessidade de uma reforma política para acelerar o progresso, citando atrasos regulatórios e desafios da força de trabalho. (link)

"A América precisa de mais velocidade e investimento", disse ele.

QUATRO ÁREAS PRINCIPAIS DE INVESTIMENTO

As quatro principais áreas de investimento identificadas pela empresa foram divididas em 27 subsetores que vão desde a construção naval e energia nuclear (link) até nanomateriais e comunicações seguras. Essas áreas incluirão empresas de médio porte, bem como grandes clientes corporativos, acrescentou.

O banco planeja estabelecer um conselho consultivo externo composto por líderes dos setores público e privado, além de contratar mais banqueiros e profissionais de investimento.

Dimon disse que pretende contratar uma equipe de investimentos de primeira linha rapidamente, sem especificar quantos banqueiros ele planeja adicionar.

Mary Erdoes, presidenta-executiva da área de gestão de ativos e patrimônio do JPMorgan, e Doug Petno, co-presidente-executivo da área de banco comercial e de investimento, são os responsáveis pela condução da iniciativa. Ambos foram cotados como potenciais sucessores do presidente-executivo (link) para Dimon.

A empresa também expandirá a pesquisa sobre vulnerabilidades da cadeia de suprimentos e tecnologias emergentes usando seu recém-lançado Centro de Geopolítica.