Por John Revill
ZURIQUE, 4 Ago (Reuters) - O governo da Suíça está pronto para fazer uma "oferta mais atraente" nas negociações comerciais com os Estados Unidos, disse o gabinete nesta segunda-feira após uma reunião de crise com o objetivo de evitar uma tarifa de 39% dos EUA sobre as importações suíças.
O Conselho Federal estava determinado a prosseguir com as discussões com os Estados Unidos, se necessário, além do prazo de 7 de agosto que o presidente dos EUA, Donald Trump, estabeleceu para que a tarifa entre em vigor.
"A Suíça entra nessa nova fase pronta para apresentar uma oferta mais atraente, levando em conta as preocupações dos EUA e buscando aliviar a atual situação tarifária", disse em um comunicado, sem dar detalhes sobre o que o governo suíço pode oferecer.
A Suíça ficou atordoada na sexta-feira depois que Trump atingiu o país com uma das tarifas mais altas, com associações industriais alertando que dezenas de milhares de empregos estavam em risco.
As tarifas devem entrar em vigor na quinta-feira, dando ao país, que conta com os EUA como seu principal mercado de exportação de produtos farmacêuticos, relógios, maquinário e chocolates, uma pequena janela para fechar um acordo melhor.
A Casa Branca disse na sexta-feira que tomou a medida devido ao que chamou de recusa da Suíça em fazer "concessões significativas" com a eliminação de barreiras comerciais, chamando a atual relação comercial entre os dois países de "unilateral".
Líderes industriais e políticos estavam lutando para entender por que o país tem tratamento diferente - a UE, o Japão e a Coreia do Sul, por exemplo, enfrentam taxas de 15%.
Trump declarou que está buscando reequilibrar o comércio global, alegando que as relações comerciais atuais estão contra os Estados Unidos. E a Suíça teve um superávit comercial de 38,5 bilhões de francos suíços (US$48 bilhões) com os EUA no ano passado.
Mas a presidente da Suíça, Karin Keller-Sutter, disse à Reuters na sexta-feira que o país concedeu aos produtos norte-americanos acesso praticamente isento de impostos ao seu mercado, e as empresas suíças fizeram investimentos diretos muito importantes nos Estados Unidos.
"O presidente (Trump) está realmente focado no déficit comercial, porque ele acha que isso é uma perda para os Estados Unidos", disse ela à Reuters.
A União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul têm superávits comerciais maiores com os EUA - cerca de US$235 bilhões para a União Europeia, US$70 bilhões para o Japão e um superávit de quase US$56 bilhões para a Coreia do Sul.
O gabinete disse em seu comunicado que está comprometido em garantir um tratamento justo em comparação com seus principais concorrentes e que não estava considerando nenhuma contramedida no momento.
O ministro de Negócios da Suíça, Guy Parmelin, havia dito no fim de semana que o governo estava aberto a revisar sua oferta aos EUA em resposta à tarifa.
Ele disse que as opções incluíam a compra de gás natural liquefeito dos EUA pela Suíça ou mais investimentos de empresas suíças nos Estados Unidos.
(Reportagem adicional de Amanda Cooper)
((Tradução Redação São Paulo))
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