Aumento nas vendas do iPhone da Apple, impulsionado por tarifas, levanta dúvidas sobre sustentabilidade

Por Harshita Mary Varghese e Joel Jose

1 Ago (Reuters) - O melhor crescimento de receita da Apple em três anos não impressionou, com ações caindo cerca de 1% em negociações voláteis na sexta-feira, enquanto investidores questionavam se o aumento nas vendas do iPhone motivado por tarifas duraria.

A corrida para comprar iPhones antes dos potenciais aumentos de preços motivados por tarifas dos EUA, juntamente com os subsídios da China e a demanda otimista pelo modelo econômico 16e lançado em fevereiro, impulsionou um aumento de 13,5% nas vendas trimestrais do dispositivo, superando as expectativas.

Isso elevou a receita total em 10%, acima do esperado, no período de abril a junho, e a Apple divulgou uma previsão de vendas acima da estimativa para o trimestre atual, que termina em setembro.

Os resultados chegaram em um momento delicado para a empresa, há muito vista como a aposta mais segura das Big Techs. Além das ameaças tarifárias enfrentadas por seus polos de manufatura na China e na Índia, a Apple tem sido lenta em avançar na tecnologia de inteligência artificial, que seus rivais de software e dispositivos adotaram como seu próximo grande impulsionador de crescimento.

Analistas disseram que a recuperação das vendas na China, onde os rivais locais avançaram mais rápido que a Apple em recursos de IA, foi positiva. A empresa se beneficiou, no maior mercado de smartphones do mundo, de um programa de subsídios estatais destinado a impulsionar as vendas de dispositivos.

Mas eles também alertaram que o aumento da demanda deverá ser temporário, levantando dúvidas sobre a demanda para o resto do ano.

"Lembre-se de que o avanço não é uma questão dos EUA. É também uma questão da China. Lá, os iPhones modelo Pro da Apple eram caros demais para se qualificarem para os subsídios do governo chinês que estavam sendo oferecidos... então, eles cortaram os preços para se qualificarem, aproveitando a oportunidade de volume. Funcionou", disseram analistas da MoffettNathanson.

"Mas, assim como nos EUA, o que isso significa para o resto do ano?"

Até agora neste ano, as ações da Apple tiveram desempenho inferior ao de todas as suas concorrentes do "Magnificent Seven", com exceção da Tesla TSLA.O, com uma queda de mais de 17%. O S&P subiu 7,8% no período.

Muitos produtos da Apple estão atualmente isentos de tarifas, e a empresa também vem reequilibrando sua cadeia de suprimentos para se proteger dos impostos, comprando iPhones da Índia e outros produtos, como Macs e Apple Watches, do Vietnã.

Os EUA estão atualmente negociando acordos comerciais com a China e a Índia, com o presidente norte-americano Donald Trump dizendo que a Índia pode enfrentar tarifas de 25% já na sexta-feira.

A Apple disse que as tarifas aumentariam os custos em US$ 1,1 bilhão no trimestre atual, depois que a empresa disse que sofreu um prejuízo de US$ 800 milhões com tarifas no terceiro trimestre.

Sua estratégia de IA também continua sendo uma preocupação depois que a Apple adiou o lançamento de uma versão aprimorada por IA da assistente virtual Siri e demorou a lançar o Apple Intelligence.

O presidente-executivo Tim Cook disse na quinta-feira que a empresa estava fazendo um bom progresso na Siri e que a Apple estava "aumentando significativamente" seus investimentos em IA.

"A fidelidade à marca dá tempo à Apple para fazer a transição da IA corretamente, mas ela precisa começar a entregar resultados", disse Matt Britzman, analista sênior de ações da Hargreaves Lansdown.