Por Nora Eckert e Nathan Gomes
DETROIT, 30 Jul (Reuters) - A Ford Motor F.N disse nesta quarta-feira que seus resultados do segundo trimestre foram afetados em US$800 milhões pelas tarifas, um impacto menos pronunciado do que alguns de seus rivais norte-americanos, graças à forte base de fabricação doméstica da Ford.
Ainda assim, a montadora disse que as tarifas provavelmente custarão mais do que o esperado para o ano, aumentando a faixa mais alta de sua projeção em US$500 milhões, para US$3 bilhões.
As ações da Ford caíam cerca de 2% nas negociações pós-mercado.
A diretora financeira, Sherry House, disse que a Ford aumentou a projeção porque as tarifas sobre o México e o Canadá permaneceram mais altas por mais tempo do que o esperado. Ela também citou as elevadas taxas sobre o alumínio e o aço.
A montadora de Dearborn, Michigan, também emitiu previsão para os resultados anuais nesta quarta-feira, depois de suspendê-la em maio para avaliar o impacto das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.
A Ford disse que agora prevê registrar lucros ajustados para o ano inteiro antes de juros e impostos de US$6,5 bilhões a US$7,5 bilhões, abaixo de sua projeção de fevereiro de 2025, entre US$7,0 bilhões e US$8,5 bilhões.
No último trimestre, a gigante automobilística relatou uma queda de 21% nos ganhos por ação, para US$0,37. A Ford registrou um prejuízo líquido de US$36 milhões no trimestre, que, segundo a empresa, deveu-se principalmente a encargos especiais relacionados ao cancelamento de um SUV elétrico de três fileiras e a ações decorrentes de um recall de US$570 milhões.
A Ford registrou uma receita de US$50,2 bilhões no trimestre, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. A montadora conquistou participação de mercado dos rivais com programas de descontos agressivos e uma campanha "zero, zero, zero", que oferece aos compradores uma entrada zero, juros zero por 48 meses e pagamentos zero nos primeiros 90 dias na maioria de seus veículos.
Os veículos movidos a gasolina registraram um aumento de 15,5% no trimestre devido a essas ofertas. As ofertas de híbridos também foram populares entre os compradores no trimestre.
A Ford informou que os resultados do trimestre encerrado em junho foram US$800 milhões mais baixos devido às tarifas de Washington. A concorrente General MotorsGM.N relatou ventos contrários tarifários mais acentuados, com um impacto de US$1,1 bilhão no trimestre, em grande parte devido às importações de seus modelos básicos Chevrolet e Buick fabricados na Coreia do Sul.
A GM projetou um impacto tarifário de US$4 bilhões a US$5 bilhões para o ano, com planos para compensar 30% dessa despesa. A Ford disse que espera compensar US$1 bilhão de seus custos tarifários brutos.
A fabricante de jipes Stellantis STLAM.MI afirmou que as tarifas devem acrescentar US$1,7 bilhão em despesas para o ano.
A Casa Branca não respondeu a um email solicitando comentários sobre as projeções das montadoras. No passado, Trump disse que os impostos trarão a potência de fabricação e os empregos de volta aos EUA.
A Ford conta com produção doméstica para cerca de 80% dos veículos que vende nos EUA, cerca de 25% a mais do que suas duas rivais de Detroit, de acordo com a análise das importações do ano passado feita pela empresa de análise de negócios GlobalData.
Embora essa base tenha tornado a empresa mais resistente às tarifas, ela ainda enfrenta taxas sobre o alumínio, o aço e o cobre que abalaram o setor. Além disso, executivos disseram que a oferta reduzida de ímãs de terras raras provenientes da China interrompeu a produção neste trimestre."
Os investimentos em veículos elétricos e os problemas de qualidade da Ford permaneceram entre seus maiores desafios. A montadora espera perder até US$5,5 bilhões em seu negócio de EV e software em 2025, e registrou um prejuízo operacional de US$1,3 bilhão nesse segmento no trimestre. Espera-se que a eliminação de um crédito fiscal ao consumidor de US$7.500 em setembro também reduza o crescimento das vendas de veículos elétricos.
A montadora também está lutando contra problemas de qualidade dispendiosos e um volume de recalls que é o mais alto do setor. A redução desses problemas tem sido uma prioridade para o presidente-executivo da Ford, Jim Farley, desde que ele assumiu o cargo em 2020.
((Tradução Redação São Paulo))
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