Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO, 10 Jul (Reuters) - O dólar subia ante o real e o Ibovespa recuava nesta quinta-feira, conforme os investidores reagiam negativamente ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai impor uma tarifa de 50% sobre o Brasil a partir de 1º de agosto, o que gerava incerteza sobre os impactos econômicos no país.
Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na quarta-feira, Trump alegou medidas judiciais do Supremo Tribunal Federal (STF) que ele considera injustas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado por tentativa de golpe de Estado, e contra as "big techs" norte-americanas.
Em resposta a Trump, Lula afirmou que qualquer medida unilateral de elevação de tarifas será respondida com reciprocidade, destacando que o Brasil é um "país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém".
As incertezas sobre os impactos econômicos da medida, a possível retaliação do Brasil e as perspectivas para negociação, uma vez que as razões de Trump são majoritariamente políticas, geravam aversão ao risco, prejudicando a moeda brasileira e as ações do país.
"O anúncio de Trump constitui uma medida unilateral e que leva a um perde-perde. Perde a economia dos EUA, porque aumentam os custos para os norte-americanos, perde a economia brasileira, porque retira a competitividade das exportações do Brasil para os EUA", disse Gesner Oliveira, sócio da GO Associados em nota.
Às 13h26, o dólar à vista BRBY subia 0,49%, a R$5,5307 na venda, depois de atingir R$5,6212 mais cedo.
O Ibovespa .BVSP, por sua vez, recuava 0,33%, a 137.027,88 pontos, tendo caído anteriormente a 136.014,47 pontos.
Nos mercados globais, o foco também estava em torno da política comercial dos EUA, mas o sentimento era mais otimista, já que, para além do Brasil, as cartas tarifárias de Trump a outros países têm se concentrado em parceiros menores e sinalizado tarifas menos surpreendentes.
As atenções sobre a questão comercial ainda faziam os investidores nacionais deixarem de lado os dados do IPCA de junho, divulgados pelo IBGE nesta quinta, que confirmaram o descumprimento da meta de inflação nos primeiros seis meses de 2025, o que implica o envio de carta aberta pelo Banco Central.