Atividade econômica dos EUA desacelera conforme tarifas pressionam preços, diz Fed

4 Jun (Reuters) - A atividade econômica dos Estados Unidos desacelerou e as taxas tarifárias mais altas impulsionaram os custos e os preços nas semanas desde que formuladores de política monetária do Federal Reserve se reuniram pela última vez para definir a taxa básica de juros, disse o banco central norte-americano nesta quarta-feira em seu mais recente retrato da economia do país.

"No geral, as perspectivas permanecem ligeiramente pessimistas e incertas, inalteradas em relação ao relatório anterior", de acordo com o documento, conhecido como "Livro Bege" e que se baseia em pesquisas, entrevistas e falas coletadas dos contatos comerciais e comunitários de cada um dos 12 bancos regionais do Fed até 23 de maio. "Houve relatos generalizados de contatos que esperam que os custos e os preços aumentem a uma taxa mais rápida no futuro."

O Fed tem mantido sua taxa básica na faixa atual de 4,25% a 4,50% desde dezembro e espera-se que a mantenha por mais alguns meses, enquanto autoridades avaliam o impacto das políticas comerciais e outras políticas do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a inflação e o mercado de trabalho.

Como o impacto até agora não é óbvio nos relatórios mensais regulares do governo, formuladores de política monetária do Fed dizem que estão valorizando dados mais oportunos, incluindo as experiências cotidianas de empresas e famílias, como as registradas no Livro Bege e que sugerem um impacto generalizado, embora desigual, das tarifas de Trump.

Em janeiro, todos os 12 distritos do Fed relataram crescimento econômico, enquanto o último relatório mostrou que apenas três fizeram o mesmo, enquanto metade relatou desaceleração econômica.

A maioria dos distritos informou que o nível de emprego está "estável".

O índice PCE aumentou apenas 2,1% em abril na base anual, a menor leitura em quatro anos e apenas um pouco acima da meta de inflação de 2% do Fed.

Economistas esperam que dados previstos para sexta-feira mostrem que os empregadores dos EUA criaram 130.000 vagas no mês passado, abaixo dos 177.000 de abril, mas ainda acima dos cerca de 100.000 considerados adequados para um mercado de trabalho saudável.

Analistas dizem que preveem a deterioração dos dados da inflação e do mercado de trabalho, e o Livro Bege sugere que isso está acontecendo até certo ponto.

Outros dados baseados em pesquisas também mostram essa deterioração, incluindo dados do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) de mais cedo nesta quarta-feira, que mostraram que o setor de serviços contraiu pela primeira vez em quase um ano em maio, enquanto empresas pagaram preços mais altos por insumos.

A ameaça da desaceleração do crescimento e da aceleração da inflação representa um dilema específico para o Fed, que só pode combater um desses problemas de cada vez.

(Por Ann Saphir)

((Tradução Redação Brasília))

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