Por Ananya Mariam Rajesh e Siddharth Cavale
15 Mai (Reuters) - O Walmart WMT.N terá que começar a aumentar preços ainda neste mês devido ao alto custo das tarifas de importação, disseram executivos do varejista norte-americana nesta quinta-feira, quando a companhia divulgou um desempenho de vendas comparáveis acima das expectativas para o primeiro trimestre.
A companhia também evitou divulgar previsões de lucro para o segundo trimestre, em meio à incerteza em torno das tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prejudicaram o comércio mundial, acompanhando o movimento de outras companhias.
"Faremos o melhor para manter nossos preços o mais baixo possível, mas dada a magnitude das tarifas, mesmo com os níveis reduzidos anunciados esta semana, não seremos capazes de absorver toda a pressão, dada a realidade das margens estreitas do varejo", disse o presidente-executivo, Doug McMillon, em comunicado.
Os consumidores dos EUA começarão a ver os preços subirem no final de maio e certamente em junho, disse o diretor financeiro do Walmart, John David Rainey, em uma entrevista à CNBC.
Analistas disseram que o Walmart pode pressionar seus fornecedores e aumentar a eficiência para proteger os clientes de tarifas, mas eles só podem fazer isso por um tempo.
"Provavelmente haverá algum efeito negativo na demanda por causa das tarifas, (mas) um desastre completo é improvável", disse Brian Jacobsen, economista-chefe da Annex Wealth Management.
O analista Joseph Feldman, do Telsey Advisory Group, disse que espera que o Walmart tenha mais flexibilidade na distribuição dos aumentos de preços devido à ampla gama de produtos que oferece, o que pode tornar os reajustes menos indigestos para os consumidores.
"Minha opinião é que o Walmart administrará (as tarifas) melhor do que quase todos os outros varejistas e conseguirá continuar gerando lucro sólido", disse Feldman.
Nesta quinta-feira, o maior varejista dos EUA manteve sua previsão anual de vendas e lucro para o ano fiscal de 2026. A companhia continua esperando lucro ajustado por ação para o ano fiscal a se encerrar em janeiro de 2026 na faixa de US$2,50 a US$2,60 e que as vendas anuais aumentem entre 3% e 4%.
A empresa também estimou que as vendas líquidas consolidadas do segundo trimestre mostrem expansão entre 3,5% e 4,5%, em comparação com as expectativas de crescimento de 3,46%.
Mas, conforme os desdobramentos de curto prazo se ampliam e se tornam difíceis de prever, a empresa está retendo as previsões de crescimento da receita operacional e lucro por ação do segundo trimestre, disse o diretor financeiro do Walmart.
"Com uma visão mais ampla para o ano inteiro, acreditamos que podemos navegar bem e atingir nossa previsão para o ano inteiro", acrescentou.
TRIMESTRE
O Walmart é um termômetro da saúde do consumidor nos EUA e a primeira empresa a divulgar os resultados do setor varejista norte-americano. Seu balanço oferece pistas sobre como o setor está lidando com a volatilidade econômica causada pelas tarifas intermitentes impostas a vários países, incluindo a China.
As vendas mesmas lojas no primeiro trimestre cresceram 4,5%, impulsionadas por aumentos tanto nas transações quanto no volume de unidades, informou a empresa. As transações aumentaram 1,6%, enquanto o gasto médio no caixa aumentou 2,8%.
Analistas esperavam um aumento de 3,94% nas vendas nas mesmas lojas nos EUA, de acordo com a média de previsões compiladas pela LSEG. As vendas líquidas subiram 2,5%, para US$165,6 bilhões, um pouco abaixo das estimativas.
As vendas do Walmart no comércio eletrônico nos EUA aumentaram 21%, enquanto as globais cresceram 22%. Esta foi a primeira vez que o e-commerce da companhia atingiu um trimestre inteiro de lucratividade, beneficiando-se de negócios com margens mais altas, incluindo publicidade online e seu marketplace, afirmou a empresa.
A varejista reportou um lucro trimestral ajustado de US$0,61 por ação. Analistas esperavam US$0,58 por ação.
((Tradução Redação São Paulo))
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