"Remédio" tarifário de Trump engole mercados, acções EUA em 'spin' após falar-se em pausa

WASHINGTON/BRUXELAS, 7 Abr (Reuters) - Os planos tarifários do Presidente Donald Trump voltaram a abalar os mercados globais, esta segunda-feira, após este ter dito que os governos estrangeiros teriam de pagar "muito dinheiro" para que as taxas fossem retiradas, enquanto que as acções norte-americanas tiveram uma breve subida com insinuações de uma pausa, apenas para deslizarem novamente.

As acções asiáticas e europeias afundaram e os preços do petróleo caíram a pique, já que os investidores temem que os direitos que Trump comparou, no fim de semana, a "remédios para curar alguma coisa" pudessem levar a preços mais altos, a uma procura mais fraca e, potencialmente, a uma recessão global.

As acções norte-americanas também caíram inicialmente, mas recuperaram, após o conselheiro da Casa Branca, Kevin Hassett, ter dito, segundo a CNBC, que Trump estava a considerar uma pausa de 90 dias nas tarifas para todos os países, excepto para a China. As acções voltaram a cair, após a emissora ter citado a Casa Branca como tendo dito que o comentário sobre a pausa era uma "notícia falsa".

A UE, que tem estado dividida quanto à forma de reagir contra Washington, sem correr o risco de agravar a situação das suas empresas e dos seus consumidores, afirmou que pretende negociar, mas que também está disposta a retaliar. A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a UE tinha oferecido a Trump tarifas "zero por zero" sobre bens industriais.

A Goldman Sachs aumentou as probabilidades de uma recessão nos Estados Unidos para 45% nos próximos 12 meses, juntando-se a outros bancos de investimento na revisão das suas previsões. Os economistas da JPMorgan estimam agora que as tarifas vão empurrar a economia dos Estados Unidos para uma contracção de 0,3% face a uma estimativa anterior de crescimento de 1,3% do Produto Interno Bruto.

Trump não mostrou nenhum sinal de relaxamento da sua política tarifária no começo desta segunda-feira, criticando a China por contra-atacar com tarifas retaliatórias, tendo repetido um apelo para que a Reserva Federal dos Estados Unidos corte as taxas de juro.

"Os Estados Unidos têm a oportunidade de fazer algo que deveria ter sido feito DÉCADAS ATRÁS. Não sejam fracos! Não sejam estúpidos!", escreveu nas redes sociais.

Falando aos repórteres no domingo, a bordo do Air Force One, também ignorou as perdas que eliminaram milhões de milhões de dólares dos mercados bolsistas mundiais.

"Não quero que nada caia. Mas, por vezes, é preciso tomar um remédio para curar alguma coisa", disse ao regressar de um fim-de-semana de golfe na Flórida.

Texto integral em inglês: nL2N3QL03H