GRÁFICO-Investidores se surpreendem com tarifas de Trump e se preparam para choque no crescimento

Por Naomi Rovnick e Yoruk Bahceli e Harry Robertson

LONDRES, 3 Abr (Reuters) - Grandes investidores que estão se recuperando do choque das novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na quarta-feira estão abrindo seus manuais de recessão e buscando a diversificação de seus ativos, afastando-se das ações de Wall Street e do dólar.

Na véspera, Trump impôs tarifas mais pesadas sobre os parceiros comerciais do que os investidores esperavam, anunciando uma tarifa de 10% sobre todas as importações, incluindo 34% sobre a China e 20% sobre a União Europeia, elevando o nível geral de tarifas dos EUA ao seu maior nível desde 1910.

A questão é saber até que ponto as medidas são uma tática de negociação, o quanto os parceiros dos EUA retaliarão e a velocidade com que as consequências das tarifas se transformam em impacto econômico.

Veja a seguir alguns mercados em foco no momento:

1/ RISCO DE RECESSÃO

Com as tarifas possivelmente no caminho de atingir o crescimento econômico e aumentar as chances de uma recessão global, não é surpresa que os investidores estejam aumentando suas apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve.

Eles agora veem mais de 80 pontos-base de cortes pelo banco central dos EUA neste ano, contra cerca de 70 pontos antes do anúncio de Trump. 0#USDIRPR

Mesmo antes do anúncio de quarta-feira, o JPMorgan via uma chance de 40% de uma recessão nos EUA neste ano.

"Não sabemos onde essas tarifas vão parar, mas isso é negativo para o crescimento global", disse o CIO da Columbia Threadneedle Investments, William Davies.

2/ DÓLAR ENFRAQUECIDO

O dólar recuava mais de 1,5% em relação a uma cesta de moedas fortes nesta quinta-feira, elevando sua perda para mais de 6% até agora neste ano, com os investidores evitando-o como um ativo seguro por enquanto.

Há um nervosismo pelo fato de que todos perdem em termos de crescimento e os EUA são um dos maiores perdedores", disse Kit Juckes, estrategista-chefe de moedas do Société Générale.

O euro subia acima de US$1,10 e teve seu maior salto diário desde 2015 EUR=EBS, apesar das pesadas medidas contra a União Europeia.

Juckes disse que, embora as tarifas prejudiquem a economia da Europa no curto prazo, ele espera um crescimento mais forte no futuro, devido ao estímulo fiscal maciço e gastos com defesa da Alemanha.

3/ PESADELO EM WALL STREET

As ações de Wall Street já caíram 3,5% neste ano e podem registrar outra forte queda nas próximas horas.

"Os EUA têm mostrado sinais de fraqueza recentemente e não há nada no que está acontecendo agora que os ajude no curto e médio prazo", disse Neil Birrell, CIO da Premier Miton.

Investidores compraram US$62 trilhões em ativos dos EUA durante uma vertiginosa alta das ações, fomentada pelo otimismo em relação à inteligência artificial, que agora está se revertendo.

Jacob Falkencrone, chefe global de estratégia de investimentos do Saxo, acrescentou que o aumento na taxa tarifária dos EUA foi um imposto sobre o consumo e os custos corporativos, especialmente para os setores que dependem de importações.

"O resultado? Preços mais altos, margens mais apertadas, crescimento mais fraco - e um risco maior de recessão."

4/ RETORNO À SEGURANÇA

Embora estejam evitando o dólar, os investidores ainda estão correndo para os seguros títulos do Tesouro dos EUA.

O rendimento do Treasury de dez anos US10YT=RR --referência global para decisões de investimento-- caía 16 pontos-base, a 4,034%.

Essa é uma reviravolta notável em relação a janeiro, quando ele subiu acima de 4,8%, já que os mercados se concentravam na dívida pesada e nos níveis de déficit dos EUA.

O diretor de investimentos da Marlborough, Sheldon MacDonald, disse que os riscos de recessão "acenderiam um fogo" nas negociações de títulos, acrescentando que ele havia saído dos mercados acionários dos EUA para assumir uma posição forte em títulos dos EUA, do Reino Unido e da Alemanha.

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075))

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