Ações farmacêuticas sobrevivem à derrocada do mercado com isenção tarifária, mas a incerteza continua

Por Maggie Fick e Kashish Tandon

3 Abr (Reuters) - As ações das farmacêuticas ganharam um alívio temporário na quinta-feira, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, poupou produtos farmacêuticos de tarifas recíprocas, mas executivos e analistas alertaram que era prematuro comemorar, pois as tarifas ainda provavelmente viriam.

Trump impôs uma tarifa de 10% (link) na maioria das importações dos EUA, bem como taxas muito mais elevadas sobre dezenas de rivais e aliados, mas isentou temporariamente alguns bens, incluindo produtos farmacêuticos, beneficiando os principais exportadores, incluindo a Índia, o Japão e a Irlanda (link).

As ações das farmacêuticas americanas AbbVie ABBV.N e Johnson & Johnson JNJ.N subiram cerca de 2%, desafiando a queda mais ampla do mercado (link).

Em todos os continentes, as ações dos fabricantes de medicamentos indianos e europeus .SXDP subiram, num sinal de alívio pelo facto de os produtos farmacêuticos permanecerem, por enquanto, fora da mira (link) das guerras comerciais.

Uma autoridade dos EUA disse na quarta-feira que o presidente planeja tarifas separadas visando o setor farmacêutico.

Em seu anúncio no Jardim das Rosas da Casa Branca, Trump mais uma vez citou a indústria, prevendo que as empresas farmacêuticas "voltarão com força" para os EUA e alertando que, se não o fizerem, "terão um grande imposto a pagar".

"A administração reforçou a necessidade de manter uma capacidade de fabricação doméstica robusta e resiliente em produtos farmacêuticos", Stephen Farrelly, líder global de pharma & healthcare no ING. "Então, está sendo destacado como um setor que eles precisam repatriar."

AS PREOCUPAÇÕES PERSISTE

Muitos na indústria previram que a recente incerteza sobre as tarifas continuaria a lançar uma sombra sobre os fabricantes de medicamentos (link).

"A única coisa que parece certa é mais incerteza", disse a analista do Barclays Emily Field à Reuters.

Uma fonte de uma farmacêutica europeia disse que o sentido das tarifas do setor farmacêutico era: "Não é hoje, mas está chegando".

A decreto de Trump listou produtos farmacêuticos junto com madeira, semicondutores e outros setores que poderiam estar sujeitos a investigação sob a Seção 232 da Lei de Comércio dos EUA de 1962.

Os custos de fabricação dos EUA para empresas farmacêuticas aumentarão, pois tarifas específicas de cada país afetarão suprimentos essenciais, como produtos químicos orgânicos e artigos de vidro usados para fazer produtos farmacêuticos, disseram analistas da Bernstein em uma nota. Eles calcularam um risco adicional de custo de importação de US$ 45 bilhões para a indústria farmacêutica.

Analistas da Jefferies disseram que a Biogen BIIB.O e a Amgen AMGN.O estavam entre as farmacêuticas com maior exposição fora dos EUA, enquanto o UBS destacou que a AbbVie ABBV.N e a MSD MRK.N tinham produção significativa no exterior.

Dispositivos médicos e equipamentos de diagnóstico não parecem estar isentos, e ações de empresas como GE Healthcare GEHC.O e DexCom DXCM.O caíram cerca de 6%.

O grupo da indústria de dispositivos médicos AdvaMed disse que as tarifas provavelmente levariam a cortes nos gastos com pesquisa e desenvolvimento e ameaçariam a posição dos EUA como líder em inovação no setor de tecnologia médica.