Por Davide Barbuscia
NOVA YORK, 28 Mar (Reuters) - Os rendimentos dos Treasuries recuavam nesta sexta-feira, com investidores avaliando o provável impacto negativo das tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o crescimento, junto de uma inflação persistentemente acima da meta do Federal Reserve.
Um relatório do Departamento de Comércio mostrou que o índice PCE subiu conforme esperado por economistas consultados pela Reuters.
Entretanto, excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice aumentou 2,8% em fevereiro ante o ano anterior, superando a previsão de ganho de 2,7%, enquanto os gastos dos consumidores se recuperaram após a queda em janeiro.
Enquanto isso, uma onda de tarifas recíprocas que Trump planeja anunciar na próxima semana continuava pairando sobre os mercados, com investidores nervosos sobre a extensão das taxas de importação.
"O mercado de títulos e os mercados em geral estão consternados com o crescimento mais suave em comparação com a inflação mais alta e persistente", disse George Cipolloni, gerente de portfólio da Penn Mutual Asset Management.
"O número do PCE hoje foi mais uma impressão de 'estagflação'... Esse não é o melhor ambiente para se estar."
A "estagflação" é uma combinação de crescimento lento e inflação alta que assombrou os EUA na década de 1970. Com a ameaça de mais tarifas, "parece que (a estagflação) será um resultado cada vez mais provável, em termos de um crescimento mais lento e um ambiente de alto custo", disse Cipolloni.
Os rendimentos dos Treasuries, que se movem inversamente aos preços e já estavam mais baixos no dia, subiram imediatamente após os dados do PCE, mas depois reduziram esses aumentos e continuaram caindo.
Operadores de futuros da taxa de juros do Fed estavam apostando em um total de cerca de 73 pontos-base em cortes de juros neste ano, cerca de 10 pontos-base a mais do que antes da divulgação do PCE, de acordo com dados da LSEG.
Os rendimentos do Treasury de referência de dez anos US10YT=RR caía 11 pontos-base, para 4,255%, a maior queda diária desde 13 de fevereiro.
Os retornos da nota de dois anos US2YT=RR, que refletem as expectativas de mudanças de curto prazo na política monetária, perdiam cerca de 9 pontos-base, sua maior baixa diária desde 10 de março, para 3,908%, o menor nível em mais de duas semanas.
Enquanto isso, a curva de juros, medida pelo spread entre os rendimentos de dois e dez anos US2US10=TWEB, estava em cerca de 34 pontos-base.
((Tradução Redação Brasília))
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