Por Karen Brettell
NOVA YORK, 8 Jan (Reuters) - Os rendimentos de Treasuries de longo prazo subiram para os maiores níveis em vários meses, superando a alta dos rendimentos de prazos mais curtos, com parte da disparidade refletindo a expectativa de que o novo governo Trump precisará mudar o foco atual de depender mais da dívida de curto prazo, dizem operadores.
A Secretária do Tesouro do presidente Joe Biden, Janet Yellen, aumentou as vendas de títulos dos Treasuries, dívidas com vencimento em um ano ou menos, que tiveram forte demanda dos investidores do mercado monetário.
Mas isso fez com que a parcela de letras ficasse acima dos níveis recomendados para a dívida total em aberto, um processo que provavelmente precisará ser resolvido pelo indicado pelo presidente eleito Donald Trump para chefiar o Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
"O mercado está criando um prêmio de prazo maior na ponta longa para levar em conta a situação fiscal, o déficit e, potencialmente, muito mais emissões na ponta longa da curva, à medida que a política de Yellen for sendo revertida", disse Dan Mulholland, chefe de taxas, negociação e vendas da Crews & Associates.
Os rendimentos de dez anos estavam abaixo dos retornos das notas de dois anos até por volta de setembro e têm aumentado em um ritmo mais rápido desde junho. Os yields de dez anos atingiram 4,73% nesta quarta-feira, o maior nível desde abril, enquanto os rendimentos de dois anos se mantinham relativamente estáveis em 4,27%.
Operadores dizem que a oferta abundante de dívida de curto prazo foi um fator que manteve a curva de rendimento do Tesouro dos EUA invertida por mais tempo do que o normal, por volta de julho de 2022 a setembro, o que agora está sendo revertido.
A dívida pendente do Tesouro dos EUA subiu de 23 trilhões de dólares no final de 2019 para 36 trilhões de dólares, à medida que o governo depende mais da dívida para financiar os gastos e cobrir seu déficit orçamentário, que analistas esperam que continue a piorar no futuro próximo.
Os Treasuries agora representam 22% da dívida, acima da recomendação de 15% a 20% do Comitê Consultivo de Empréstimos do Tesouro dos EUA.
Eles atingiram 25% em 2020, à medida que o governo aumentou os gastos relacionados ao fechamento de empresas relacionadas à Covid. Em seguida, caíram para cerca de 15% em 2022, mas, desde então, passaram a representar uma parcela maior da emissão total da dívida.
((Tradução Redação Brasília))
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