MERCADOS GLOBAIS-Rendimentos dos Treasuries seguem em alta com temores de tarifas e esperanças de crescimento, ações sofrem

Por Alun John

LONDRES, 8 Jan (Reuters) - A venda global de títulos continuava nesta quarta-feira, prejudicando as ações e impulsionando o dólar, devido a evidências de que a economia dos EUA está em boa saúde, provavelmente limitando novos cortes nas taxas, e com novas notícias sobre as tarifas dos EUA.

O rendimento dos Treasuries de 10 anos subia para 4,73%, seu maior valor desde abril de 2024, após alta de 7 pontos-base na terça-feira. US10YT=RR US/

A venda de títulos acelerou após uma reportagem da CNN dizendo que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, está considerando declarar uma emergência econômica nacional para fornecer justificativa legal para a imposição de uma série de tarifas de importação universais.

Isso alimenta a incerteza dos investidores, o que, segundo os analistas, já está causando um aumento no rendimento adicional que os investidores exigem para compensar a incerteza de investir em títulos com prazos mais longos.

A reportagem e os rendimentos mais altos também prejudicavam as ações, com os três principais índices de referência de ações dos EUA abrindo ligeiramente em baixa, ampliando as quedas de terça-feira. N

O Dow Jones .DJI caía 0,26%, a 42.417,35 pontos. O S&P 500 .SPX tinha queda de 0,24%, a 5.894,82 pontos, enquanto o Nasdaq Composite .IXIC recuava 0,28%, a 19.434,99 pontos.

O índice STOXX 600 .STOXX perdia 0,38%, para 512,73 pontos, devolvendo um ganho anterior, após a reportagem da CNN.

ECONOMIA FORTE

Nas últimas semanas, dados econômicos fortes dos EUA também pesaram sobre os títulos dos Treasuries, o que fez com que os investidores reduzissem suas expectativas quanto ao tamanho dos cortes nas taxas do Federal Reserve este ano.

Os mercados estão precificando apenas um corte de 25 pontos-base nas taxas em 2025 e veem cerca de 60% de chance de um segundo corte.

Esse quadro foi um pouco complicado na quarta-feira pelo Relatório Nacional de Emprego da ADP, que mostrou que as folhas de pagamento privadas aumentaram em 122.000 empregos no mês passado, abaixo dos 140.000 que os economistas consultados pela Reuters esperavam.

Entretanto, um relatório separado do Departamento do Trabalho mostrou que os pedidos de auxílio-desemprego ficaram em 201.000 na semana passada, abaixo das estimativas de 218.000, e números de terça-feira mostraram que as vagas de emprego nos EUA aumentaram inesperadamente em novembro.

Os dados da folha de pagamento não agrícola de sexta-feira fornecerão o quadro mais definitivo.

"Obviamente, o grande tema da semana são os rendimentos mais altos dos EUA e o dólar mais forte", disse Samy Chaar, economista-chefe da Lombard Odier.

"O ciclo dos EUA é um ciclo liderado pelo consumo e pelo crescimento da renda, e quando você o analisa por esse ângulo, ele dá muita importância aos mercados de trabalho - para que ele continue, as pessoas precisam ter um emprego e renda, e é por isso que o mercado reagiu tanto aos dados (de vagas de emprego)."

"O segundo tema são os comentários políticos erráticos e voláteis."

As ações eólicas europeias sofreram uma derrota na quarta-feira depois que Trump chamou as turbinas de "lixo", enquanto as ações de defesa .SXPARO ganharam depois que ele pediu maiores gastos com defesa dos aliados da OTAN.

REINO UNIDO

A reação nos mercados britânicos na quarta-feira era mais dramática do que em outros lugares.

O rendimento do gilt britânico de 10 anos GB10YT=RR subiu mais de 11 bps, para 4,80%, seu maior valor desde 2008, enquanto a libra caiu 1,15% em relação ao dólar, para 1,2335 dólar, GBP=D3 e as ações britânicas de média capitalização com foco doméstico caíram 1,76%. .FTMCGB/ .L

Os rendimentos dos Bunds alemães de 10 anos subiram apenas 4 bps e o euro EUR=EBS> caiu 0,5%, para 1,0286 dólar. GVD/EUR FRX/

"Parece que há muita negatividade em torno do Reino Unido", disse Lyn Graham-Taylor, estrategista sênior de taxas do Rabobank

"Esse aumento nos rendimentos está aumentando a chance de o espaço fiscal cair para zero, de modo que há uma maior probabilidade de ter que aumentar os impostos ou cortar gastos no próximo orçamento."

Os mercados chineses foram novamente o foco. As blue-chips onshore e de Hong Kong caíram 1,7% cada uma no início do dia, mas se recuperaram e fecharam apenas em território negativo, com os investidores digerindo os esforços mais recentes de Pequim para acalmar os nervos dos investidores após um início de ano econômico vacilante. .SS