
Por Humeyra Pamuk
WASHINGTON, 24 Dez (Reuters) - Senadores democratas pediram nesta quarta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reverta a destituição de quase 30 embaixadores de carreira, alertando que a medida deixa um perigoso vácuo de liderança que permite que adversários como a Rússia e a China expandam sua influência.
Nos últimos dias, o governo Trump ordenou que diplomatas de carreira em serviço na Europa, na Ásia, na África e na América Latina retornassem a Washington para garantir que as missões norte-americanas no exterior reflitam suas prioridades de "America First" (América Primeiro).
O Departamento de Estado não indicou como ou quando substituirá os embaixadores. Um alto funcionário do departamento afirmou na segunda-feira que as destituições são "um processo padrão em qualquer administração".
Mas os dez democratas da Comissão de Relações Exteriores do Senado que redigiram a carta a Trump disseram que as repentinas demissões em massa foram uma "medida sem precedentes", que nenhuma outra administração havia tomado desde que o Congresso estabeleceu o Serviço Exterior moderno, há um século. Eles afirmaram ainda que não há nenhum plano para substituir os diplomatas por candidatos qualificados.
As remoções elevam o número de cargos de embaixadores dos EUA vagos para bem mais de 100, cerca de metade de todos os cargos desse tipo no mundo, disseram os senadores em carta vista pela Reuters. Eles afirmaram que 80 cargos estavam vagos antes da decisão.
"Enquanto as mais de 100 embaixadas dos EUA, sem liderança sênior, aguardam um novo embaixador americano, a China, a Rússia e outros países manterão comunicação regular com os líderes estrangeiros que teremos efetivamente abandonado, permitindo que nossos adversários expandam seu alcance e influência para limitar, e até mesmo prejudicar, os interesses dos EUA", disseram os democratas em sua carta.
A Casa Branca encaminhou as perguntas sobre a carta ao Departamento de Estado. Um porta-voz do departamento não respondeu às perguntas sobre o conteúdo da carta, mas acusou os democratas de bloquearem as nomeações de embaixadores.
"Os senadores democratas se envolveram em uma obstrução sem precedentes das nomeações do presidente Trump, incluindo embaixadores e outros diplomatas de alto escalão", disse o porta-voz.
Os republicanos, que controlam o Senado, mudaram as regras em setembro em resposta ao que consideram uma manobra dos democratas para atrasar a nomeação de indicados de Trump para diversos cargos no governo.
(Reportagem de Humeyra Pamuk; reportagem adicional de Trevor Hunnicutt)
((Tradução Redação São Paulo))
REUTERS FDC