
Por Andreas Rinke e Tom Balmforth e Steve Holland
BERLIM/WASHINGTON, 15 Dez (Reuters) - Os Estados Unidos se ofereceram para fornecer garantias de segurança no estilo da Otan para Kiev, conforme os negociadores norte-americanos e europeus relataram progresso nas conversações nesta segunda-feira para acabar com a guerra com a Rússia, mas um acordo sobre concessões territoriais permaneceu indefinido.
Enviados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fizeram a oferta sem precedentes nas conversações com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em Berlim, disseram autoridades norte-americanas, mas advertiram que tal acordo não estaria na mesa para sempre.
As conversas na capital alemã despertaram certo otimismo dos líderes europeus em um caminho para acabar com o conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, Moscou ainda não concordou com nenhuma das mudanças discutidas na Alemanha e não indicou nenhuma disposição para fazê-lo.
"Estamos tentando fazer isso", disse Trump sobre um acordo para acabar com a guerra, falando na Casa Branca depois de ter participado por telefone de um jantar envolvendo as principais autoridades em Berlim. "Tivemos várias conversas com o presidente Putin da Rússia, e acho que estamos mais próximos agora do que nunca e veremos o que podemos fazer", acrescentou Trump.
Os líderes europeus receberam com cautela a aparente mudança do governo Trump em relação às garantias de segurança para a Ucrânia.
"Pela primeira vez desde o início da guerra, a possibilidade de um cessar-fogo é concebível", disse o chanceler alemão, Friedrich Merz, que sediou as reuniões, em um post no X.
"Hoje tive a sensação, pela primeira vez... de que todos estavam se comportando como aliados de um mesmo campo", disse o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, aos repórteres em seu avião, após deixar Berlim. "Pela primeira vez, ouvi da boca dos negociadores norte-americanos... que os Estados Unidos se envolveriam em garantias de segurança para a Ucrânia de tal forma que os russos não teriam dúvidas de que a resposta norte-americana seria militar se os russos atacassem a Ucrânia novamente."
O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse que a questão das garantias de segurança havia se tornado "mais clara e mais confiável", o que ele chamou de um passo importante em direção à paz sustentável. "Mas ainda restam muitas questões difíceis, principalmente sobre os territórios e se a Rússia quer mesmo a paz", disse Kristersson em uma declaração após as negociações em Berlim.
CONCESSÕES TERRITORIAIS
Os EUA estão pressionando a Ucrânia a retirar suas forças da região oriental de Donetsk, segundo uma autoridade familiarizada com o assunto, no que seria uma concessão maciça que poderia causar uma reação feroz na Ucrânia.
Classificando a questão das concessões territoriais de "dolorosa", Zelenskiy disse aos repórteres mais tarde: "Falando francamente, ainda temos posições diferentes". Mas ele disse que acreditava que os mediadores dos EUA ajudariam a chegar a um acordo.
Os negociadores de Kiev continuarão as consultas com seus homólogos norte-americanos, disse ele, acrescentando que a Ucrânia precisava de um entendimento concreto sobre as garantias de segurança, incluindo o monitoramento de um cessar-fogo, antes de tomar qualquer decisão relacionada às linhas de frente da guerra.
"Não acho que os (EUA) tenham exigido nada", disse Zelenskiy.
"Eu nos vejo como parceiros estratégicos, então eu diria que ouvimos sobre a questão dos territórios em relação à visão da Rússia ou as demandas da Rússia transmitidas (pelos EUA). Nós vemos isso como demandas da Federação Russa."
Autoridades dos EUA disseram aos repórteres, por teleconferência, que haviam garantido um acordo sobre 90% das questões. Embora as questões territoriais de longa data permaneçam, disse um deles, "temos várias soluções diferentes para cobrir essas divergências que estamos sugerindo a eles".
A Ucrânia já havia dito anteriormente que não cederia território à Rússia, que tomou quase 20% do país no leste e no sul desde sua invasão em grande escala em fevereiro de 2022.
Uma fonte europeia informada sobre as últimas negociações disse que a Rússia ainda não havia cedido em suas exigências territoriais. "A atmosfera é boa, mas os objetivos continuam bastante distantes em relação ao essencial", disse a fonte.
Uma autoridade dos EUA disse a repórteres mais tarde que, segundo o acordo que está sendo discutido em Berlim, a Ucrânia receberia garantias de segurança semelhantes às fornecidas no Artigo 5 do tratado da Otan, que exige que a aliança venha em defesa de qualquer membro que esteja sob ataque.
((Tradução Redação São Paulo))
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