Ucrânia poderia ter garantia de segurança semelhante à da Otan em acordo de paz com Rússia proposto pelos EUA

Por Steve Holland e Jeff Mason

WASHINGTON, 15 Dez (Reuters) - A Ucrânia poderia receber garantias de segurança modeladas no compromisso de defesa mútua do Artigo 5 da Otan sob uma proposta de acordo de paz com a Rússia, disseram autoridades dos EUA nesta segunda-feira -- uma oferta sem precedentes com o objetivo de acabar com a guerra desencadeada pela invasão de Moscou em 2022.

As autoridades descreveram as proteções propostas, discutidas durante dois dias de negociações em Berlim, como "semelhantes ao Artigo 5", sinalizando um forte compromisso com a segurança da Ucrânia, embora Kiev não seja membro da Otan.

Duas autoridades, falando a repórteres em uma teleconferência após as conversações de paz dos EUA com autoridades ucranianas e europeias, disseram que as garantias não estariam na mesa para sempre, já que o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona pelo fim da guerra desencadeada pela invasão total da Ucrânia pela Rússia em 2022.

As autoridades disseram que houve um amplo acordo sobre 90% das questões entre a Ucrânia e a Rússia. Mas eles reconheceram que o território e a soberania ainda teriam que ser resolvidos pelas próprias partes. A Ucrânia já havia dito anteriormente que não cederia território à Rússia.

As pesquisas de opinião na Ucrânia mostraram que poucos ucranianos estão dispostos a aceitar concessões territoriais, o que continua sendo uma condição russa fundamental para o fim da guerra.

Os russos têm demonstrado pouca disposição para ceder em suas exigências.

Uma autoridade dos EUA disse que a Rússia estava aberta à adesão da Ucrânia à União Europeia e que Trump queria impedir que a Rússia se movesse mais para o oeste.

O Artigo 5 é considerado a pedra angular do tratado de fundação da aliança de defesa da Otan. Ele estipula que um ataque contra um membro do grupo é considerado um ataque contra todos eles.

Não ficou claro até onde os Estados Unidos iriam ao fornecer tais garantias de segurança à Ucrânia. As autoridades disseram que as garantias incluiriam monitoramento intenso e medidas de desconflito para evitar que pequenos conflitos se tornem maiores.

"Essas garantias não ficarão na mesa para sempre. Essas garantias estão sobre a mesa neste momento, se houver uma conclusão que seja alcançada de forma positiva", disse uma autoridade.

As conversações em Berlim foram lideradas pelos enviados de Trump aos EUA, Steve Witkoff e Jared Kushner, genro do presidente.

As autoridades disseram que ainda existem problemas territoriais antigos, mas uma delas afirmou: "Temos várias soluções diferentes para resolver essa divergência, que estamos sugerindo a eles".

Witkoff e Kushner estavam participando de um jantar na noite desta segunda-feira em Berlim com os outros negociadores.

Espera-se que os grupos de trabalho se reúnam nos Estados Unidos no próximo fim de semana, possivelmente em Miami, disse uma das autoridades.

"Acho que vocês ouvirão que nos aproximamos consideravelmente da redução das questões entre ucranianos e russos. Isso está claro", disse a autoridade.

A autoridade disse que um grupo de trabalho elaborou um rascunho de três páginas sobre questões territoriais e Zelenskiy deve discuti-lo com sua equipe, e o lado norte-americano acabará discutindo o assunto com os russos.

As autoridades descreveram as garantias de segurança como "semelhantes ao Artigo 5" em categorias como supervisão e desconflito.

Os negociadores também discutiram o que um representante dos EUA descreveu como um "pacote de prosperidade" para ajudar na reconstrução da Ucrânia. O presidente-executivo da BlackRock, Larry Fink, formou uma equipe para trabalhar na questão com o Banco Mundial, e as autoridades europeias indicaram uma disposição de fornecer apoio financeiro para isso, disse a autoridade.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS AC