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Setor de veículos vai encerrar 2025 abaixo do esperado, estima Anfavea

Reuters8 de dez de 2025 às 15:13

- A indústria de veículos do Brasil deve ter produção e vendas menores que o previsto pelo setor este ano, impactada por fatores que incluem o nível de juros, afirmou nesta segunda-feira a associação que representa o setor, Anfavea.

As vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em novembro caíram quase 6% sobre um ano antes, para 238,6 mil unidades, acumulando um crescimento no ano de apenas 1,4%, bem longe da expectativa de expansão de 5%.

"Para o mercado atingir (a previsão) vamos ter que ter um emplacamento em dezembro superior em 38% ante novembro", disse o presidente da Anfavea, Igor Calvet, em entrevista a jornalistas. "Não acredito que isso acontecerá. Logo, as projeções não serão atingidas", acrescentou.

Já na produção, houve queda de 8,2% em novembro sobre um ano antes, para 219,1 mil veículos, somando de janeiro até o final do mês passado crescimento de 4,1%, também distante da expectativa de expansão de 7,8% este ano.

"A projeção de 7,8% não vai se realizar dado o acumulado que temos até novembro", afirmou Calvet, citando que, faltando menos de um mês para o final do ano, a Anfavea não vai alterar suas expectativas. A entidade deve divulgar previsão para 2026 no início de janeiro.

Durante o ano, o setor foi impactado por uma série de fatores que incluíram até mesmo a paralisação da produção da Toyota no Brasil depois que uma tempestade destruiu uma fábrica de motores da empresa no interior de São Paulo. O setor também se viu às voltas com riscos de falta de componentes eletrônicos para montagem de veículos diante de uma disputa entre Holanda e China, e a elevação da taxa Selic para os atuais 15%, ante 12,25% no final de 2024.

O impacto mais significativo gerado pela alta da Selic foi sentido no segmento de caminhões, que até novembro amargou queda de 8,7% sobre o acumulado de um ano antes, com destaque no subsegmento de pesados, o mais vendido no país, que registrou recuo de 20%.

Segundo Calvet, apesar da média diária total de vendas de novembro ter sido a melhor do ano, a 12,6 mil unidades, o desempenho ficou abaixo dos 13,3 mil veículos licenciados por dia útil em novembro de 2024, quando frotistas compraram 80 mil unidades via venda direta.

O desempenho das vendas não foi mais fraco diante do programa "Carro Sustentável" do governo federal, que incentiva a venda de alguns modelos tidos como menos poluidores e que passou a valer em 11 de julho.

As vendas dos modelos enquadrados nesse programa, que expira no final do ano que vem, ficaram praticamente estáveis em novembro sobre um ano antes, a 47 mil unidades, ante expansão de 12,7% registrada em outubro. No ano, as vendas dos carros enquadrados mostram crescimento de 14,5%, segundo a Anfavea, a 201,4 mil unidades, sendo cerca de 155 mil a grandes frotistas como locadoras e o restante a consumidores finais.

O mercado também teve queda nas vendas de modelos importados em novembro ante o mesmo mês de 2024, segundo a Anfavea. Os emplacamentos de importados recuaram quase 7%, para 41,7 mil veículos.

A entidade afirmou que novembro terminou com estoque de veículos novos nacionais e importados que somou 417,1 mil unidades, praticamente estável ante outubro e equivalente a 46 dias de venda.

Do total em estoque, 212,4 mil veículos são importados, o suficiente para 153 dias de emplacamentos, segundo cálculo da Anfavea.

Calvet afirmou que o mercado tem dado sinais de desaceleração nas importações. "Houve um arrefecimento dos emplacamentos (de importados)... Começam a maturar os investimentos que foram anunciados pelos importadores em fábricas no Brasil", disse o executivo sem citar marcas.

As chinesas BYD 002594.SZ e GWM 601633.SS inauguraram fábricas no Brasil neste semestre.

Questionado sobre o fim das cotas isentas de imposto de importação para veículos desmontados (CKD) e semidesmontados (SKD) no final deste ano, Calvet afirmou que espera que se cumpra a decisão de meados do ano que havia estendido a isenção apenas por seis meses.

"Em 2026 teremos um ano com expectativas de importação menores", afirmou o presidente da Anfavea.

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