
Por Marina Bobrova e Anton Kolodyazhnyy
MOSCOU, 21 Nov (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira que as propostas dos EUA para a paz na Ucrânia poderiam ser a base de uma resolução do conflito, mas que se Kiev recusasse o plano, as forças russas avançariam ainda mais.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que estava dando à Ucrânia até quinta-feira para aceitar um plano de paz dos EUA que endossa as principais demandas russas sobre a Otan, o território e o reconhecimento das regiões controladas pela Rússia.
"Acredito que ele possa ser usado como base para um acordo pacífico final", disse Putin a autoridades seniores em uma reunião do Conselho de Segurança da Rússia, que é como um politburo moderno das autoridades mais poderosas da Rússia.
Putin acrescentou que o plano de 28 pontos ainda não havia sido discutido em detalhes com os Estados Unidos, mas que Moscou havia recebido uma cópia do mesmo.
Putin disse que a Ucrânia era contra o plano, mas que nem Kiev nem as potências europeias entendiam a realidade de que as forças russas estavam avançando na Ucrânia e continuariam a avançar a menos que houvesse paz.
A Rússia controla pouco mais de 19% da Ucrânia, ou 115.500 Km², um aumento de apenas 1 ponto percentual em relação a dois anos atrás. Moscou quer obter o controle de toda a região de Donbas, que inclui Donetsk e Luhansk, além de toda a região de Kherson e Zaporizhzhia.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse nesta sexta-feira que a Ucrânia estava correndo o risco de perder sua dignidade e liberdade ou o apoio de Washington em relação ao plano de paz dos EUA.
Putin disse que a Rússia havia discutido o plano de paz de Trump antes da cúpula de agosto no Alasca, e que Moscou havia feito concessões conforme solicitado por Washington.
"O governo dos EUA até agora não conseguiu garantir o consentimento do lado ucraniano. A Ucrânia é contra isso", disse Putin.
Putin disse que as forças russas assumiram o controle quase total da cidade de Kupiansk, no nordeste da Ucrânia, em 4 de novembro -- apesar das negativas de Kiev -- e que esses avanços continuariam se a Ucrânia recusasse o plano dos EUA.
"Se Kiev não quiser discutir a proposta do presidente Trump e se recusar a fazê-lo, então tanto eles quanto os belicistas europeus devem entender que os eventos que ocorreram em Kupiansk inevitavelmente se repetirão em outros setores-chave da frente", disse Putin.
"E, em geral, isso funciona para nós", disse Putin, acrescentando que estava aberto a discutir a paz.
(Reportagem de Ksenia Orlova, Anastasia Lyrchikova, Darya Korsunskaya e Gleb Stolyarov)
((Tradução Redação São Paulo)) REUTERS AC