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Centro de Controle de Doenças dos EUA adota opiniões antivacina de Kennedy em site

Reuters20 de nov de 2025 às 14:53

Por Michael Erman

- O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos reformulou a seção de segurança de vacinas de seu site na quarta-feira para se alinhar com a opinião do Secretário de Saúde do país, Robert F. Kennedy Jr., de que as vacinas infantis causam autismo, contrariando décadas de ciência que demonstram que elas são seguras.

O site da agência de saúde pública dos EUA foi alterado na noite de quarta-feira para dizer que "a alegação 'as vacinas não causam autismo' não é baseada em evidências porque os estudos não descartaram a possibilidade de que as vacinas infantis causem autismo". O site ainda acrescentou que as autoridades de saúde "ignoram" estudos que apóiam uma suposta ligação entre os dois.

Durante décadas, o CDC apoiou o uso de vacinas infantis, tanto nos EUA quanto no exterior. O site do CDC dizia anteriormente que "estudos demonstraram que não há ligação entre o recebimento de vacinas e o desenvolvimento do transtorno do espectro do autismo".

Desde que Kennedy, cético em relação às vacinas, e o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiram seus cargos, a agência começou a desfazer essa posição e disse que reexaminará os dados.

A Organização Mundial da Saúde e outras agências de saúde em todo o mundo disseram repetidamente que as evidências mostram que as vacinas não causam autismo e se referiram a declarações anteriores quando perguntadas sobre a mudança no site do CDC na quinta-feira.

"Existe uma base de evidências robusta e extensa que mostra que as vacinas infantis não causam autismo", disse o CDC em um comunicado em setembro. "Estudos grandes e de alta qualidade de muitos países chegaram à mesma conclusão. Os estudos originais que sugeriam uma ligação eram falhos e foram desacreditados."

VACINAS NÃO CAUSAM AUTISMO

O CDC manteve o título "Vacinas não causam autismo" em seu site, dizendo que ele não foi removido devido a um acordo com o senador Bill Cassidy, presidente do Comitê de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões do Senado dos EUA.

Em fevereiro, Kennedy garantiu o endosso de Cassidy, um médico, em parte prometendo que não alteraria a linguagem do site do CDC sobre vacinas e autismo.

Abaixo do título sobre vacinas, o site agora diz que o CDC e outras agências de saúde dos EUA promoveram seu ponto de vista de que as vacinas não causam autismo para evitar a hesitação da população em tomar vacinas.

Demetre Daskalakis, que chefiou o Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias do CDC antes de se demitir em agosto, chamou as mudanças no site de emergência de saúde pública.

"O armamento da voz do CDC está piorando", escreveu Daskalakis na rede social X. "O CDC foi atualizado para causar o caos sem base científica. NÃO CONFIEM NESSA AGÊNCIA."

A ex-diretora do CDC, Susan Monarez, foi demitida por Kennedy no início deste ano por causa da política de vacinas e a agência agora é liderada pelo diretor interino e vice-secretário do HHS, Jim O'Neill, que não é cientista.

GRUPO ANTIVACINA APLAUDE

O grupo antivacina Children's Health Defense, que anteriormente era liderado por Kennedy, aplaudiu as mudanças no site do CDC.

"O CDC está começando a reconhecer a verdade sobre essa condição que afeta milhões de pessoas, rejeitando a mentira ousada e de longa data de que 'as vacinas não causam autismo'", disse o grupo no X.

Kennedy associou as vacinas ao autismo e procurou reescrever as políticas de imunização do país. Trump também associou o autismo ao uso do analgésico Tylenol por mulheres grávidas, uma alegação que também não é respaldada por evidências científicas.

O autismo é uma condição neurológica e de desenvolvimento marcada por interrupções na sinalização cerebral que fazem com que as pessoas se comportem, se comuniquem, interajam e aprendam de maneiras atípicas. As causas do autismo não são claras.

Nenhum estudo rigoroso encontrou ligações entre o autismo e vacinas, medicamentos ou componentes como timerosal ou formaldeído.

((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753))

REUTERS AAJ

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