
QUITO, 17 Nov (Reuters) - Um referendo realizado no Equador no domingo rejeitou uma reforma apoiada pelo presidente Daniel Noboa que permitiria o retorno de bases militares estrangeiras ao país sul-americano, com 60,55% dos votos, depois que 89,18% das cédulas foram apuradas, informou o conselho eleitoral.
Na mesma consulta, os equatorianos também rejeitaram um plano do presidente para convocar uma Assembleia Constituinte a fim de ajustar a constituição atual, com 61,59% dos votos, depois que 88,71% das cédulas foram apuradas.
"Consultamos os equatorianos e eles se manifestaram. Fizemos o que prometemos: perguntamos diretamente a eles. Respeitamos a vontade do povo equatoriano", disse Noboa no X depois que os resultados foram conhecidos.
O presidente tem afirmado que a cooperação internacional, incluindo bases compartilhadas ou estrangeiras no país, é fundamental para combater o crime organizado.
A última base militar estrangeira no país ficava na cidade portuária de Manta e era norte-americana. Ela permaneceu operacional por uma década até 2009, quando o ex-presidente de esquerda Rafael Correa se recusou a renovar as permissões e proibiu constitucionalmente tais instalações estrangeiras na nação andina.
No início deste mês, a secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, visitou a base de Manta e outra base aérea na cidade de Salinas, acompanhada por Noboa, que foi elogiado por Washington como um "excelente parceiro" nos esforços para conter a imigração ilegal e o tráfico de drogas.
O atual líder equatoriano ratificou dois acordos para operações militares conjuntas com os EUA em 2024 que resultaram em apreensões de drogas e armas em alto mar. Os dois países também têm um acordo de interceptação aérea em vigor.
Entre janeiro e setembro, o Equador apreendeu 146 toneladas de drogas, abaixo das 208 toneladas registradas no mesmo período em 2024. Além disso, as mortes violentas aumentaram em mais de 36% em relação ao ano anterior nos primeiros nove meses de 2025, de acordo com dados do Ministério do Interior.
Cristian Carpio, consultor da empresa de análise de risco político Profitas, disse à Reuters que o resultado do referendo mostra "desgaste" na administração de Noboa, que chegou ao poder há dois anos, e uma falta de compreensão dos eleitores sobre o conteúdo das perguntas.
"O resultado também pode mostrar que a população está farta dos processos eleitorais que têm sido tão contínuos nos últimos anos", acrescentou.
(Reportagem de Alexandra Valencia)
((Tradução Redação São Paulo))
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