
Por Andy Sullivan e David Morgan e Bo Erickson e Nolan D. McCaskill
WASHINGTON, 13 Nov (Reuters) - O governo dos Estados Unidos deve voltar a funcionar nesta quinta-feira, depois que a paralisação mais longa da história do país prejudicou o tráfego aéreo, cortou a assistência alimentar aos norte-americanos de baixa renda e forçou mais de 1 milhão de trabalhadores a não receberem salários por mais de um mês.
Mas as profundas divisões políticas que causaram a paralisação de 43 dias continuam sem solução.
O pacote de financiamento aprovado pelo Congresso dos EUA e sancionado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, contém poucas proteções para impedir que Trump retenha gastos, em um governo que tem desafiado regularmente a autoridade constitucional do Congresso sobre as verbas públicas. E não aborda os subsídios de saúde que estão prestes a expirar e que levaram os democratas do Senado a iniciar a paralisação em primeiro lugar.
A paralisação também expôs as divisões dentro do Partido Democrata entre sua base progressista, que exigiu que seus líderes fizessem o que fosse necessário para controlar Trump, e os moderados, que sentem que suas opções são limitadas enquanto os republicanos detiverem a maioria em ambas as Casas do Congresso. O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, está enfrentando pedidos para renunciar, apesar de ter votado contra o acordo.
Nenhum dos partidos parece ter saído claramente vencedor. Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na quarta-feira revelou que 50% dos norte-americanos culpam os republicanos pela paralisação, enquanto 47% culpam os democratas.
O retorno à normalidade pode ser de curta duração, pois o acordo só financia o governo até 30 de janeiro, aumentando a perspectiva de outra paralisação no início do próximo ano.
A paralisação colocou os democratas em uma posição incomum, já que os republicanos têm sido mais frequentemente o lado que forçou a expiração do financiamento nas últimas décadas.
Essa paralisação também se destacou pelo que estava praticamente ausente: o debate sobre a dívida nacional de US$38 trilhões, que o Congresso, por enquanto, deixa em um caminho para continuar crescendo em cerca de US$1,8 trilhão por ano.
Os democratas do Senado disseram que a dor em toda a economia, incluindo interrupções nos benefícios federais e perda de contracheques para os funcionários federais, valeu a pena para chamar a atenção para o aumento futuro dos preços dos planos de saúde para cerca de 24 milhões de norte-americanos.
"A saúde do povo americano é uma luta que vale a pena, e estou orgulhoso de que os democratas tenham se mantido unidos por tanto tempo para travar essa batalha", disse o deputado Hank Johnson, da Geórgia, à Reuters. "O povo americano está mais consciente dos altos riscos da luta que estamos travando... Eles entendem a precariedade da situação, e é por isso que querem que lutemos."
Os democratas não obtiveram nenhuma garantia quanto aos subsídios de saúde, apenas a promessa de que o Senado, controlado pelos republicanos, realizará uma votação sobre o assunto, sem nenhuma garantia de que seria aprovado ou que a Câmara sequer votaria.
(Reportagem de Andy Sullivan, David Morgan, Bo Erickson e Nolan D. McCaskill; Reportagem adicional de Leah Douglas)
((Tradução Redação São Paulo))
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