
Por Cassandra Garrison
CIDADE DO MÉXICO, 5 Nov (Reuters) - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse nesta quarta-feira que apresentou uma queixa contra um homem que a apalpou e tentou beijá-la enquanto ela cumprimentava membros do público, um dia depois que um vídeo do incidente se tornou viral.
Sheinbaum, a primeira mulher presidente do México, disse em sua coletiva de imprensa matinal que o incidente foi um crime, acrescentando que ela, assim como outras mulheres no México, já passou por situações semelhantes anteriormente.
"Se isso acontecer com a presidente, o que acontecerá com todas as mulheres jovens de nosso país?", disse Sheinbaum, acrescentando que o homem estava muito bêbado.
O vídeo do incidente repercutiu rapidamente na internet antes de ser retirado por algumas contas, ressaltando para muitos no México a insegurança que as mulheres enfrentam em um país repleto de machismo e violência de gênero.
O fato também levantou questões sobre a segurança de Sheinbaum. Assim como seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, Sheinbaum viaja com segurança mínima e se coloca amplamente à disposição do público, inclusive entrando em meio a multidões de pessoas.
Ela disse nesta quarta-feira que não planejava mudar essa prática, afirmando: "temos que estar perto das pessoas".
O incidente aconteceu na terça-feira, no centro histórico da capital, quando Sheinbaum estava fazendo a curta caminhada do Palácio Nacional do México até o Ministério da Educação.
O vídeo mostra um homem de meia idade colocando o braço em volta de Sheinbaum, tocando os seios dela e tentando beijá-la. Ela afasta as mãos dele antes que um membro de sua equipe se interponha entre eles. A equipe de segurança da presidenta não parecia estar perto dela no momento.
O homem estava importunando outras mulheres na rua e foi preso em seguida, disse Sheinbaum nesta quarta-feira.
Sheinbaum também criticou o jornal mexicano Reforma por ter publicado imagens do homem apalpando-a, dizendo que considerava isso uma "revitimização" e que ultrapassava uma linha ética.
"O uso da imagem também é um crime", disse Sheinbaum. "Estou esperando um pedido de desculpas do jornal."
O Ministério da Mulher do governo mexicano, criado na gestão de Sheinbaum, emitiu uma declaração na terça-feira incentivando as mulheres a denunciarem a violência contra si, mas pedindo à imprensa que "não reproduza conteúdo que viole a integridade das mulheres".
Ainda assim, ativistas feministas criticaram duramente Sheinbaum no passado por não fazer o suficiente para lidar com a violência contra as mulheres. Entre outras coisas, elas apontam para a falta de processos e investigações de feminicídios.
Em 2024, o México registrou 821 feminicídios, de acordo com dados do governo. Foram registrados 501 feminicídios até setembro deste ano, e muitos ativistas dizem que os números provavelmente estão muito subestimados.
(Reportagem de Cassandra Garrison; Reportagem adicional de Raul Cortes)
((Tradução Redação São Paulo))
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