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No Halloween de Washington, Trump é a coisa mais assustadora para os democratas

Reuters30 de out de 2025 às 16:02

Por Tim Reid e JC Whittington

- Na cidade majoritariamente democrata de Washington, as decorações das casas para o Halloween com um tom político são uma tradição há muito tempo.

Nove meses após o início do segundo mandato do presidente republicano Donald Trump, alguns moradores estão fazendo exibições anti-Trump no quintal, motivados pelos cortes orçamentários, demissões em massa e demais políticas de seu governo. Este Halloween também coincide com uma das mais longas paralisações do governo na história dos EUA.

No jardim de uma casa próxima ao Capitólio dos EUA, Donna Breslin, de 79 anos, instalou um cemitério inteiro com 16 lápides para marcar as medidas políticas que Trump tomou desde que assumiu o cargo em janeiro e que, segundo ela, estão acabando com a democracia norte-americana.

Há lápides -- compradas na Amazon e pintadas à mão por Breslin -- para "Usaid" e "pesquisa para saúde e ciência", entre outras.

As lápides são referências aos cortes de financiamento do governo Trump para a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, na sigla em inglês) e na pesquisa em saúde, ambos parte de seu esforço mais amplo para reduzir o tamanho do Estado.

Jornalistas da Reuters visitaram dois bairros de Washington -- Georgetown e Capitol Hill, conhecidos por suas exibições com temas políticos -- durante dois dias e não encontraram nenhuma decoração de Halloween pró-Trump ou antidemocrata.

A área metropolitana de Washington tem sofrido o impacto dos cortes de Trump. Os funcionários públicos foram dispensados por causa da paralisação, com cada partido culpando o outro. Na cidade propriamente dita, cerca de 90% dos eleitores são democratas registrados.

Trump defende os cortes como necessários para reduzir uma força de trabalho inchada e ineficiente da administração federal. Ele rejeita as críticas de que suas ações testam os limites da Presidência e minam a democracia, dizendo que está simplesmente cumprindo sua agenda de campanha.

Kush Desai, porta-voz da Casa Branca, disse que os democratas estavam envolvidos em uma "sinalização sem sentido de virtude" com suas exibições anti-Trump no Halloween. A Casa Branca também está usando o Halloween para zombar de seus oponentes, postando imagens no Instagram de fantasias que retratam líderes democratas.

Um dos focos das decorações de Halloween deste ano é o secretário de Saúde de Trump, Robert F. Kennedy Jr., que cortou a equipe do Departamento de Saúde e Serviços Humanos e promoveu alegações falsas de que as vacinas infantis de rotina causam danos.

No bairro rico e liberal de Georgetown, no noroeste de Washington, onde Kennedy mora, há vários esqueletos expostos nos jardins ao lado de mensagens relacionadas a vacinas.

A um quarteirão da casa de Kennedy, há um esqueleto gigante de 3 metros de altura ao lado de uma placa que diz: "Oi, eu sou o Wally! As vacinas salvam vidas -- acredite, eu sei!".

Kennedy restringiu o acesso às vacinas contra a Covid-19, desmantelou o processo de revisão de vacinas e expandiu um conselho consultivo nacional com críticos que pensam da mesma forma em relação às vacinas contra a Covid.

Um porta-voz do Departamento de Saúde disse em um comunicado: "Vamos deixar claro: o secretário Kennedy não é antivacina -- ele é a favor da segurança, da transparência e da responsabilidade. Sua defesa de longa data tem se concentrado em garantir que as vacinas e todas as intervenções médicas atendam aos mais altos padrões de segurança e sejam apoiadas pela ciência padrão ouro."

Em outro quintal de Georgetown, um esqueleto está pendurado em uma cerca com um estetoscópio no pescoço, ao lado de uma placa que diz: "Secretário da Doença".

Também perto da casa de Kennedy, Christine Payne, de 66 anos, colocou um esqueleto do tamanho de uma criança na janela da frente com a mensagem: "Gostaria de ter tomado minha vacina!".

Payne disse que, embora não concordasse com suas políticas, Kennedy era um bom vizinho.

"Acho que todos nós precisamos nos manifestar com relação ao que está acontecendo neste país no momento, especialmente em Washington", disse Payne. "Somos muito politizados aqui."

(Reportagem de Tim Reid e JC Whittington)

((Tradução Redação Rio de Janeiro))

REUTERS PF

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