
Por Nancy Lapid
27 Out (Reuters) - Os natimortos nos Estados Unidos são mais comuns do que relatado anteriormente, afetando cerca de 1 em cada 150 gestações, e as taxas são ainda maiores em áreas de baixa renda, de acordo com os resultados de um grande estudo publicado nesta segunda-feira.
A média nacional relatada pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) é de 1 em 175 gestações.
A principal fonte de dados do CDC -- certidões de óbito fetal coletadas por cada Estado norte-americano -- é menos confiável do que os números de reivindicações de seguros comerciais usados no novo estudo, disseram os pesquisadores.
“Ambas as fontes de dados -- os dados do nosso estudo e os dados do CDC -- têm falhas potenciais, mas o problema principal é que, independentemente da fonte de dados, a taxa de natimortos é muito alta”, disse a colíder do estudo, Jessica Cohen, da Harvard TH Chan School of Public Health.
“Os EUA têm uma das maiores taxas de natimortos entre todos os países de alta renda e quase não houve melhora nas taxas de natimortos nos últimos anos”, disse Cohen.
O novo estudo, publicado no Jornal da Associação Médica Americana, não inclui partos cobertos pelo programa Medicaid do governo para norte-americanos de baixa renda. Mas os resultados da gravidez "são, no mínimo, piores em gestações cobertas pelo Medicaid, então podemos esperar que a taxa de natimortos seja ainda maior na população do Medicaid do que a que encontramos aqui", disse Cohen.
DETALHES E FATORES DE RISCO
Analisando mais de 2,7 milhões de gestações nos EUA entre 2016 e 2022, os pesquisadores identificaram 18.893 natimortos, definidos como a morte de um feto com 20 semanas de gestação ou mais.
Mais de 70% estavam em gestações com pelo menos um fator de risco materno, sugerindo que elas poderiam ter sido evitadas.
As taxas de natimortos foram mais altas entre gestações com baixos níveis de líquido amniótico, anomalias fetais e hipertensão crônica. Outros fatores de risco incluíram diabetes materno, obesidade e uso de substâncias como álcool e drogas.
Diretrizes médicas recomendam monitoramento rigoroso de gestações na presença desses fatores de risco, como aumento de exames de ultrassom ou testes de frequência cardíaca fetal, disse o colíder do estudo, Dr. Mark Clapp, do Hospital Geral de Massachusetts, em Boston.
A residência rural versus a urbana e o acesso a cuidados obstétricos não foram associados ao risco de um bebê sem vida.
Mas a taxa de natimortos aumentou para 1 em cada 112 nascimentos em áreas de baixa renda e foi de 1 em cada 95 nascimentos em áreas com proporções maiores de famílias negras em comparação com famílias brancas, segundo o estudo.
As características sociodemográficas da área onde os indivíduos vivem não estão incluídas nas diretrizes clínicas para monitoramento intensificado de gestações, observou Clapp.
Os fatores que impulsionam essa variação socioeconômica nas taxas de natimortos, sejam eles fatores sociais, do sistema de saúde ou de risco clínico, precisam ser investigados, disse ele.
Os pesquisadores também descobriram que uma parcela substancial de natimortos ocorreu na ausência de quaisquer fatores de risco clínicos conhecidos. Isso foi particularmente verdadeiro para natimortos tardios.
“Muitos natimortos são potencialmente evitáveis, e podemos reduzir a taxa de natimortos nos EUA, mas não sem atenção, pesquisa e recursos”, disse Cohen.
(Reportagem de Nancy Lapid)
((Tradução Redação São Paulo))
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