Maioria dos norte-americanos acha que Trump persegue adversários, diz pesquisa Reuters/Ipsos

Por Jason Lange

WASHINGTON, 23 Out (Reuters) - Mais da metade dos norte-americanos, incluindo cerca de três em cada dez republicanos, acredita que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está usando agentes federais de cumprimento da lei para perseguir seus inimigos, de acordo com uma nova pesquisa Reuters/Ipsos, que também constatou uma preocupação crescente com as divisões políticas dos EUA após nove meses do segundo mandato de Trump.

Cerca de 55% dos entrevistados na pesquisa de seis dias, encerrada na segunda-feira, concordaram com a afirmação de que o presidente republicano está usando as forças de cumprimento da lei para perseguir seus inimigos, enquanto 26% discordaram e o restante não tinha certeza ou não respondeu.

Cerca de 85% dos participantes da pesquisa que se identificaram como democratas concordaram, assim como 29% dos participantes republicanos.

No mês passado, o Departamento de Justiça de Trump apresentou acusações criminais contra três importantes adversários do presidente, incluindo o ex-diretor do FBI James Comey, a procuradora-geral do Estado de Nova York Letitia James e o ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton. Todos os três negaram ter cometido irregularidades.

Historicamente, o Departamento de Justiça dos EUA tem se mantido distante do presidente, buscando proteger a independência do Ministério Público norte-americano.

Trump fez campanha antes da eleição presidencial de 2024 com promessas de retaliação contra seus inimigos. Ele mostrou um desdém especial por Comey e James, que haviam conduzido investigações criminais contra ele que, segundo ele, tinham motivação política.

Trump negou ter ordenado ao Departamento de Justiça que indiciasse seus adversários, embora no mês passado ele tenha aparentemente pressionado os promotores federais a acusar Comey e James.

DIVIDIDO E INSEGURO

A pesquisa revelou uma nação profundamente dividida e inquieta com suas divisões.

Cerca de 67% dos entrevistados expressaram pelo menos um grau razoável de preocupação com a divisão e o conflito político dos EUA. A parcela que expressou "muita" preocupação com isso aumentou para 43%, em comparação com 39% em uma pesquisa Reuters/Ipsos de outubro de 2023.

O atual mandato de Trump tem sido marcado por violência política de alto nível, incluindo os assassinatos de um parlamentar estadual democrata e de um proeminente ativista republicano. O próprio Trump foi ferido no ano passado em uma tentativa de assassinato na Pensilvânia.

Apenas 8% dos entrevistados, um número pequeno em termos de pesquisa de opinião pública, concordaram com a afirmação de que "para alcançar minha ideia de uma sociedade melhor, atos violentos são aceitáveis". Porcentagens igualmente pequenas de entrevistados disseram que era aceitável que pessoas de seu partido político cometessem violência ou ameaçassem pessoas para atingir objetivos políticos.

Entre os entrevistados, 31% se identificaram como republicanos, 28% como democratas e 41% como não alinhados a nenhum partido.

A polarização política vem aumentando há décadas nos Estados Unidos. Ela se mostrou particularmente aguda nos últimos meses, quando os colegas republicanos de Trump, e depois os democratas da oposição, intensificaram os esforços para redesenhar os limites dos distritos eleitorais para favorecer os candidatos de seus partidos nas eleições parlamentares de novembro de 2026.

Cerca de 61% dos participantes da pesquisa disseram que esses planos de redesenhar distritos são ruins para a democracia. A mesma porcentagem também disse que não é mais possível traçar os limites de forma justa.

A pesquisa, que foi realizada on-line, reuniu respostas de 4.385 adultos norte-americanos em todo o país. Os resultados tiveram margens de erro entre 2 e 3 pontos percentuais.

((Tradução Redação São Paulo))

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