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Trump adverte democratas sobre ações "irreversíveis" na paralisação do governo

Reuters30 de set de 2025 às 19:15

Por Richard Cowan e David Morgan e Nolan D. McCaskill e Andy Sullivan

- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu os democratas do Congresso nesta terça-feira que permitir a paralisação do governo federal à meia-noite daria a sua administração a oportunidade de tomar medidas "irreversíveis", incluindo o encerramento de programas importantes para eles.

"Podemos fazer coisas durante a paralisação que são irreversíveis, que são ruins para eles e irreversíveis para eles, como cortar um grande número de pessoas, cortar coisas de que eles gostam, cortar programas de que eles gostam", disse Trump em comentários aos repórteres no Salão Oval da Casa Branca.

"Todos vocês conhecem Russell Vought", acrescentou Trump, referindo-se ao diretor do Escritório de Gestão e Orçamento. "Ele se tornou muito popular recentemente porque pode reduzir o orçamento a um nível que não poderia ser feito de outra forma." Trump não especificou as medidas que poderia tomar, mas recentemente levantou a possibilidade de reduzir ainda mais a força de trabalho federal.

À meia-noite, os Estados Unidos entrarão em sua 15ª paralisação do governo desde 1981, a menos que os republicanos e democratas no Congresso cheguem a um acordo para financiar temporariamente as agências federais com o início de um novo ano fiscal na quarta-feira.

Mas nada indicava isso.

Espera-se que o Senado, controlado pelos republicanos, vote um projeto de lei de gastos temporários que já não teve sucesso uma vez, sem nenhum sinal de que uma segunda votação terá resultado diferente antes do prazo final da meia-noite.

Os democratas querem modificar o projeto de lei para estender os benefícios de saúde para milhões de norte-americanos que devem expirar no final do ano. Os republicanos dizem que devem tratar dessa questão separadamente.

Os confrontos relacionados ao orçamento se tornaram uma característica rotineira em Washington, uma vez que a política do país tem se tornado cada vez mais disfuncional, embora muitas vezes sejam resolvidos no último minuto. O governo foi paralisado pela última vez por 35 dias em 2018 e 2019, durante o primeiro mandato de Trump, devido a uma disputa sobre imigração.

DISPUTA DE TRILHÕES DE DÓLARES

O que está em questão agora é US$1,7 trilhão que financia as operações das agências, o que equivale a cerca de um quarto do orçamento total de US$7 trilhões do governo. A maior parte do restante vai para programas de saúde e aposentadoria e pagamentos de juros sobre a crescente dívida de US$37,5 trilhões.

Enquanto isso, as agências federais começaram a emitir planos detalhados de que fechariam escritórios que realizam pesquisas científicas, atendimento ao público e outras atividades não consideradas essenciais e mandariam milhares de trabalhadores para casa se o Congresso não chegar a um acordo sobre uma solução antes que o financiamento expire.

Especialistas em orçamento alertaram que alguns norte-americanos já poderiam estar sentindo as consequências.

Com a possível interrupção dos reembolsos do Medicare para "cuidados hospitalares agudos" em casa, os pacientes estavam precisando encontrar instalações para internação, disse Jonathan Burks, especialista em saúde do Centro de Política Bipartidária. "Isso é um verdadeiro transtorno neste momento", disse ele aos repórteres nesta terça-feira.

Ele acrescentou que os reembolsos do Medicare para visitas médicas de telessaúde também expirariam à meia-noite.

As companhias aéreas advertiram que uma paralisação poderia atrasar os voos, enquanto o Departamento do Trabalho disse que não emitiria seu relatório mensal de desemprego, um barômetro da saúde econômica observado de perto. A Administração de Pequenas Empresas informou que deixaria de conceder empréstimos, enquanto a Agência de Proteção Ambiental disse que suspenderia alguns esforços de limpeza de poluição.

Quanto mais tempo durar a paralisação, mais amplo será o impacto.

Os subsídios públicos para moradia de famílias de baixa renda poderiam diminuir e alguns operadores dos programas de educação infantil Head Start para crianças de famílias de baixa renda poderiam sofrer atrasos no recebimento de verbas, de acordo com especialistas do Centro de Política Bipartidária.

VÍDEO DEEPFAKE

Uma reunião na Casa Branca na segunda-feira entre Trump e os líderes do Congresso não levou a nenhum acordo. Trump deu sequência a ela postando um vídeo deepfake que mostra imagens manipuladas do líder democrata no Senado, Chuck Schumer, parecendo criticar os democratas, enquanto o principal democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, estava ao lado dele, com um sombrero e um bigode desenhados de forma grosseira sobre seu rosto.

Falando a repórteres do lado de fora do Capitólio dos EUA, Jeffries respondeu à postagem de Trump: "Da próxima vez que você tiver algo a dizer sobre mim, não se esconda por meio de um vídeo racista e falso de IA. Quando eu estiver de volta ao Salão Oval, diga isso na minha cara".

Qualquer acordo de última hora também teria que ser aprovado pela Câmara controlada pelos republicanos, que não deve se reunir até quarta-feira, após o término do financiamento.

GOVERNO AMEAÇA MAIS DEMISSÕES

A disposição de Trump de ignorar as leis de gastos aprovadas pelo Congresso injetou mais incerteza desta vez, e ele ameaçou estender seu expurgo da força de trabalho federal se o Congresso permitir paralisação do governo.

Na primavera (no hemisfério norte), ele ordenou que as agências federais considerassem a possibilidade de demitir funcionários "não essenciais" que normalmente seriam obrigados a não trabalhar durante uma paralisação.

Trump também se recusou a gastar bilhões de dólares aprovados pelo Congresso, levando alguns democratas a questionar por que deveriam votar em qualquer legislação de gastos. Embora os republicanos controlem as duas Casas do Congresso, eles precisam de pelo menos sete votos democratas para aprovar a legislação no Senado.

Juntamente com a extensão dos subsídios de saúde, os democratas também tentaram garantir que Trump não possa desfazer essas mudanças se elas forem sancionadas como lei.

Sem poder em Washington, os democratas estão sob pressão de seus apoiadores frustrados para obter uma rara vitória antes das eleições de meio de mandato de 2026, que determinarão o controle do Congresso nos dois últimos anos do mandato de Trump. O impulso na área da saúde deu a eles a chance de se unirem em torno de uma questão que repercute entre os eleitores.

Ainda assim, alguns membros do partido questionaram se vale a pena arriscar uma paralisação.

"Não se trata de política ou de quem é culpado por isso. O que importa são os danos causados a milhões de norte-americanos", disse aos repórteres o senador democrata John Fetterman, da Pensilvânia.

((Tradução Redação São Paulo))

REUTERS AC

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