Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO, 24 Set (Reuters) - As forças israelenses avançaram em direção ao centro da Cidade de Gaza na quarta-feira, arriscando a vida dos palestinos que permaneceram na esperança de que a crescente pressão sobre Israel para um cessar-fogo significasse que eles não perderiam suas casas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniu-se com líderes de países muçulmanos nas Nações Unidas, em Nova York, na terça-feira, para conversações que, segundo a agência de notícias estatal dos Emirados Árabes Unidos, WAM, se concentraram no fim da guerra.
Trump, que anteriormente condenou os movimentos de uma série de países para pressionar Israel reconhecendo um Estado palestino, disse que uma reunião com Israel seria a próxima.
O governo israelense pediu à população da Cidade de Gaza que se mudasse para o sul, mas muitas pessoas hesitaram, citando a falta de segurança e a fome generalizada no local. "Nós nos mudamos para a área oeste, perto da praia, mas muitas famílias não tiveram tempo, os tanques as pegaram de surpresa", disse Thaer, 35 anos, pai de um filho.
As forças israelenses, que começaram a se aproximar da cidade de mais de um milhão de habitantes em agosto, ignoraram os apelos para interromper uma ofensiva que, segundo o governo, visa destruir o último reduto dos militantes do Hamas, cujo ataque a Israel em 2023 e a tomada de reféns desencadearam a guerra.
Os médicos disseram que pelo menos 20 pessoas foram mortas e muitas outras ficaram feridas quando os ataques aéreos israelenses atingiram um abrigo com famílias desabrigadas perto de um mercado no centro da cidade. Outras duas pessoas foram mortas em uma casa próxima, segundo eles.
As Forças Armadas israelenses disseram que estavam investigando o ataque ao abrigo, onde imagens obtidas pela Reuters mostravam pessoas remexendo os escombros.
"Estávamos dormindo sob os cuidados de Deus, não havia nada -- eles não nos informaram, nem mesmo nos deram um sinal -- foi uma surpresa", disse Sami Hajjaj. "Há crianças e mulheres, cerca de 200 pessoas, talvez seis ou sete famílias, essa praça está cheia de famílias", declarou ele.
No subúrbio de Tel Al-Hawa, na cidade, tanques entraram em áreas povoadas, prendendo as pessoas em suas casas, enquanto mais tanques foram vistos estacionados perto do Hospital Al-Quds. A Sociedade Palestina do Crescente Vermelho disse que uma estação de oxigênio foi danificada.
Os tanques também avançaram para perto do maior hospital de Gaza, o Al Shifa, segundo testemunhas e a mídia do Hamas.
Israel tem sido amplamente condenado por sua conduta militar em Gaza, onde mais de 65.000 palestinos, a maioria civis, foram mortos, de acordo com as autoridades de saúde locais, e a fome se espalhou.
A frustração internacional com a guerra em Gaza levou alguns aliados israelenses e norte-americanos a reconhecerem um Estado palestino nesta semana.
((Tradução Redação São Paulo))
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