PRÓXIMO A BORISOV, Belarus, 15 Set (Reuters) - Oficiais militares dos Estados Unidos observaram exercícios militares conjuntos entre Rússia e Belarus nesta segunda-feira pela primeira vez desde que Moscou usou Belarus como plataforma de lançamento para entrar na Ucrânia, enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, aprofunda os laços com o aliado mais próximo de Moscou.
A presença dos oficiais norte-americanos menos de uma semana após a vizinha Polônia abater drones russos que cruzaram seu espaço aéreo é o mais recente sinal de que Washington está tentando estreitar os laços com Belarus.
Na semana passada, o representante de Trump, John Coale, visitou Minsk e disse que Trump queria reabrir a embaixada dos EUA no país em breve, normalizar os laços e reativar o comércio.
As Forças Armadas dos EUA não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Analistas ocidentais de política externa especulam que Trump pode estar tentando afastar Belarus da Rússia, estratégia amplamente vista como improvável de ter sucesso, ou explorar seus laços estreitos com Moscou e promover um acordo para acabar com a guerra na Ucrânia.
Pelo menos dois oficiais militares dos EUA -- o tenente-coronel da Força Aérea Bryan Shoupe e outro oficial não identificado -- estavam em Belarus para observar os exercícios militares conjuntos "Zapad-2025", que também estavam sendo assistidos pelo vice-ministro da Defesa russo Yunus-Bek Yevkurov.
Caças, drones de ataque e helicópteros sobrevoaram um campo de treinamento cercado por árvores enquanto a infantaria praticava o disparo de armas automáticas, morteiros e sistemas de mísseis e entrava em combate em motocicletas.
O exercício deixou alguns países vizinhos nervosos, após a incursão de drones na Polônia, já que a guerra de Moscou na Ucrânia se aproxima de seu quarto ano. Varsóvia fechou temporariamente sua fronteira com Belarus por precaução.
Aliado ferrenho da Rússia de longa data, o presidente Alexander Lukashenko permitiu que Moscou usasse Belarus para enviar dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022 e, desde então, permitiu que a Rússia instale armas nucleares táticas em Belarus.
Trump, que sugeriu que a incursão dos drones pode ter sido resultado de um erro, suspendeu na semana passada as sanções contra a companhia aérea nacional de Belarus, a Belavia, permitindo que a manutenção e a compra de componentes para sua frota, que inclui aeronaves Boeing.
O ministro da Defesa de Belarus, Viktor Khrenikov, cumprimentou pessoalmente os dois oficiais norte-americanos, que apertaram sua mão e, em russo, agradeceram o convite.
"Mostraremos tudo o que for de interesse para vocês. O que vocês quiserem. Vocês podem ir lá e ver, conversar com as pessoas", disse o ministro aos norte-americanos, que se recusaram a falar com os jornalistas depois.
A presença deles foi apresentada pelo Ministério da Defesa de Belarus como uma surpresa.
"Quem teria imaginado como começaria a manhã de mais um dia do exercício Zapad-2025?", disse o ministério em um comunicado, destacando a presença deles entre os representantes de 23 países, incluindo os países membros da Otan Turquia e Hungria, além de China, Etiópia e Indonésia.
A última vez que os exercícios Zapad ("Oeste") foram realizados, em 2021, um oficial militar dos EUA baseado na Ucrânia viajou para Belarus para assisti-los.
(Reportagem da Reuters em Belarus; Reportagem adicional de Phil Stewart em Washington)
((Tradução Redação Brasília))
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