Por David Brunnstrom
WASHINGTON, 12 Set (Reuters) - A China está se preparando para a guerra para tomar Taiwan, disse o principal formulador de políticas da ilha em Washington nesta sexta-feira, alertando que a queda de Taiwan causaria um "efeito dominó" regional que ameaçaria a segurança dos Estados Unidos.
Chiu Chui-cheng, chefe de gabinete do Conselho de Assuntos Continentais de Taiwan, disse à Heritage Foundation, sediada em Washington, que o Partido Comunista da China há muito tempo se recusa a renunciar ao uso da força contra Taiwan, que é governada democraticamente e considerada parte de seu território.
Chiu disse que, ao buscar a "unificação com Taiwan", a China pretendia excluir a influência dos EUA na região da Ásia-Pacífico e, por fim, substituir os Estados Unidos como líder global "a fim de restaurar a glória nacional e realizar o chamado 'Sonho da China'".
Ele acrescentou que Pequim "tem se preparado ativamente para a guerra" e destacou a intensificação da atividade militar chinesa ao redor da ilha.
"Se Taiwan for tomada pela China à força, isso provocará um efeito dominó, prejudicará o equilíbrio regional de poder e ameaçará diretamente a segurança e a prosperidade dos Estados Unidos", disse Chiu.
A China disse mais cedo nesta sexta-feira que seu mais novo porta-aviões, o Fujian, havia navegado pelo Estreito de Taiwan, um navio que, quando entrar em serviço, permitirá que o país projete seu poder ainda mais no Pacífico Ocidental.
Os Estados Unidos são o mais importante apoiador internacional e fornecedor de armas de Taiwan, apesar da falta de laços diplomáticos formais, e Chiu disse que Taipé apreciou a reafirmação desse compromisso pelo presidente Donald Trump.
Ele destacou que Taiwan, o maior produtor mundial de chips de computador de última geração, é o centro do setor global de alta tecnologia.
"Se o papel de Taiwan nisso fosse comprometido, seria uma grande perda para a comunidade internacional, especialmente para os EUA e seu setor de tecnologia", disse ele.
O governo de Taiwan rejeita as reivindicações de soberania de Pequim, dizendo que somente o povo da ilha pode decidir seu futuro.
As visitas de autoridades seniores de Taiwan aos Estados Unidos são raras em comparação com as visitas dos principais aliados dos EUA, e suas viagens são geralmente muito mais discretas.
A embaixada da China em Washington disse que Pequim estava pronta para "trabalhar com a maior sinceridade e exercer os maiores esforços para alcançar a reunificação pacífica" com Taiwan.
"Enquanto isso, a China tomará todas as medidas necessárias para defender a soberania nacional e a integridade territorial, e se oporá firmemente ao separatismo da 'independência de Taiwan' e à interferência externa", disse seu porta-voz Liu Pengyu em uma resposta por email quando questionado sobre os comentários de Chiu.
Pouco antes do discurso de Chiu, os militares chineses condenaram a travessia de um navio de guerra dos EUA e do Reino Unido pelo Estreito de Taiwan.
A Marinha dos EUA e, ocasionalmente, navios de países aliados, incluindo Canadá, Reino Unido e França, trafegam pelo estreito, que é considerado uma hidrovia internacional, cerca de uma vez por mês.
A China afirma que a hidrovia estratégica faz parte de suas águas territoriais.
(Reportagem adicional de Ben Blanchard em Taipé)
((Tradução Redação São Paulo))
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