CIDADE DO MÉXICO, 12 Set (Reuters) - A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse nesta sexta-feira que uma investigação da Reuters que detalhava o envolvimento próximo da Agência Central de Inteligência dos EUA na guerra das drogas no México era falsa.
A Reuters disse que os comentários de Sheinbaum distorceram a reportagem e que a agência de notícias mantém o artigo.
A história, publicada na quarta-feira, revelou que a CIA vem realizando operações secretas no México há anos para ajudar a rastrear os traficantes de drogas mais procurados do país, trabalhando com unidades de elite dentro do Exército e da Marinha mexicana que recebem treinamento, equipamentos, assistência de vigilância e apoio financeiro da CIA para atividades como viagens.
Questionada sobre a investigação da Reuters em sua coletiva de imprensa matinal diária, Sheinbaum afirmou que havia "cooperação e coordenação de informações" entre os governos dos EUA e do México na oposição aos cartéis de drogas, sem mencionar a CIA especificamente. Mas ela também discordou de um ponto que não foi mencionado na reportagem da Reuters, dizendo: "Não é verdade que há agentes da CIA nas operações do Exército mexicano. Isso é totalmente falso".
Um porta-voz da Reuters disse: "A Reuters mantém sua reportagem desta semana sobre o papel secreto da CIA no combate aos cartéis de drogas do México, que foi deturpada hoje pelo governo mexicano".
A reportagem, baseada em entrevistas com mais de 60 autoridades norte-americanas e mexicanas, atuais e aposentadas, disse que a CIA opera no México a critério do governo mexicano. O México dá o aval para todas as operações de captura, segundo a reportagem, e usa as forças mexicanas -- e não a equipe dos EUA -- para executá-las.
As falas de Sheinbaum nesta sexta-feira representaram seu primeiro comentário sobre a reportagem. Antes de sua publicação, seu gabinete e o Exército mexicano não responderam aos vários pedidos de comentários e perguntas detalhadas enviadas pela Reuters para a matéria.
A Marinha Mexicana disse em uma resposta incluída na reportagem que "mantém intercâmbio de conhecimento e cooperação com marinhas, forças marítimas e outras agências de vários países", para fortalecer as capacidades operacionais e a colaboração na segurança regional.
(Reportagem de Stephen Eisenhammer na Cidade do México)
((Tradução Redação São Paulo))
REUTERS AC