Por Lisa Richwine e Dawn Chmielewski
LOS ANGELES, 11 Set (Reuters) - Quase seis anos depois que a gigante da tecnologia Apple AAPL.O fez sua estreia em Hollywood com o lançamento da Apple TV+, a fabricante do iPhone está bem posicionada para a glória do horário nobre no Emmy Awards de domingo.
O serviço de streaming da Apple recebeu 81 indicações ao Emmy por 14 títulos este ano, o melhor desempenho da empresa até o momento na celebração anual da excelência televisiva. Sua série de ficção científica "Ruptura" e a sátira hollywoodiana "O Estúdio" são as principais candidatas a melhor drama e melhor comédia, segundo especialistas em premiação.
A empresa, conhecida por sua imagem cuidadosamente cultivada, arriscou-se em histórias não convencionais, confiou em roteiristas e deu liberdade criativa, de acordo com produtores, escritores e atores que trabalharam com a Apple TV+.
Essa abordagem ajudou a Apple a atrair talentos de primeira linha e elevou sua reputação em Hollywood.
O ator Seth Rogen disse que um dos motivos pelos quais ele trouxe "O Estúdio" para a Apple TV+ foi a liberdade oferecida em outra comédia sua, "Amor Platônico".
"Eu estava realmente preocupado que talvez eles fossem restritivos", afirmou Rogen. "E então há uma cena em 'Amor Platônico' em que cheiramos cocaína e ketamina em um iPhone."
"Nós tínhamos permissão para fazer isso!", disse Rogen. "Eles não eram tão autoritários e controladores como eu talvez estivesse preocupado que fossem."
A Apple TV+ foi lançada em 2019 com um punhado de séries originais, incluindo "The Morning Show", a primeira incursão de Jennifer Aniston na TV desde "Friends". Na época, membros do setor criticaram a estratégia da empresa por ofertas limitadas sem uma coleção de séries lançadas anteriormente.
Os executivos do estúdio Jamie Erlicht e Zack Van Amburg mantiveram o curso, construindo a biblioteca de programação da Apple TV+, uma série sob medida de cada vez. A empresa alcançou um marco em 2021, quando "Ted Lasso" se tornou a primeira série de streaming a ganhar o Emmy de melhor comédia.
A Apple aumentou os gastos com programação original para US$4,9 bilhões este ano, ante US$660 milhões em 2019, de acordo com a Ampere Analysis. Esse investimento ajudou a Apple TV+ a atingir cerca de 60 milhões de assinantes, de acordo com Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management, que acredita que o serviço provavelmente está atingindo o ponto de equilíbrio. A Apple TV+ não divulga números de assinantes ou detalhes financeiros.
A Netflix NFLX.O, por outro lado, gasta cerca de US$17 bilhões e tem mais de 300 milhões de assinantes.
"MUITO EM JOGO"
Agora, a Apple TV+ é considerada um dos principais destinos de Hollywood, disse Rick Rosen, cofundador da agência de talentos Endeavor.
"Eles demonstraram muita paciência e realmente criaram uma lista de alta qualidade que chamou a atenção das pessoas", declarou Rosen.
Ben Stiller, produtor executivo e diretor de "Ruptura", disse que nenhum outro estúdio queria fazer a série alucinante sobre personagens que se submetem a uma cirurgia para separar suas memórias pessoais e profissionais.
Erlicht e Van Amburg, e o chefe de programação Matt Cherniss, "entenderam completamente o conceito", disse Stiller.
"Ruptura" lidera todas as séries com 27 indicações ao Emmy.
"Como uma empresa iniciante, eles tinham muito em jogo", disse Stiller. "Eu os achei muito respeitosos com os criativos, mas também com pensamentos inteligentes."
A vencedora do Oscar Jessica Chastain contou que a diretora de programação doméstica da Apple TV+, Michelle Lee, entrou em contato quando a atriz e seu parceiro de produção estavam apresentando o thriller "The Savant", sobre um investigador disfarçado que se infiltra em grupos de ódio online. O trabalho com a Apple foi tão positivo, disse Chastain, que ela tem mais dois projetos com a empresa de streaming.
((Tradução Redação São Paulo))
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