Por Nidal al-Mughrabi e Dawood Abu Elkas
CAIRO/GAZA, 11 Set (Reuters) - Os palestinos da área relativamente ilesa de Nasser, na Cidade de Gaza, tiveram que decidir se ficavam ou iam embora nesta quinta-feira, depois que militares israelenses lançaram panfletos avisando que as tropas assumiriam o controle do bairro ocidental.
Israel ordenou que as centenas de milhares de pessoas que vivem na Cidade de Gaza deixem o local à medida que intensifica sua guerra total contra o grupo militante palestino Hamas, mas com pouca segurança, espaço e comida no restante de Gaza, as pessoas enfrentam escolhas terríveis.
"Já se passaram quase dois anos, sem descanso, sem sossego, nem mesmo para dormir", disse Abu Ahmed, um pai de família, enquanto ele e sua família se preparavam para fugir da cidade em um caminhão puxado por moto, carregado com alguns de seus pertences.
"Nossa vida gira em torno da guerra", afirmou ele. "Temos que ir desta área para aquela área. Não aguentamos mais, estamos cansados."
BUSCA FATAL POR COMIDA
As forças israelenses mataram 18 pessoas em todo o território na quinta-feira, de acordo com médicos e autoridades de saúde locais, incluindo 11 em ataques em várias partes da Cidade de Gaza, cinco em um ataque em um único local no campo de refugiados de Beach e dois que estavam procurando comida perto de Rafah, no sul.
As tropas terrestres israelenses operaram em partes da área de Nasser no início da guerra, em outubro de 2023, e os panfletos lançados no final da quarta-feira deixaram os moradores temerosos de que os tanques logo avançassem para ocupar todo o bairro. Na semana passada, as forças israelenses operaram em três bairros da Cidade de Gaza mais a leste -- Shejaia, Zeitoun e Tuffah -- e enviaram tanques brevemente para Sheikh Radwan, que é adjacente a Nasser. Na quinta-feira passada, o governo israelense disse que controlava 40% da cidade.
Na quarta-feira, os militares israelenses disseram que atingiram 360 alvos em Gaza, no que foi considerado uma escalada de ataques que visaram "infraestrutura terrorista, câmeras, salas de operações de reconhecimento, posições de franco-atiradores, locais de lançamento de mísseis antitanque e complexos de comando e controle".
Acrescentaram que, nos próximos dias, intensificariam os ataques de forma focada para atingir a infraestrutura do Hamas, "interrompendo sua prontidão operacional e reduzindo a ameaça às nossas forças em preparação para as próximas fases da operação".
As famílias da Cidade de Gaza continuaram a sair de suas casas nas áreas visadas pelas operações aéreas e terrestres israelenses, indo para oeste, em direção ao centro da cidade e ao longo da costa, ou para o sul, em direção a outras partes da faixa.
Mas alguns não queriam ou não podiam sair.
"Não temos dinheiro suficiente para fugir. Não temos meios para ir para o sul, como eles dizem", disse Ahmed Al-Dayeh, que estava participando do funeral de uma das pessoas mortas nos ataques de quinta-feira, que era seu amigo.
((Tradução Redação São Paulo))
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