BRASÍLIA, 9 Set (Reuters) - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva repudiou nesta terça-feira a adoção de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a democracia do país.
"O governo brasileiro condena o uso de sanções econômicas ou ameaças de uso da força contra a nossa democracia", afirma o Ministério de Relações Exteriores em nota.
A declaração, que não especifica qualquer caso ou situação, foi divulgada após manifestação da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, em que ela afirma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não teria medo de usar o poderio econômico e militar dos Estados Unidos para "proteger a liberdade de expressão em todo o mundo".
Em sua nota, o Itamaraty destaca que "o primeiro passo para proteger a liberdade de expressão é justamente defender a democracia e respeitar a vontade popular expressa nas urnas".
"É esse o dever dos Três Poderes da República, que não se intimidarão por qualquer forma de atentado à nossa soberania", segue a nota.
"O governo brasileiro repudia a tentativa de forças antidemocráticas de instrumentalizar governos estrangeiros para coagir as instituições nacionais."
Trump adotou um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros que entram nos EUA sob a justificativa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sofrendo uma "caça às bruxas". Bolsonaro está sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado de Direito, entre outros crimes.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho, tem declaradamente atuado junto a autoridades norte-americanas por sanções em busca da liberdade do pai.
Mais cedo, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou a declaração da porta-voz da Casa Branca.
"A conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil chegou ao cúmulo hoje, com a declaração da porta-voz de Donald Trump de que os EUA podem usar até força militar contra o nosso país", disse a ministra no X.
"Agora ameaçam invadir o Brasil para livrar Jair Bolsonaro da cadeia. Isso é totalmente inadmissível. E ainda dizem que estão defendendo a 'liberdade de expressão'. Só se for a liberdade de mentir, de coagir a Justiça e de tramar golpe de Estado; estes sim, os crimes pelos quais Bolsonaro e seus cúmplices estão sendo julgados no devido processo legal. E o filho, traidor da Pátria, precisa ser cassado!"