Por Helen Coster
NOVA YORK, 9 Set (Reuters) - Mais de 30% dos alunos norte-americanos no último ano do ensino médio não possuem habilidades básicas de leitura, desempenho mais baixo já registrado em mais de três décadas, mostraram testes divulgados nesta terça-feira, usados pela administração do presidente Donald Trump como justificativa para a redução do papel do governo federal na educação.
Os resultados dos testes de 2024 fazem parte da Avaliação Nacional do Progresso Educacional, projeto autorizado pelo Congresso, patrocinado pelo Departamento de Educação dos EUA e administrado pelo Centro Nacional de Estatísticas Educacionais (NCES, na sigla em inglês).
Eles levantam questões sobre a capacidade do país de competir globalmente e se ajustar às mudanças na força de trabalho, ainda mais acentuadas com o advento da IA e de outras tecnologias.
O relatório também mostrou que 45% dos alunos do último ano do ensino médio não têm habilidades básicas em matemática, um aumento de cinco pontos percentuais em relação a 20 anos atrás, e 38% dos alunos da oitava série norte-americana não têm habilidades básicas de ciências, um aumento de cinco pontos percentuais em relação a 2019, mas sem diferença significativa em relação a 2009.
"Esses resultados são preocupantes", disse o Comissário Interino do NCES, Matthew Soldner, em um comunicado.
O relatório identificou disparidades regionais, com as pontuações de matemática e leitura no último ano do ensino médio e as pontuações de ciências do oitavo ano diminuindo no Sul e no Centro-Oeste entre 2019 e 2024.
A divulgação dos dados ocorre em meio a grandes mudanças na educação dos EUA. O republicano Donald Trump esvaziou o Departamento de Educação.
A lei federal proíbe o departamento de controlar operações escolares, incluindo currículo, instrução e pessoal. A autoridade sobre essas decisões pertence aos governos estaduais e municipais, que fornecem mais de 85% do financiamento das escolas públicas.
Em um vídeo que acompanhou a divulgação, a Secretária de Educação Linda McMahon apresentou os resultados como mais uma justificativa para o desmantelamento do departamento.
"Claramente, o sucesso não se trata de quanto dinheiro gastamos, mas de quem o gasta", disse McMahon. "É por isso que o presidente Trump e eu estamos empenhados em reverter o curso e devolver o controle da educação aos Estados, para que as comunidades locais com os pais no comando possam inovar, adaptar e adequar melhor a educação às necessidades de seus alunos."
(Reportagem de Helen Coster em Nova York)
((Tradução Redação Brasília))
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