TIANJIN, China, 1 Set (Reuters) - O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu, esta segunda-feira, a sua visão de uma nova ordem económica e de segurança global que dê prioridade ao "Sul Global", num desafio directo aos Estados Unidos, durante uma cimeira que incluiu os líderes de Rússia e Índia.
"Devemos continuar a tomar uma posição clara contra o hegemonismo e a política de poder, e praticar o verdadeiro multilateralismo", disse Xi, num ataque velado aos Estados Unidos e às políticas tarifárias do Presidente Donald Trump.
"A governação global chegou a uma nova encruzilhada", acrescentou.
Xi foi o anfitrião de mais de 20 líderes de países não ocidentais numa cimeira na cidade portuária chinesa de Tianjin para a Organização de Cooperação de Xangai (SCO), iniciativa apoiada pela China que recebeu um novo impulso com a presença do Presidente russo, Vladimir Putin, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Numa imagem concebida para transmitir um clima de solidariedade, Putin e Modi foram mostrados de mãos dadas enquanto caminhavam jovialmente em direcção a Xi antes da abertura da cimeira. Os três homens estavam lado a lado, rindo e rodeados de intérpretes.
Após a cimeira, Modi esteve com Putin na limusina blindada Aurus do líder russo, a caminho da sua reunião bilateral.
"As conversas com ele são sempre esclarecedoras", escreveu Modi, no X. Na reunião bilateral, Putin dirigiu-se a Modi, em russo, como "Caro primeiro-ministro, caro amigo"
China e Índia são os maiores compradores de crude da Rússia, o segundo maior exportador do mundo. Trump impôs tarifas adicionais à Índia por causa das compras, mas não à China.
Pouco conhecida fora da região, a SCO, com sede em Pequim, foi formada há mais de duas décadas como um bloco de segurança regional. China, Rússia e quatro Estados da Ásia Central são membros fundadores. A Índia aderiu em 2017.
Xi não definiu quaisquer medidas concretas naquilo a que chamou a sua "Iniciativa de Governação Global" - a mais recente de uma série de quadros políticos de Pequim destinados a promover a liderança da China e a desafiar as organizações internacionais dominadas pelos Estados Unidos que tomaram forma após a Segunda Guerra Mundial.
Anteriormente, Xi também fez pressão pelo que descreveu como uma globalização económica mais inclusiva por entre a turbulência causada pelas políticas tarifárias de Trump, elogiando o "mercado em mega escala" e a oportunidade económica da SCO.
Putin, cujo país estabeleceu laços económicos e de segurança ainda mais estreitos com a China, por entre as consequências da guerra na Ucrânia, disse que a SCO reviveu o "multilateralismo genuíno", com moedas nacionais cada vez mais utilizadas em acordos mútuos.
"Isto, por sua vez, estabelece as bases políticas e socio-económicas para a formação de um novo sistema de estabilidade e segurança na Eurásia", afirmou Putin.
"Este sistema de segurança, ao contrário dos modelos euro-cêntricos e euro-atlânticos, teria genuinamente em conta os interesses de um vasto leque de países, seria verdadeiramente equilibrado e não permitiria que um país garantisse a sua própria segurança à custa de outros."
Na quarta-feira, Xi vai presidir a uma grande parada militar em Pequim, onde se espera que Putin e o líder norte-coreano- Kim Jong-Un. se juntem a ele.
Esta parada - para celebrar o 80º aniversário da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial - apresentará a mais recente tecnologia militar da China numa demonstração de força que, segundo os analistas, terá como objectivo intimidar e dissuadir potenciais rivais.
Texto integral em inglês: nL1N3UO01S