Por Nidal al-Mughrabi
CAIRO, 27 Ago (Reuters) - Tanques israelenses entraram em uma nova área na periferia da Cidade de Gaza durante a noite, destruindo casas e fazendo com que os moradores fugissem, disseram testemunhas, antes de uma reunião sobre a guerra que será comandada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na quarta-feira.
Na noite de terça-feira, os tanques entraram no bairro de Ebad-Alrahman, na extremidade norte da Cidade de Gaza, e bombardearam casas, ferindo várias pessoas e forçando muitas outras, que foram pegas de surpresa, a saírem para outro local na maior cidade de Gaza, disseram os moradores.
"De repente, ouvimos que os tanques entraram em Ebad-Alrahman, os sons das explosões ficaram cada vez mais altos e vimos pessoas fugindo em direção à nossa área", afirmou Saad Abed, 60 anos, ex-trabalhador da construção civil.
"Se não houver trégua, veremos os tanques do lado de fora de nossas casas", disse ele à Reuters por meio de um aplicativo de mensagem de sua casa na Jala Street, na Cidade de Gaza, a cerca de um quilômetro do bairro de Ebad-Alrahman.
Israel tem afirmado que está se preparando para lançar uma nova ofensiva na Cidade de Gaza, que descreve como o último bastião do Hamas. Cerca de metade dos dois milhões de habitantes do enclave estão vivendo lá atualmente e Israel disse que eles serão instruídos a sair.
Milhares já partiram, mas os líderes da igreja na cidade disseram na quarta-feira que estavam permanecendo no local, pois deixar a Cidade de Gaza e "tentar fugir para o sul seria nada menos que uma sentença de morte".
"Por essa razão, o clero e as freiras decidiram permanecer e continuar a cuidar de todos aqueles que estarão nos complexos", informou uma nota conjunta do Patriarcado Ortodoxo Grego e do Patriarcado Latino de Jerusalém.
Em um comunicado na quarta-feira, o porta-voz árabe das Forças Armadas israelenses, Avichay Adraee, disse que "a retirada da Cidade de Gaza é inevitável" e que Israel começou a facilitar a entrada de barracas no enclave.
"Antes de passar para a próxima fase da guerra, gostaria de confirmar que há vastas áreas vazias no sul da Faixa, assim como nos campos centrais e em Al-Mawasi. Essas áreas estão livres de barracas", declarou ele, abordando as preocupações dos residentes sobre a falta de espaço nas áreas central e sul.
Autoridades palestinas e da ONU disseram que a Faixa de Gaza precisa de cerca de 1,5 milhão de novas barracas.
O enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, afirmou na terça-feira que Trump presidiria uma reunião sobre Gaza na Casa Branca na quarta-feira e acrescentou que Washington espera que a guerra de Israel no território palestino seja resolvida até o final do ano.
O Departamento de Estado dos EUA disse separadamente que o secretário de Estado Marco Rubio se reuniria com o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, em Washington. Não ficou claro quem estaria presente na reunião com Trump.
(Reportagem adicional de Maayan Lubell)
((Tradução Redação São Paulo))
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