1 Ago (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ligar para ele a qualquer momento para discutir tarifas e outros atritos entre os países.
"Ele pode me ligar a hora que ele quiser", disse o presidente norte-americano. "Vamos ver o que acontece", acrescentou, questionado sobre o que estaria na mesa de negociação.
Ainda que Lula tenha adotado a postura de defesa da soberania nacional, o governo brasileiro vinha insistindo em reabrir os canais de negociação com os EUA, mas sem muito sucesso até esta semana, na quarta-feira, quando o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se em Washington com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio.
A reunião ocorreu no mesmo dia em que Trump assinou decreto impondo tarifa de 50% sobre a maioria dos produtos brasileiros para combater o que ele chamou de "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas suavizando o golpe ao excluir setores como aeronaves, energia e suco de laranja das taxas mais pesadas.
Questionado nesta sexta-feira por jornalistas sobre o motivo da imposição de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entram nos EUA, Trump afirmou que as pessoas que governam o país "fizeram a coisa errada".
Em um informativo sobre o decreto, a Casa Branca vinculou as tarifas ao processo judicial contra Bolsonaro, aliado de Trump e réu em processo sob a acusação de planejar um golpe de Estado para reverter sua derrota eleitoral em 2022, para Lula.
O decreto foi emitido no mesmo dia em que os EUA anunciaram sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, relator do processo de Bolsonaro, acusando o magistrado de autorizar detenções arbitrárias antes dos julgamentos e de suprimir a liberdade de expressão.
Na noite desta sexta-feira, Lula afirmou em uma postagem no X que o Brasil sempre esteve aberto ao diálogo para discutir as tarifas.
"Sempre estivemos abertos ao diálogo", disse Lula na publicação.
"Quem define os rumos do Brasil são os brasileiros e suas instituições", defendeu. "Neste momento, estamos trabalhando para proteger a nossa economia, as empresas e nossos trabalhadores, e dar as respostas às medidas tarifárias do governo norte-americano", acrescentou Lula.
Uma fonte palaciana afirmou, sob condição de anonimato, que ainda não há conversa marcada ou negociação em curso e que vai depender da vontade de Lula iniciar ou não tratativas nesse sentido.
(Reportagem de Nandita Bose e Trevor Hunnicutt; reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)
((Tradução Redação São Paulo))
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