Após prazo de Trump, Putin não sinaliza mudança na posição da Rússia sobre Ucrânia

Por Dmitry Antonov

MOSCOU, 1 Ago (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira que Moscou espera mais negociações de paz com a Ucrânia, mas que o momento da guerra está a seu favor, sinalizando que não haveria mudança em sua posição, apesar do prazo iminente para a imposição de sanções por Washington.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que imporá novas sanções a Moscou e aos países que compram suas exportações de energia – dos quais os maiores são China e Índia – a menos que a Rússia aja até 8 de agosto para pôr fim à guerra de três anos e meio.

Ele tem expressado crescente frustração com Putin e descreveu os últimos ataques da Rússia à Ucrânia como "repugnantes".

Putin, sem se referir ao prazo de Trump, disse que três sessões de negociações de paz com a Ucrânia produziram alguns resultados positivos e que a Rússia espera que as negociações continuem.

"Quanto a qualquer decepção por parte de alguém, todas as decepções surgem de expectativas infladas. Esta é uma regra geral bem conhecida", declarou ele.

"Mas, para abordar a questão pacificamente, é necessário conduzir conversas detalhadas. E não em público, mas com calma, no silêncio do processo de negociação."

Ele afirmou que as tropas russas estão atacando a Ucrânia ao longo de toda a linha de frente e que o momento está a seu favor, citando o anúncio feito por seu Ministério da Defesa na quinta-feira de que as forças de Moscou haviam capturado a cidade ucraniana de Chasiv Yar após uma batalha de 16 meses.

A Ucrânia negou que Chasiv Yar esteja sob controle total da Rússia.

Há meses, a Ucrânia vem pedindo um cessar-fogo imediato, mas a Rússia afirma querer um acordo final e duradouro, não uma pausa. Desde o início das negociações de paz em Istambul, em maio, o país realizou alguns de seus ataques aéreos mais pesados da guerra, especialmente na capital Kiev.

O governo ucraniano afirmou que os negociadores russos não têm mandato para tomar decisões significativas e o presidente Volodymyr Zelenskiy pediu a Putin que se reúna com ele para conversas.

"Entendemos quem toma as decisões na Rússia e quem deve pôr fim a esta guerra. O mundo inteiro também entende isso", disse Zelenskiy nesta sexta-feira no X, reiterando seu apelo por conversas diretas entre ele e Putin.

"Os Estados Unidos propuseram isso. A Ucrânia apoiou. O que é necessário é a prontidão da Rússia."

A Rússia afirma que uma reunião de líderes só poderia ocorrer para selar os acordos alcançados pelos negociadores.

A Ucrânia e seus aliados europeus têm afirmado frequentemente que não acreditam que Putin esteja realmente interessado na paz e o acusam de protelar, o que o Kremlin nega.

"Repito mais uma vez: precisamos de uma paz longa e duradoura, com bases sólidas, que satisfaça tanto a Rússia quanto a Ucrânia e garanta a segurança de ambos os países", disse Putin, acrescentando que esta também é uma questão de segurança europeia.

Putin discursou ao lado de seu aliado Alexander Lukashenko, presidente de Belarus, durante negociações em uma ilha no Lago Ladoga, onde fica um famoso mosteiro russo.

(Reportagem adicional de Maxim Rodionov e Marina Bobrova)

((Tradução Redação São Paulo))

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